quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A TOURADA VISTA POR UM MÉDICO VETERINÁRIO





Os animais humanos e não humanos são seres dotados de sistema nervoso, mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é agradável, perigoso e agressivo e doloroso.

Estes seres experimentam sensações, emoções e sentimentos muito semelhantes.
Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga, sem as quais, não poderiam sobreviver. Portanto, medo e dor são condições essenciais de sobrevivência.

Afirmar-se que nalguma situação não medicada, algum animal possa não sentir medo e dor se for ameaçado ou ferido, é testemunho da maior ignorância, ou intenção de negar uma verdade vital.

A ciência revela que o esquema anatómico, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.

As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento. O senso comum apreende e a ciência confirma-o.

Depois desta explicação, imaginem o sofrimento horrível que uma pessoa teria se fosse posta no lugar de um touro capturado e conduzido ao “calvário” de uma tourada.


Conclusão comportamental ética?

Seres humanos (tauromáquicos) não devem infligir a outros seres de sensibilidade semelhante (touros e cavalos), sofrimentos a que os próprios infligidores (tauromáquicos) não aceitariam ser submetidos.

Na tourada à portuguesa importa mencionar o terrível sentimento de claustrofobia e pânico que o touro sofre desde que é retirado violentamente da campina e transportado em aperto até à arena. Depois, há o maltrato com a finalidade de o enfraquecer física e animicamente antes de ser toureado.

Na arena, o touro enfrenta a provocação e a tortura durante a lide e no fim desta, com a retirada sempre violenta e muito dolorosa das bandarilhas, rasgando ou cortando mais o couro sem qualquer anestesia.

No final de tudo, o animal é metido no transporte, esgotado, ferido e febril, em acidose metabólica horrível que o maldispõe e intoxica, até que a morte o liberte de tanto sofrimento.





O cavalo sofre um esgotamento e terrível tensão psicológica ao ser usado como veículo, sendo dominado, incitado e lançado pelo cavaleiro e obrigado a enfrentar o touro, quando a sua atitude natural seria a de fuga e de pôr-se a uma distância segura.

À força de treino, de esporas que o magoam e ferem, de ferros na boca e corrente à volta da mandíbula, que o magoam e o subjugam, o cavalo arrisca morte por síncope/paragem cardíaca, ferimentos mais ou menos graves, até a morte na arena.

É difícil, senão impossível, acreditar que toureiros e aficionados amem touros e cavalos, quando os submetem a violência, risco, sofrimento.
Questiono-me porque se continua a permitir uma actividade que assenta na violência e no sofrimento público de animais, legalizado e autorizado por lei e até apreciado, aplaudido e glorificado por alguns?

E uma verdadeira democracia não permite nem legaliza a tortura.
E você?



Vasco Reis
Médico Veterinário
Pela ABOLIÇÃO da tauromaquia em Portugal e no Mundo





Carta ao Jornal Público: 
PÚBLICO É ANTI-TAURINO E OFENDE A COMUNIDADE AFICIONADA
26 de Fevereiro de 2012

"Alguns órgãos de comunicação têm atacado a tauromaquia sem qualquer razão e com argumentos completamente falsos. Recentemente o caderno do Público P3 publicou um artigo descrevendo a tauromaquia como a “cultura da morte”, sublinhando que a ultima sondagem tinha apenas 10% a 15% de apoio dos portugueses.
Por que razão a tauromaquia é chamada de “cultura da morte” pelo jornal o Público?
Onde existe morte na tauromaquia portuguesa?
Terão os aficionados de ficar calados perante tal agressão infame. Deveria explicar tal asneira e absurdo, mas não o faz. Não são este tipo de artigos, abusivos, falsos e ofensivos, pretendendo dar uma imagem irreal e distorcida de uma actividade simultaneamente económica, cultural e artística, em que de forma alguma, merece esta ofensa e vil ataque, abusivo, e inqualificável, ao mesmo tempo que escondem as verdadeiras intenções e interesses desse vil ataque.
A sondagem a que o autor se refere não é a última, e mente até sobre os seus resultados desse inquérito, é falso até ao se referir a este último inquérito da associação Animal de 2007 “Valores e Atitudes face à Protecção dos Animais em Portugal”, mostrando 56,1% que não apoiam e 43,9% que apoiam – inquérito esse sem base credível e sem ser feito por identidade independente e especializada. Estas referências são falsas, mentirosas, abusivas e apenas pretendem enganar as pessoas, o que certamente dá uma má imagem ao Jornal Público.
A última sondagem que foi feita sobre o tema, foi feita em 2011 por uma conhecida empresa especializada em sondagens, a Eurosondagem, que não dá margem para se questionar a sua independência e rigor dos seus serviços. O resultado da sondagem dá um apoio dos portugueses de 89% às corridas de touros – são cerca de 9,552 milhões de pessoas a favor - contra apenas 11% das que estão contra – 1,18 milhões de pessoas. Porque razão a ultima sondagem, a única credível e independente é ignorada?
O jornal Público deveria ter critérios jornalísticos de rigor e fundamentados em factos verdadeiros e não em referências falsas e mentirosas, além das referências falsas e mentirosas que ofendem a vasta comunidade aficionada composta por milhões de pessoas. Esta prática de denegrir a imagem da tauromaquia portuguesa, os aficionados portugueses, e os seus valores tradicionais, já vem sendo sistemática no jornal Público.
Quando o Público noticiou a sondagem da Eurosondagem que davam 89% de apoio dos portugueses às corridas de touros, o jornal referiu-se á notícia em tom depreciativo para o mundo tauromáquico e publicou uma fotografia de grupos fanáticos, radicais e extremistas anti-tourada a acompanhar a notícia. Esta atitude do jornal Público não é aceitável e seria razoável que o jornal conseguisse e alterasse este tipo de posição anti-taurina.
É ainda de referir que ao contrário do que se passa em Espanha, em que os jornais têm um espaço para a tauromaquia, em Portugal existem jornais como o Público com espaço para a maledicência, a mentira e a falsidade anti-taurina.

Paulo Ramires
Licenciado em Gestão pela Universidade do Algarve"
Blogger aficionado do “Tourada Portugal”



Resposta de Vasco Reis, médico veterinário, a uma carta de Paulo Ramires ao Público:

"O Blogger aficionado do “Tourada Portugal” Paulo Ramires evidencia, na carta em questão, ignorância a par de falta de vontade ou de capacidade para detectar o que o senso comum o esclareceria de que o touro e o cavalo sofrem na tourada.

Além disso revela falta de sensibilidade e de compaixão por estes animais sacrificados à tauromaquia que defende.

Deste somatório de deficiências resulta uma atitude de falta de ética e de solidariedade perante os animais e perante as pessoas conscientes, preocupadas e indignadas pela tortura que acontece nesse violento espectáculo.

Na sua acusação ao "Público" refere que na tourada em Portugal não há morte, parecendo-me que se está a esquecer de Barrancos e não só. Noutros casos, a morte do touro acontece após a tourada unicamente adiada por algumas horas ou dias de grande sofrimento em consequência dos ferimentos, da exaustão e da depressão provocados pela lide, que este senhor considera admirável.
Exceptuam-se os casos em que os touros lidados não são abatidos para serem mais tarde explorados na tourada à corda.

Mas nunca é tarde para aprender o que a ciência comprova:

"Os touros e os cavalos são seres vivos sencientes capazes de sentir dor e prazer, físicos e psicológicos, bem como sentimentos de angústia, stress e ansiedade, de modo comparável em elevadíssimo grau aos seres humanos, pois anatómica, fisiológica e neurologicamente estas três espécies são muito semelhantes e os seus ADN são muito equivalentes".

Identifico-me e assino-me como Vasco Reis, médico veterinário, tendo praticado durante 41 anos a profissão, conhecedor profundo de bovinos e de cavalos, ex-detentor de 2 cavalos e concursista de concurso hípico completo, ex-jogador de rugby (desporto de equipa, onde se opõem voluntariamente indivíduos da mesma espécie e que exige lealdade - desporto de cavalheiros - e virilidade, sendo uma boa alternativa recomendável para os forcados em vez de se aproveitarem do esgotamento de um animal previamente massacrado) e fui durante 3 anos responsável e acompanhante médico-veterinário antes, durante e depois das touradas, para cumprimento das exigências legais em relação aos touros lidados na Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, na qualidade de médico veterinário municipal, cargo que ali exerci de 1986 a 1989.

Não colhe, portanto, em relação a mim a frequente acusação de que os adversários da tauromaquia são ignorantes do assunto.

Com os melhores cumprimentos.

Vasco Manuel Martins Reis"







Declaração da UNESCO 1980: 
 "A tauromaquia é terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras. Traumatiza as crianças e adultos sensíveis. A tourada agrava o estado dos neuróticos atraídos por estes espetáculos. Desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura".






















"É tempo de enterrar as touradas.
É tempo de esta actividade vil e arcaica ficar enterrada no passado, tal como tantas outras actividades cruéis e obscuras que a Humanidade praticou ao longo dos tempos ficaram.
Aquilo que sabemos hoje acerca das características dos outros animais é mais do que suficiente para que abandonemos tradições, hábitos e costumes que os prejudicam gravemente.
Felizmente os tempos mudaram e a cultura da crueldade também deve mudar.
Por uma sociedade mais civilizada, justa e eticamente avançada, dizemos: vamos enterrar as touradas!
 "Enterrar as Touradas" é uma campanha da ANIMAL (www.animal.org.pt), uma ONG de defesa dos direitos de todos os animais."















tor·tu·ra 
(latim tortura, -ae)
substantivo feminino
1. Qualidade do que é torto ou tortuoso. = CURVATURA, TORTUOSIDADE
2. Grande sofrimento infligido de forma deliberada a alguém (ex.: confessar sob tortura). = SUPLÍCIO
3. [Figurado]  Grande sofrimento físico. = SUPLÍCIO, TORMENTO
4. Angústia.
5. Situação difícil. = APERTO

"tortura", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013







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