quarta-feira, 19 de outubro de 2011
ANGOLA,ANGOLA!
Irmã, amanhã vou-me embora,
e não tenciono voltar.
Porque esta imensa terra está prestes a acabar.
Levo comigo as memorias,
e vontade de chorar.
Levo as nossas histórias
e é tudo a levar.
Contá-las-ei uma a uma,
se a voz não se me embargar.
Ou não contarei nenhuma
se a ferida não sarar.
Porque vais então, irmão?
Notícias do vento, irmã!
Esta terra que é nossa hoje,
já não será amanhã.
Sangrará meu coração,
se te vir partir, irmão!
Não conseguirei despedir-me...
Abraçar-te...
ou dar-te a mão.
Nem eu a ti, minha irmã,
porque a dor será infinda.
Já sofro pelo Amanhã
e ele não chegou ainda.
Temos um encontro marcado,
quando a dor tiver sarado,
ou pelo menos acalmado.
Diferentes futuros...um mesmo passado...
Irmã... coragem para ti!
Deseja-me o mesmo a mim.
Quando já não estivermos aqui,
nos recordaremos assim!
Um coração pesado,
e um abraço apertado.
Um "até logo", irmã querida.
Noutro tempo, noutro lado.
Poema de Ana. C.
Cantado por Cesária Évora
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