sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Nobel da Paz 2011
OSLO, Noruega — O Prémio Nobel da Paz foi concedido nesta sexta-feira a três mulheres: a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, sua compatriota e militante pela paz Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman, activista da chamada Primavera Árabe.
As três foram "recompensadas por sua luta pacífica pela segurança das mulheres e de seus direitos de participar nos processos de paz", declarou, em Oslo, o presidente do comité Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.
"Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não obtiverem as mesmas oportunidades que os homens para influenciar nos acontecimentos em todos os níveis da sociedade", acrescentou.
A liberiana Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, passou para a história ao converter-se, em 2005, na primeira mulher eleita como chefe de Estado no continente africano, num país de quatro milhões de habitantes traumatizados por guerras civis que, de 1989 a 2003, deixaram 250.000 mortos, destruindo as suas infraestruturas e a sua economia.
"Desde sua posse em 2006, contribuiu para garantir a paz na Libéria, para promover o desenvolvimento económico e social e reforçar o lugar das mulheres", acrescentou Jagland.
O seu acesso ao poder foi possível pelo trabalho de Leymah Gbowee, "guerreira da paz", fundadora do movimento pacífico que contribuiu, em particular com a convocação de uma "greve de sexo", para terminar com a segunda guerra civil em 2003, assinalou o Comité Nobel.
Lançada em 2002, essa iniciativa original levou as liberianas de todas as confissões religiosas a negar sexo aos homens até que cessassem os combates, o que obrigou Charles Taylor, ex-chefe de guerra convertido em presidente, a associá-las às negociações de paz.
"Leymah Gbowee mobilizou e organizou as mulheres além das linhas de divisão étnica e religiosa para pôr fim a uma longa guerra na Libéria e garantir a participação das mulheres nas eleições", assinalou Jagland.
A terceira laureada, a iemenita Tawakkul Karman, "tanto antes como durante a Primavera Árabe, teve um papel preponderante na luta a favor dos direitos das mulheres, da democracia e da paz no Iémen", afirmou.
Karman, a primeira mulher árabe que recebe o Prémio Nobel da Paz, numa primeira reacção, declarou-se honrada e surpresa e dedicou o seu prémio à "Primavera Árabe".
"Trata-se de uma honra para todos os árabes, muçulmanos e mulheres. Eu dedico este prémio a todos os activistas da Primavera Árabe", declarou ao canal de televisão árabe Al-Arabiya.
"Este prémio é uma vitória para a revolução pelo carácter pacífico desta revolução", afirmou a iemenita, entrevistada na Praça da Mudança em Sanaa, onde os opositores ao regime do presidente Ali Abdullah Saleh acampam desde Fevereiro.
"Não esperava receber este prémio e nem sequer sabia que minha candidatura tinha sido apresentada", acrescentou Karman.
Sirleaf, por sua vez, afirmou que a distinção é um prémio para todo o povo liberiano.
"Estou muito feliz com este prémio, que é o resultado dos meus anos de combate pela paz na Libéria", afirmou a presidente.
"Este prémio é compartilhado com Leymah (Gbowee), outra liberiana, e é também um prémio para todas as mulheres liberianas", acrescentou.
Até o presente, em 111 anos, apenas 12 mulheres receberam o Nobel da Paz.
A última mulher a ganhar esta distinção também foi uma africana, a militante ecologista queniana Wangari Maathai, que acaba de falecer.
Este anos, o Nobel da Paz registou uma cifra recorde de 241 candidaturas de indivíduos e organizações.
O prémio será entregue em Oslo no próximo dia 10 de Dezembro, data do aniversário da morte do seu fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel.
O prémio consiste numa medalha e um diploma, e uma quantia de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a um milhão de euros.
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