sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Nascença Eterna





Nascença Eterna, 
Nasce mais uma vez! 
Refaz a humílima Caverna 
Que nunca se desfez. 

Distância Transcendente, 
Chega-te, uma vez mais, 
Tão perto que te aqueças, como a gente, 
No bafo dos obscuros animais. 

Os que te dizem não, 
Os épicos do absurdo, 
Que afirmarão, na sua negação, 
Senão seu olho cego, ouvido surdo? 

Infelizes supremos, 
Com seu fracasso alcançam nomeada, 
E contentes se atiram aos extremos 
Do seu nada. 

Na nossa ambiguidade, 
Somos piores, nós, talvez, 
E uns e outros só vemos a verdade 
Que, Verdade de Sempre!, tu nos dês. 

Se nada tem sentido sem a fé 
No seu sentido, Sol que não te apagas, 
Rompe mais uma vez na noite, que não é 
Senão o dia de outras plagas. 

Perpétua Luz, Contínua Oferta 
A nossa escuridade interna, 
Abre-te, Porta sempre aberta, 
Mais uma vez, na humílima Caverna. 


José Régio
in, 'Obra Completa' 





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