Oscilar entre teia de desejo
e um olhar que se afoga em horizonte:
as rochas que ali vejo:
um pormenor de estilo, um excesso
na paisagem que nada sobressalta
na memória
Em que fio resplandece
o mais palpável:
dizer amor ou estendê-lo por frase:
jogo de espelhos liso,
solitário
Que podes dar-me tu
que não possa este mar
de ausente areia?
Que podes dar-me tu
que eu não possa colher
desta paisagem?
Assim te vejo: um pormenor de estilo,
nem sequer sobressalto
a ameaçar
Oscilando entre teia sem desejo:
pontos de brilho
refractados até brilho de mar
tecido a infinito.
E é como se eles fossem
mais meus do que tu és
Porque me foste já, como esse
foi de Rodes.
Mas isso de uma ponte
de eternidade mil sue eu tinha dentro
Agora o tempo é este:
oscilar levemente sobre teias
ou afogar olhar entre
horizontes
O resto: pó disperso,
reduzido
a muito simples pormenor
de estilo
ANA LUÍSA AMARAL
in, VOZES
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