Tapa o meio com o dedo,
e a cor de baixo fica igual à de cima.
"Bom, mau, bonito, feio, certo, errado, bem, mal",
Estes e outros julgamentos são usados por nós todos os dias como expressões das nossas crenças e do que acreditamos ser a nossa verdade.
Mas nós não definimos o mundo como ele é, mas sim como cada um de nós é capaz de o ver.
Perante uma mesma paisagem da natureza, alguém pode focar-se na harmonia do que a compõe, na beleza da estação do ano e nas cores envolvidas que tão bem se misturam umas com as outras enquanto que a outra pessoa apenas vê apenas o lixo no chão, as ervas daninhas e o desconforto das temperaturas exageradas da época. É o nosso grau de consciência mais ou menos iluminada que serve como filtro para a nossa mais ampliada ou curta visão do mundo.
Os orientais dizem que tudo é expressão do Divino, que o mundo material é uma expressão física da dualidade energética que o compõe e que as coisas são como são. Somos nós que as carregamos com as nossas observações e julgamentos.
E quantas vezes essas observações pessoais estão tão longe da visão divina, da simplicidade que elas representam e das mensagens que elas escondem.
A lei da correspondência por exemplo, convida-nos a percebermos mais de nós a nível interior, observando o exterior, e os orientais são maravilhosos a fazer isto através da sua prática da meditação e contemplação.
O julgamento fácil que fazemos das coisas e das pessoas
impede-nos de as observar e analisar na sua existência,
de aceitarmos que fazem parte do todo,
e de questionarmos porque afinal estão na nossa realidade pessoal.
Esta incapacidade de simplesmente observarmos, de neutramente contemplarmos a vida, leva-nos a movimentos intensos que oscilam entre o exagerado apego do que consideramos "bom" ou uma violenta rejeição do que julgamos como "mau", fazendo-nos perder a oportunidade de integrarmos aqueles aspectos que em última análise, fazem parte de nós próprios. A luz e a sombra estão presentes em todos nós por isso, na maior parte das vezes, o nosso julgamento dos outros ou mesmo de nós próprios, está condicionado pelo quanto já reconhecemos de luz e sombra em nós próprios.
Daí a frase de Wayne Dyer:
"Quando julgas o outro
não o defines
mas defines-te a ti próprio."
Que todos os eventos a que estamos sujeitos, depois de serem experienciados e as lições retidas, irão convidar-nos a rendermo-nos ao facto de os termos atraído, à aceitação das lições e aprendizagens que trouxeram e à libertação dos mesmos de maneira a dar lugar a novos ciclos e experiências.
Esta aceitação e rendição não é uma rendição passiva ou sequer uma aceitação submissa de exercermos ou permitirmos abusos seja de quem for. É um processo interno e pessoal que só o próprio consegue identificar e que se foca na viagem de evolução pessoal e não em eventos exteriores como empregos ou relações.
Por isso, a próxima vez que te apanhares a usar as palavras do início do texto, expande a tua mente questionando:
- E se não for assim?
- E se houver outras maneiras de ver esta realidade?
- E se o que eu acho que está certo está afinal errado e vice-versa?
- O que a vida me quer ensinar através deste evento ou pessoa?
- Já identifiquei em mim o que rejeito no outro?
- Já identifiquei em mim porque me apego a coisas e pessoas?
Precisamos reaprender a ver a vida e toda a existência como um processo sagrado.
A ciência e o materialismo afastaram-nos exageradamente deste lado sagrado da vida, do mundo invisível e as consequências estão à vista na desconexão que temos do nosso mundo interior, no stress, na depressão, na violência e na desorientação em que a maioria vive.
A energia de que toda a realidade, incluindo nós próprios, é feita.
Precisamos de nos dehipnotizar de ver o mundo material como um fim em si e reaprender a vê-lo como um meio por onde a energia sagrada e as leis que a regem se manifesta inteligentemente nas nossas vidas. O desenvolvimento pessoal e o estudo da nossa história karmica é essencial para que possamos aprender a reconhecer as mensagens dos eventos e das pessoas na nossa vida e sejamos capazes de cumprir os nossos ciclos, desde que os abrimos até que sejamos capazes de os fechar em amor.
Enquanto houver julgamento há resistência e enquanto houver resistência, a luz não se manifestará.
Vera Luz
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