quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Natal e o Xamanismo


Árvore do Mundo - Yggdrasil


Na mitologia nórdica, Yggdrasil (ou no nórdico antigo: Yggdrasill) é uma árvore colossal (algumas fontes dizem que é um freixo, outras que é um teixo), que é o eixo do mundo.
Localizada no centro do Universo ligava os nove mundos da cosmologia nórdica, cujas raízes mais profundas estão situadas em Niflheim, um mundo sombrio onde ficavam várias árvores assombradas e solo onde não se produzia nada, escuridão profunda com gigantes e terríveis monstros.
O tronco era Midgard, ou seja, o mundo material dos homens; a parte mais alta, que se dizia tocar o Sol e a Lua, chamava-se Asgard (a cidade dourada), a terra dos deuses, e Valhala, o local onde os guerreiros Vikings eram recebidos após terem morrido, com honra, em batalha.
Conta-se que nas frutas de Yggdrasil estão as respostas das grandes perguntas da humanidade.
Por esse motivo ela sempre é guardada por uma centúria de valquírias, denominadas protetoras, e somente os deuses podem visitá-la. Nas lendas nórdicas, dizia-se que as folhas de Yggdrasil podiam trazer pessoas de volta a vida e apenas um de seus frutos, curaria qualquer doença e até mesmo salvaria a pessoa a beira da morte.





A Relação da Simbologia do NATAL com o Xamanismo

Os símbolos do Natal, na realidade, são derivados das tradições xamânicas, dos Povos Tribais da Europa Setentrional, Lapões da Finlândia e as tribos de Koyak das Estepes Russas Centrais.

O simbolismo do Pai Natal originou-se no extremo Norte, desde a Lepónia até a Sibéria.

O período que os xamãs, até hoje, realizam rituais de passagem para um novo ciclo anual é o do solstício de inverno (hemisfério norte), durante 3 dias, desde o dia 22 de Dezembro em que a rotação do sol pára e temos as noites mais longas do ano, até ao dia 25 de Dezembro quando o Sol volta à sua rotação e os dias começam a ficar maiores.   
Esta celebração do "nascimento do Sol" passou a ser associado a várias culturas.

No Xamanismo, estes rituais incluíam o consumo de um cogumelo sagrado (um cogumelo branco e vermelho) de cujo nome científico é  Amanita muscaria.

Este cogumelo, geralmente, ilustra livros de contos de fadas e é associado com magia.

Na antiguidade, o cogumelo sagrado era usado pelos xamãs para abrir os canais do corpo à experiências transcendentais.

Um dos efeitos do consumo do cogumelo Amanita, provocado nos xamãs, é que a pele e os traços faciais deles, ficavam alterados, com um brilho avermelhado.
A aparência do Papai Noel está associada à esse fato, por isso, é retratado com nariz e bochechas vermelhas brilhantes.

Outro efeito do consumo do cogumelo mágico era a risada eufórica dos xamãs e, isso, tem relação como alegre "ho, ho, ho!" do Pai Natal.

A maioria dos ícones do Natal estão associados à esta prática xamã.

O cogumelo Amanita muscaria, também conhecido como agário-das-moscas, se desenvolve sob certos tipos de árvores, principalmente abetos e sempre-verdes, ou pinheiros.

Este cogumelo estabelece uma relação de simbiose (troca vital através da raízes) com estas árvores e é, até, considerado fruto, delas.




Os "chapéus" desse cogumelo são a fruta do mycelium.

O cogumelo mágico brota da terra sem qualquer semente visível, por isso, simboliza nascimento, sendo seu surgimento atribuído ao orvalho da manhã.

John Rush, antropólogo e professor no Sierra College em Rocklin, na Califórnia (EUA), diz que “Pai Natal é a contraparte moderna de um xamã, que consumia o cogumelo sagrado, com o objetivo de entrar em transe e vivenciar a comunhão com o mundo espiritual."

De acordo com esta teoria, a lenda do Pai Natal deriva dos xamãs, das regiões siberianas e árticas.



Os xamãs, na época de seu ritual de passagem de ciclo anual, saíam para colher os cogumelos mágicos, usando casacos brancos e vermelhos e botas pretas longas, em homenagem ao cogumelo Amanita muscaria.

Dessa indumentária xamânica se originou a vestimenta do Pai Natal que conhecemos, hoje. A aparência do Pai Natal atual ressuscita a dos xamãs antigos nos seus rituais envolvendo o cogumelo sagrado.

Para poder consumir o cogumelo de amanita, os xamãs necessitavam desidratá-lo, ao Sol, e, para isso, o colocavam para secar nos galhos de uma árvore, dessa prática derivou a Árvore de Natal.

A desidratação do cogumelo era necessária para reduzir a sua toxicidade e aumentar a sua potência.

Outra prática xamânica era pendurar os cogumelos, ao redor da lareira para o fogo secar.

Desse costume surgiu os enfeites com meias, em volta da lareira.

Os xamãs viviam em moradias chamadas “yurts” (tenda ou cabana circular).
Cada moradia tinha uma chaminé central, frequentemente usada como uma entrada, pois no inverno, acumulava-se neve na entrada da porta.
Os xamãs, depois de encherem seus sacos com os cogumelos colhidos e desidratados, retornavam para casa e, devido ao fato de não poderem entrar pela porta, coberta de neve, entravam e desciam pela chaminé.

Dessa forma, compartilhavam os cogumelos recolhidos, os distribuindo como presentes, em virtude do solstício de inverno.
Desse fato, se originou o símbolo do Pai Natal a trazer presentes e a entrar pela chaminé, além do costume de se dar presentes, na época do Natal.




As Renas Voadoras Do Natal

Para os xamãs , você tem um espírito animal, que pode te guiar em sua busca do desenvolvimento espiritual.
As renas são animais que vivem, principalmente, na Sibéria Oriental, onde se desenvolvia a prática do xamanismo.
Nos rituais envolvendo o consumo do cogumelo sagrado, ao entrar em transe, os xamãs costumavam ter a visão de renas voadoras que os direcionavam a mundos extra-sensíveis.

As renas voadoras foram incorporadas ao simbolismo do Natal, porém, num sentido diferente e, até, deturpado de sua origem.




São Nicolau, Xamanismo e a Simbologia do Pai Natal

São Nicolau ou Nicholas, provavelmente, viveu durante o quarto século e tinha uma comunidade de seguidores por ser muito generoso.

Alguns historiadores dizem que São Nicolau não foi uma pessoa real, mas, sim um ser mítico, associado a uma lenda pagã nórdica, de um deus poderoso do mar, chamado Seguro Nickar.
Este aparecia no solstício do Inverno, concedendo bençãos e graças aos que recorriam à ele.
Muitos templos foram erguidos para cultuar esse deus. Posteriormente, esses templos foram convertidos em igrejas, em honra à São Nicolau.

São Nicholas tornou-se um tipo de “super-xamã", devido à essa fusão do simbolismo xamânico com o cristão.

Muitas imagens de São Nicholas, o retratam usando um traje vermelho e branco, ou de frente a um fundo vermelho com manchas brancas, simbologia relacionada com as cores do cogumelo amanita.




A Estrela de Natal

No xamanismo, a Estrela do Norte era considerado sagrada, devido ao fato de todas as estrelas no céu girarem em torno dela.
Esta Estrela, também, conhecida como"Estrela Polar", era associada à Árvore do Mundo e ao eixo central do universo. Neste simbolismo, o topo da Árvore do Mundo tocava a Estrela do Norte.

Nas experiências místicas xamânicas, o espírito do xamã subia esta árvore, metaforicamente, passando para o reino celestial.

A Estrela, no topo da Árvore de Natal moderna, está associada a este simbolismo xamã.

O simbolismo do Pai Natal Xamânico morar numa casa no Polo Norte, tem relação com a Estrela Polar.



Como o Natal se Converteu numa Festividade Cristã

A Igreja para converter as festividades pagãs em festividades cristãs, adaptou as crenças e os rituais antigos do xamanismo, os incorporando às suas práticas religiosas.
Os símbolos sagrados de celebração do solstício de Inverno, dos xamãs, passaram a ser associados ao nascimento de Jesus, da religião cristã.

À partir daí, surge a celebração do Natal cristão, que, desde o século IV, passou a ser celebrado dessa forma, no Ocidente, e a partir do século V, no Oriente.

A verdadeira história do nascimento de Jesus tem origem da Escola de mistérios da Fraternidade Essénia, mas foi incorporada pela Igreja católica, sofrendo alterações.
A respeito das alterações, de muitos conhecimentos antigos, feitos pela Igreja Católica, temos o exemplo de um dos tradutores do Vaticano:

John Allegro foi um dos convidados pelo Vaticano, para fazer a tradução dos Manuscritos, descobertos em 1947 sobre o Mar Morto.
Ele descobriu evidências que contrariavam as interpretações da Igreja Católica, sobre essa passagem da Bíblia.
Este tradutor, também escreveu sobre xamanismo e o uso de plantas alucinogénias para alcançar estados de transe.
No seu livro "O Cogumelo Sagrado e a Cruz", ele criou muita polémica, pelas revelações que fez: dizia que os cogumelos eram um símbolo do corpo de Deus, o verdadeiro Santo Graal (Cálice Sagrado)



O Natal acontece, verdadeiramente, dentro de nós

Independente das lendas, da origem, do sentido, da época e da comemoração, o Natal, para ser verdadeiro, precisa ser, constantemente, vivenciado dentro de cada um de nós.

Os simbolismos de nossa História, estão entrelaçados a muitos tipos de conhecimentos e ensinamentos, relacionados às Ciências Ocultas de outrora:

Astronomia;
Astrologia;
Maçonaria;
Tradições Celtas;
Xamanismo;
Ensinamentos Essénios;
Gnose;
entre outros.

Os rituais antigos dos praticantes desses conhecimentos, deixaram raízes profundas em nossa história e no inconsciente coletivo.

Dessa forma, uma tradução e interpretação foi dando lugar à outra, ocorrendo um afastamento do significado ancestral, primitivo e original.

Os símbolos utilizados, por esse praticantes, para transmitir os ensinamentos relacionados com estes conhecimentos, passaram a ser adulterados para outros fins: crenças, comemorações, festejos, dogmas, etc.

O Natal que comemoramos, atualmente, é resultado de vários entrelaçamentos culturais e místicos, que foram ocorrendo, ao longo de nossa História.

Independente do sentido e de se comemorar ou não, o fundamental é que, a todo momento, o nascimento esteja presente, em nós.

Nascendo a cada dia, para a Vida!

Despertando para existência, em cada momento, como um SER, que acaba de nascer e abrir os olhos.

Descobrindo o novo, mesmo no que é velho.

O mistério, no que é conhecido.

A vontade de realizar, apesar dos fracassos.

Presenteando a Vida, com a descoberta de nosso DOM e nossa capacidade de doação!

É o melhor presente, que podemos dar para expressar nosso AMOR pelos SERES, alcançando, assim, nossa Realização Íntima!

UM BOM E VERDADEIRO NATAL A TODOS!




Deise Aur






Natal sempre marca o solstício de inverno (hemisfério norte). 
É nesse período que os xamãs, até hoje, realizam rituais de passagem para um novo ciclo anual.

Muitos povos xamânicos também comemoravam a cerimónia da árvore, representando a “Árvore do Mundo”.
Será por isso que levamos uma para dentro de nossas casas e a enfeitamos?

Partimos da crença de que a lenda do Pai Natal nasceu na Sibéria. 
Existia uma tribo na antiga Sibéria chamada O Povo das Renas.

As renas eram para os siberianos o que o búfalo representa para os nativos americanos; eram também consideradas a manifestação do Grande Espírito Rena, invocado pelos xamãs para resolver os problemas do povo. Nas suas jornadas xamânicas, o xamã viajava, em transe,  num trenó de renas voadoras.

Não eram só os xamãs que usavam amanita, as renas também comiam. Eles até conseguiam atrair renas com a urina, que chegavam a brigar para tomá-la e as laçavam enquanto bebiam. Alguns caçadores davam pedaços de amanita para as renas para aumentar a sua força e resistência física, e assim suportarem melhor as longas distâncias. Se as renas fossem abatidas por alguém nesse momento, quando estavam na manifestação do enteógeno, os efeitos passariam para quem comesse a sua carne.

Caçadores, ao se alimentarem de renas que haviam ingerido amanita, tiveram uma visão coletiva de um homem vestido de vermelho e branco (cor do cogumelo), um xamã que levava presentes para a população. Eles viram o xamã voando num trenó de renas.

Daí, conta-se que o Pai Natal foi uma visão de homens que se alimentaram das renas que consumiram amanita.

A roupa do Pai Natal, por sinal, é de origem lapónica.

Tradicionalmente, os xamãs siberianos eram conduzidos em suas viagens estáticas (jornadas xamânicas) aos mundos profundos (transe) por um trenó de renas. Isso explica a origem de Pai Natal viajando por um trenó de renas.

Os habitantes sentiam que os xamãs sempre lhe traziam presentes espirituais.
Além disso, o fumo do fogo onde faziam os seus trabalhos xamânicos saía por uma abertura nas casas (chaminés ), e era por ali que entravam e saiam os espíritos, assim como o xamã, visto que a entrada estava obstruída com a neve, o que também explica a origem de Pai Noel entrando pela chaminé.

O que quero dizer, na verdade, é que o nosso doce e querido Pai Natal nasceu na Sibéria e tem a sua origem no xamanismo.


Dana Larsen:

“Modernas tradições de Natal são baseados em cogumelo usado pelos antigos xamãs  Embora A maioria das pessoas vê o Natal como um feriado cristão, a maioria dos símbolos e ícones que associamos com as celebrações de Natal são realmente derivadas das tradições pré-cristãs xamânicas dos Povos Tribais da Europa Setentrional.

O cogumelo sagrado desses povos era  o vermelho e branco Amanita Muscaria. Estes cogumelos são comummente vistos em livros de contos de fadas e estão associados com uma magia e fadas. Isso porque contêm compostos alucinógenos potentes e foram usados por povos ancestrais para introspecção e experiências  transcendentais.




A maioria dos elementos principais da Celebração de Natal moderna, renas, Pai Natal, árvores de Natal, mágicas e a doação de presentes, são originalmente baseados nas tradições que celebravam a colheita e o consumo destes cogumelos sagrados.

A Estrela do Norte também era considerado sagrada, pois todas as outras estrelas no céu giravam em torno de seu ponto fixo. Eles  associaram a “Estrela Polar”, com a Árvore do Mundo e o eixo central do universo. O topo da Árvore do Mundo tocou a Estrela do Norte, e espírito do xamã sobe na árvore metafórica, passando assim para o reino dos deuses.  Este é o verdadeiro significado da Estrela no topo da árvore de Natal moderna e também a razão do Papai Noel Xamânico  fazer sua casa No Pólo Norte

Embora a imagem moderna do Pai Natal tenha sido criada, pelo menos em parte, pelo departamento de publicidade da Coca-Cola, na verdade, sua aparência, roupas, maneirismos e todos os companheiros  é como uma reencarnação destes cogumelos e dos xamãs. Um dos efeitos colaterais de ter comido cogumelos Amanita é que a pele e traços faciais exibem um brilho avermelhado. É por isso que o Pai Natal é sempre mostrado com nariz e bochechas vermelhas brilhantes.

Mesmo o alegre “ho, ho, ho!” é o riso de uma euforia do espetáculo de magia do fungo. O Pai Natal veste-se como um coletor de cogumelos. Para irem apanhar os cogumelos, os xamãs antigos se vestiam de vermelho e branco de pele-aparada, casacos e botas pretas longas.

Estes povos viviam em casas feitas de vidoeiro. Depois de recolher os cogumelos sob as árvores sagradas, os xamãs enchiam os sacos e voltavam para casa.




John e Caitlin Matthews:

Na verdade, sua história nos leva de volta para o início da história, quando alguns outros personagens subiram árvores de um tipo diferente, e retornavam com presentes para todos. Estes não eram brinquedos ou perfumes ou relógios, mas as mensagens sobre o ano que vem, a mudança das estações, ou o destino do mundo. Essas pessoas eram os xamãs, que executavam as funções de sacerdote, historiador e detentor dos registos, cientista e mágico.

Claro que havia xamãs de todo o mundo e na maioria dos casos, eles eram similares,  mas, por razões óbvias, ele se originou no extremo Norte – em qualquer lugar da Lapónia para a Sibéria. Essas pessoas que muitas vezes usavam sinos em seus trajes rituais, retornavam  com os dons da profecia e das maravilhas de  outros mundos. É para essas pessoas que temos de olhar para a primeira aparição da figura que, há milhares de anos mais tarde, evoluiu para o homem velho alegre do Natal, o Pai Natal.




 Red Robes e Firelight:

“Alcançando o saco novamente encontramos uma túnica vermelha ou capa, recortada com branco. Em um nível, o vermelho significa o sangue sagrado que liga todos os seres humanos e que também é percebido como um elo entre os seres humanos e animais, e entre o xamã e a Terra. É também, evidentemente, um símbolo do fogo, a mais poderosa das armas mágicas, bem como o dom do calor e vida para todos, especialmente significativo em terras frias, tais como aqueles que estamos considerando aqui.

Os xamãs possuíam o dom do fogo, que inicialmente talvez só eles tinham o poder de acender. Foi um presente para os povos tribais. Acreditava-se que esses dons lhes foram confiados pelos deuses e espíritos da terra. Aqui, o simbolismo do fogo vermelho no deserto branco do inverno é uma imagem fundamental.

Então o Pai Natal é um homem velho vestido de vermelho que sai da floresta escura do Norte num trenó puxado por renas … o xamã descem pela chaminé de uma barraca de pele com sinos tilintando, tendo nas mãos uma rena vermelha de madeira pintada. “




Texto de Richard Heinberg, em "Celebrando os Solstícios":

“A origem de outra importante lenda do Natal, Santa Claus, é bem conhecida.
Novamente brilha um pouco da tradição pagã nos primórdios de um costume moderno. O nome Santa Klaus é derivado (no holandês Sinter Klaas) do alemão, equivalente a São Nicolau. Os fatos históricos sobre o turco São Nicolau, bispo de Myra no século IV, indicam que ele era aparentemente famoso por sua generosidade anónima, especialmente para com os jovens. Provavelmente por essa razão ele se tornou, mais tarde, o santo patrono dos meninos.


SÃO NICOLAU
De qualquer forma, a lenda diz que numa noite ele colocou dinheiro nas meias das filhas de um fidalgo pobre. Gradualmente, as festividades de São Nicolau, comemoradas em 6 de dezembro, foram transferidas para o Natal, e nos países germânicos as crianças associavam, a figura de barbas brancas com indumentária diferente às festividades das noites de Natal.

A imagem moderna de São Nicolau deriva também de outras fontes: um personagem lendário germânico chamado Knecht Ruprecht viajava de cidade em cidade, no Natal, testando os conhecimentos das crianças sobre orações. Se eles passassem no exame, eram recompensadas com frutas, nozes e pão de gengibre, que ele carregava num saco, e caso não fossem diligentes, ele brandia um bastão de punição.

Na Inglaterra, por volta do século XIV, era costume de Natal um senhor idoso, de barbas longas e brancas, visitar casas usando uma coroa de azevinho, mas o Pai Natal, ainda muito divertido, não tinha as qualidades mágicas nem o trenó puxado por renas tão adoradoro pelas crianças atualmente. Eram personagens da literatura, não do folclore.

Washington Irving reuniu as tradições primitivas compondo a figura do moderno Pai Natal. Em 1809, ele escreveu Falir Knickrbocker’s History of New York, onde descrevia um personagem que viajava em trenó e pousava nos telhados trazendo presentes para as boas crianças.

Ainda que a imagem familiar do Pai Natal tenha origens recentes, a ideia de um homem bondoso, com barbas longas e brancas, que vivia no pólo norte que voava de maneira mágica por todo mundo tem ressonância com tradições culturais mais antigas.

O Natal, esteve associado, desde o princípio, ao começo do solstício de inverno (hemisfério norte), período no qual os xamãs e sacerdotes de todo mundo, realizavam os rituais de renovação. O tema renovação, inevitavelmente, retomava a ideia de celebração do paraíso original ou Era do Ouro, na qual a natureza, o Cosmo e a humanidade estavam em perfeita harmonia. Estas associações são claras na crença sérvia de que na noite de Natal, exatamente à meia-noite, o mundo é subordinado ao paraíso, e na tradição bretã, que os animais falam (poder que tinham na Era do Ouro segundo relato de muitas culturas). De acordo com os antigos gregos, Cronos, o rei do mundo, durante a Era do Ouro, tinham vivido no Polo Norte.

As crenças sobre os xamãs de praticamente o mundo inteiro, da Austrália à África, da Ásia às Américas, informam que estes são capazes de voar e de mover-se de acordo com sua vontade entre vários reinos espirituais e materiais da existência. ”


Reunindo os elementos, observa-se que, embora seja importante traçar uma conexão direta entre a tradição xamanística e Papai Noel, a ideia, entretanto, pode ter sido formulada utilizando-se memórias e crenças coletivas, talvez até mesmo provenientes do período paleolítico. Segundo E.C.Krupp:

“Se a árvore cósmica nos aponta o caminho para o Céu todo o Natal, Papai Noel compreende em si a ideia do voo mágico de um xamã.

Algumas vezes é dito que o próprio xamã é responsável por levantar uma árvore de Natal que chega ao céu do Polo Norte. O Papai Noel desce pela chaminé e depois volta pelo mesmo caminho. Nossas chaminés, como um eixo cósmico, o levam de um reino para o outro.

Deve haver também alguma coisa mágica relacionada ao saco de presente que ele carrega para distribuir às crianças do mundo. O saco é como um moinho mágico que podia moer o suprimento ilimitado de alimento, dinheiro, sal, e estava associado ao eixo do mundo. Além do mais, como os deuses e espíritos, Papai Noel é imortal. Sua atividade concentrava-se na noite crítica que antigamente era o solstício de inverno (hem.norte)”.

A maior parte dos elementos da moderna celebração de Natal (excepto as poucas que abordam especificamente as histórias bíblicas do nascimento de Jesus) deriva dos festivais antigos, de tradições e de crenças relacionadas às árvores sagradas, à renovação do mundo, ao êxtase xamânico e à dança sazonal do Sol e da Terra. A comemoração de Natal suplantou a de solstício, absorvendo seus emblemas superficiais, ignorando ou suprimindo muitos de seus significados centrais.

Atualmente, como há mais conhecimentos disponíveis sobre tradições de povos antigos, muitos cristãos estão compreendendo que o conteúdo das antigas celebrações não contradiz o espírito de sua fé. Afinal, Jesus não disse absolutamente nada sobre erradicar os festivais antigos; amava a natureza e pedia para seus discípulos procederem como crianças, imitarem as flores e aos pássaros sem se importar com o amanhã e abandonarem os tesouros terrenos. Na verdade, dois dos mais sensíveis da teologia cristã moderna Mattthew Fox e Thomas Berry, estão defendendo o retorno aos valores inerentes das religiões naturais antigas como modo de salvar a ecologia do planeta Terra e destacar a instituição eclesiástica.

Talvez haverá um tempo em que a paranoia religiosa e a ética da conquista terá, ao menos, dar espaço à humildade perante a vida – atitude fundamentada e apoiada por todos os mestres espirituais da história. Quando chegar este dia, acharemos muito o que celebrar na simples e profunda mensagem que as plantas, os animais, a Terra e o Céu têm a oferecer.


Leo Artese






Todos comemoram o natal como um ritual cristão mas a verdade sobre o Pai Natal é que ele é um xamã siberiano que enche uma sacola de amanita muscarias (por isso o chapéu vermelho com uma bolinha branca) para distribuir pelas famílias na vigília de três dias do solstício onde as pessoas rezam em volta da árvore do mundo pedindo por favor que nasça o Grande Pai Sol depois de 3 dias de escuridão que acontece por que a Sibéria fica para os lados do pólo norte e então o Sol não nasce e com isso esmorece todas as forma de vida... Mas quando ele ressuscita as colheitas, os casamentos são revigorados com muita festa e serenatas iluminadas!!!!
O Natal sempre marca o solstício de inverno no hemisfério norte. 
É nesse período que os xamãs, até hoje, realizam rituais de passagem para um novo ciclo anual.
Muitos povos xamânicos também comemoravam a cerimónia da árvore, representando a "Árvore do Mundo". 

Existe na Sibéria um enteógeno poderoso chamado Amanita muscária, um cogumelo vermelho com manchas brancas. É o sacramento de seus trabalhos espirituais. A Amanita muscária é um cogumelo enteógeno, que proporciona visões e introvisões de profundo significado. Esse cogumelo contém elementos que permanecem intactos em sua passagem pelo organismo, por isso os xamãs siberianos guardavam e consumiam a própria urina para ser bebida no inverno, quando não havia o cogumelo.


Uma lenda siberiana

Uma lenda do koryak (Sibéria) conta que o herói da cultura, Grande Corvo, numa passagem, ele capturou uma baleia, que estava à sua frente, e queria soltá-la no mar, mas era incapaz de devolvê-la ao mar por ser tão pesado.
O deus Vahiyinin (existência) disse-lhe que deveria comer espíritos do wapaq para ter a força. Vahiyinin cuspiu em cima da terra e as plantas brancas pequenas - os espíritos do wapaq - apareceram: tinham chapéus vermelhos, e o cuspe de Vahiyinin congelado como os flocos brancos de neve. Ao comer o wapaq, Grande Corvo tornou-se excepcionalmente forte e conseguiu atirá-la ao mar.
A partir daí o cogumelo crescerá para sempre na Terra, e os povos podem aprender o que ele ensina. Wapaq é a mosca Agarica, um presente diretamente de Vahiyinin - plantas dos deuses.



Nas biografias legendárias de alguns adeptos do budismo, há alguns indícios que podem ser interpretados para revelar que eles consumiam o cogumelo Amanita muscaria para conseguir a iluminação.
Eles mantinham o voto de manter o segredo dessas práticas, tanto que sua identidade foi escondida atrás de um jogo de símbolos.
Alguns pesquisadores acreditam que ele é o soma, dos Vedas (a mais antiga literatura sagrada da humanidade).
Soma era mais do que uma bebida, e seu sumo expressa um deus. Sugere-se o deus Agni, deus do fogo. O soma é simbolizado pelo touro, o símbolo do rig veda (hino aos deuses) da força.




Nas pesquisas, o uso do amanita aparece também em tradições da Ásia do Norte e do Sul, nas tradições germânicas ligadas a Odhin, em usos xamânicos mais adiantados nas florestas da Eurásia do Norte. Visto também, por muitos anos, no distrito de Kanto, no Japão; no Norte da Europa; Índia; e na América Central por muitos anos.

Também identificado como o Haoma, dos Persas.
Esses cogumelos sagrados foram utilizados por xamãs para a cura espiritual; era a entrada para incorporar o reino dos deuses.

Relata-se também efeitos analgésicos significativos, para curar males da garganta, feridas cancerígenas, artrites.

O amanita contém os princípios ativos muscazon, ácido ibotênico, muscimelk e bufoteína. Os efeitos começam entre 20 e 30 minutos após a ingestão e duram de 6 a 8 horas.

Geralmente, o usuário experimenta visões semelhantes aos sonhos.

O Amanita muscaria, em suma, é um dos cogumelos mais bonitos, com um encanto misterioso.


LÉO ARTÉSE





A origem das religiões tem relação íntima com o consumo de alucinogénios, em especial o cogumelo Amanita muscaria. Não restam dúvidas de que nossos ancestrais usavam substâncias que alteravam a mente para entrar em contato com espíritos, deuses e demónios.

O vice-presidente da J. P. Morgan e etnomicólogo pioneiro norte-americano Robert Gordon Wasson (1898-1986), bem como outros estudiosos da área, inferiram que a maçã mitológica é uma substituição simbólica para o cogumelo Amanita muscaria, uma óbvia codificação do cogumelo em associação com a Santíssima Trindade e a “Árvore do Conhecimento”. Cabe lembrar que a ideia de que o fruto proibido teria sido uma maçã foi introduzida somente em 1667 pelo inglês John Milton (1608-1674) em seu poema épico Paradise Lost (O Paraíso Perdido).



Evidências e analogias históricas surpreendentes comprovam que alucinogénios usados em rituais pagãos provocavam uma experiência curiosamente parecida com as visões espirituais descritas por apóstolos religiosos, e que serviram de base para a criação das religiões monoteístas. A perseguição cristã às religiões arcaicas baseadas na ingestão de enteógenos (substâncias alteradoras da percepção de realidade) sacramentais, essa autêntica “inquisição farmacrática”, teve início nos primeiros séculos cristãos e prossegue até hoje disfarçada de “combate às drogas”.





O arqueólogo e linguista britânico John Marco Allegro (1923-1988), um ex-católico que estudou línguas semíticas na Universidade de Manchester e dialetos hebraicos na Universidade de Oxford, foi convidado pelo Vaticano para integrar a equipe de tradutores dos Pergaminhos do Mar Morto, escritos em hebraico, aramaico e grego entre 200 a.C. e o primeiro século e descobertos entre 1947 e 1956. Allegro foi o único a terminar seu trabalho, que é ignorado e suprimido por muitos, por contestar a veracidade da história de Jesus, enquanto a tradução oficial foi escondida pela Igreja Católica por cerca de 50 anos. Segundo Allegro, autor de The Sacred Mushroom and the Cross (O Cogumelo Sagrado e a Cruz), “milhares de anos antes do cristianismo, cultos secretos adoravam o cogumelo sagrado Amanita muscaria que, por várias razões (incluindo o seu formato e seu poder alucinógeno) chegou a ser considerado como um símbolo de deus na Terra. Quando os segredos do culto tiveram de ser escritos, foi feito na forma de códigos ocultos em contos populares. Esta é a origem básica das histórias do Novo Testamento”




John A. Rush, em seu livro The Mushroom in Christian Art: The Identity of Jesus in the Development of Christianity (O Cogumelo na Arte Cristã: A Identidade de Jesus no Desenvolvimento do Cristianismo), afirma que “a arte cristã não é uma fotografia de fatos históricos, e sim um ícone, uma representação de algo que não pode ser representado. Ícones são representações espirituais de um outro mundo, uma geografia espiritual. O que você vê não é o que você recebe. Uma cruz não é uma cruz, um livro não é um livro, um anjo não é um anjo, e um cogumelo não é um cogumelo. Não se trata de história, mas uma representação artística elaborada, de caráter espiritual, para explicar e prestar homenagem à experiência alucinógena com os cogumelos”




As estátuas de anjinhos que fazem pipi nas fontes do Vaticano e de tantas outras cidades da Europa Medieval, têm sua origem no curioso fato de que os xamãs ancestrais, após comerem os cogumelos, bebiam sua própria urina, uma vez que a concentração dos compostos ativos da Amanita é potencializada na mesma. Isso permitia aos xamãs experimentarem a morte sem de fato morrer, o que remete diretamente ao conceito da ressurreição.




Desta perspectiva, os símbolos de uma das maiores festas do cristianismo, o Natal, vão sendo desvendados um a um: a origem do velhinho, o porquê dos pinheiros decorados com bolas coloridas e a famosa descida pela chaminé com um grande saco de presentes nas costas. Papai Noel seria nada menos que a representação figurativa dos antigos xamãs nórdicos que colhiam exemplares do Amanita nas florestas coníferas, penduravam os cogumelos nos pinheiros para secarem ao Sol e os carregavam em um grande saco nas costas visitando as famílias para praticar rituais de cura e proteção. Devido ao tempo inóspito da região, muitas vezes a porta de entrada das moradias ficava coberta por camadas de neve, restando ao curandeiro entrar pela chaminé. Outra maneira de se fazer isso era dando exemplares do Amanita muscaria às renas, animal tão comum na região da Sibéria – onde se originaram esses cultos – como os cavalos entre nós hoje, para então oferecer sua urina aos participantes do ritual. Exatamente por esse motivo que às renas do Papai Noel eram atribuídas a capacidade de “voar”.






Cláudio Suenaga





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