Onde existe sofrimento surgem bodhisatvas, e assim novos Budas podem vir a surgir. Então todos os seres na realidade são Budas em potencial, mas aquele Buda histórico, Shakyamuni, ou cada um dos Budas históricos que já aconteceram antes, por definição, estão extintos.
Por isso não oramos para Buda ou pedimos coisas para um Buda, como por exemplo para que ele nos socorra, nos ajude, porque não existe esse tipo de condição no budismo, um ser lá fora que vai nos ajudar. Somos nós que temos que mudar as nossas marcas cármicas com a ajuda daqueles que puderem nos ensinar a nos alterarmos. Mas não adianta pedir uma graça externa, pois as graças externas simplesmente não existem.
Ruim isso, não é?
Nós ficamos pensando assim:
“eu gostaria tanto de ter alguém lá fora para me ajudar”.
Esse na realidade é um pensamento infantil porque, em primeiro lugar, ele provém do fato de que nós tivemos pais e mães e de que na nossa infância nós pedíamos ajuda para eles. Então nós queremos a repetição. Queremos um pai que nos ajude.
A segunda consideração a esse respeito é:
se existe um ser de compaixão, você não precisa pedir nada para ele. Se ele puder ajudar você ele ajuda. Assim como quando você era criança e caía no chão, seu pai não ficava esperando que você pedisse “me ajude”. Ele ia lá e ajudava você, sem que você pedisse, e sem esperar qualquer agradecimento. Cada um de vocês aqui que tem filho sabe perfeitamente como é isso.
Se seu filho se machuca você fica assim:
“peça com fé que eu vou ajudar” ?
Você vai lá e ajuda na hora.
Você diz: “coitadinho…”.
Você não pede nada para ele para dar a graça da sua ajuda.
Então se Buda fosse um ser fora de nós e ele pudesse nos ajudar, ele ajudaria sem que nós pedíssemos. Uma divindade qualquer que exige que peçamos ajuda é menos compassiva do que qualquer um dos pais e mães aqui presentes.
Meihô Genshô Sensei
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