terça-feira, 11 de outubro de 2011
O Ciscador
Deixo claro que esse texto vem como um retrato de aspectos que nos condicionam e que todos temos em maior ou menor grau... que cada um veja em si. :)
O Ciscador - uma reflexão sobre as relações virtuais
Hoje, passei parte do dia com um tema a perseguir-me a mente...
É sobre um perfil comportamental muito comum na actualidade que eu chamarei de " O Ciscador".
O Ciscador é alguém que como o nome já indica busca o seu alimento na malha colectiva e como não fabrica alimento próprio, necessita estender o seu campo de acção para garantir a sua quota diária de delícias.
O Ciscador é um efeito secundário da "civilização fast-food", cujo principal objectivo é estimular "in extremis", todas as nossas papilas degustativas gerando um campo interminável de ofertas espirituais, psíquicas, físicas.
A Inteligência que coordena essa dissociação humana divide para governar, criando nas inter-relações fractais de condutas contraditórios. Essa pulsão já alcançou o Planeta globalizando o banal.
Mas, aqui me atenho ao aspecto virtual do Ciscador.
Todos sabemos como é poderoso o Imã da Net e seus potenciais tanto de luz como de sombra. Afinal, o mundo virtual é um reflexo do mundo em que vivemos. E como o facto, de não coexistir fisicamente com as pesssoas facilita uma liberação sem a pressão de se estar "in loco".
É fascinante poder trocar, partilhar idéias e sentires com os 5 continentes se desejar mas, é preciso começar a observar como a Síndrome do Ciscador vai fortalecendo laços superficias dentro de um "partejar néon" em brilhos fugazes.
Em função das carências emocionais, o Ciscador cria um processo compensador quantitativo e não qualitativo, indo dentro dos bolsões de redes sociais pescar as novidades do mês, da semana ou até do dia.
Num ilusionismo em que as migalhas do que se oferece ou colhe nunca cessam de serem substituídas por carecerem de raízes.
O Ciscador é uma entidade solitáriamente actuante, tentando prencher seu tempo com a permuta com o outro. E como o viver externamente de si mesmo, é fuga ainda que seja virtual, temos aqui um vector de solidão acompanhada em que seduz-se e se é seduzido por um sem número de estímulos.
O Ciscador fica prisioneiro de um tempo virtual em que as emoções e pensamentos se auto-regulam numa satisfação passageira, ocasionando uma miopia existencial. Não se pode amar virtualmente, não se pode criar virtualmente, não se pode amadurecer como fruto que reluz, senão do Plano das Almas.
O mundo virtual não é Matriz de nada e sim Matrix de tudo. Sua génese deve retirar-se de um pólo de saciedade barata e caminhar para uma criactiva partilha do interno para o externo, do que é conectado em comum com outros.
Não é preciso ser-se sério ou engraçado, apenas fluir verdadeiramente e não num circuito manipulativo de virtuosismos. Esse é o lado menos atraente do Ciscador, ser um coringa nas relações. E assim, nessa distorção cibernética irá perdendo Pérolas pelo caminho.
Bárbara Meyer
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