sábado, 22 de agosto de 2020

Epílogo







Não sei o que me recordará,
se as páginas de um livro,
se um beijo nos seios de gelo da esfinge,
se as inumeráveis fontes de onde brotavam
as lágrimas,
queimando o rosto,
descendo,
não sei se o meu nome se escreverá no 
silêncio branco das lápides,
rodeadas de aflições e ciprestes,
não pergunto o que querem de mim,
o que fizeram de mim,
e não há súplica que ecoe nos templos,
onde a minha garganta contém um soluço
ou um grito,
não há arte que enalteça todas as minhas
rugas,
toda a mágoa destes braços inertes,
abertos, implorando perdão.


José Agostinho Baptista





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