Soprónia Insuflávia, ó minha noiva cauchutada,
minha câmara-de-ar nupcial,
coito do coitado, coutada do solitário
cervo que nos galhos trazia à dependura
o retrato da que diziam verdadeira…
Verdadeira és tu, Soprónia! Machucada,
logo repões a glória da tua carne
na opulência das tuas formas,
as mesmas que, pelo catálogo, escolhi.
Porque fui eu que, à velha maneira, te escolhi
e a teus pais te paguei para poder trazer-te
a este quarto onde, dando novos sentidos à estafada canção,
o amor é uma coisa maravilhosa!
Que obediência devemos a práticas que não sejam as mais antigas?
Nós não fazemos amor, como diz a de hoje tão dessorada gente;
nós, está bem de ver, FORNICAMOS!
Não precisamos de Kahn, Egas Moniz ou Freud,
sequer de Reich, pensador orgasmático,
nem dessa trupe que dá pelo nome de As Femininistas
e que ao homem, quando quer, fecha obscenamente as pernas,
como santola que, já no prato, se recusasse.
Tão-pouco necessitamos de dar as nossas mãos
e fazer rodas infantis em casa de senhores idosos
para que a língua-de-sogra neles se desenrole
e eles digam:”- Te adoro!”
Somos absolutamente pela moral.
… … … … … … … … … … … … … … … … … … …
Ao Algarve, Soprónia, que o tempo tástupendo!
Desinflada, meto-te na mala.
Em Albufeira, recobro a forma do meu amor
e, naquele mar que nasceu para estar deitado,
deitamo-nos perdidamente a amar!
Alexandre O’Neill
Sem comentários:
Enviar um comentário