Um dia olharemos estas mãos
com a capa das horas sobre os ombros:
são nossas, e a memória que lhes fica
de terem sido nossas de outro modo.
Não negaremos dedos nem o espaço
mais recolhido e lento em que eles eram
de um e de outro a ponta de alma leve
que em volta nada havia que entendesse.
Não negaremos nada. Partiriam
de novo a luta branda que nos queima
e os laços impensados pelas noites,
quais neste inverno desta pouca idade.
Diremos sim, então, a novas ruas,
haverá chuva e gente, e lá estaremos.
Um dia olharemos estas mãos:
vê-las-emos mais sós, mas aumentadas.
Pedro Tamen
Sem comentários:
Enviar um comentário