Sempre é uma palavra sofrida, equidistante
entre o nunca e o agora, uma ponte
do rio do Tempo que corre indeciso
à luz vagarosa de cada instante.
Quando me perguntas
se te amo e amarei para sempre
paro no meio da ponte e respondo
que não se deve fazer essa pergunta,
o que conta é o agora, o momento
em que tomo as tuas mãos no gesto simples
de desfolhar uma flor ou afagar um pássaro
que canta na intimidade do poema.
Só é de sempre o que nunca existiu,
tudo o mais é efémero como este agora
em que as nossas mãos, as nossas bocas
se encontram suspensas à procura
do rosto fugaz da eternidade.
ANTÓNIO ARNAUT
in, RECOLHA POÉTICA
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