sexta-feira, 28 de junho de 2019

A Ternura Mais Funda Das Águas Esquecidas





Desperta a nudez espalha-se o silêncio
e a nostalgia acende-se como uma sombra clara.
Tudo o que vemos é longe entre margens de sono.

Arde e repousa a casa numa frescura imensa.
Inclinam-se os campos à memória mais antiga.

É a ausência que sabe em transparência líquida
a ternura mais funda das águas esquecidas.
Que júbilo de lâmpadas, de ervas e de rodas
brancas nos caminhos, que frescura tão limpa!

os volumes vazios da agonia. Toda a substância
se aligeira e desnuda na espessura.
Ver é quase nascer e ver ondear o vento.
Há uma presença branca de uma nuvem esquecida.
Alto, uma linha de silêncio se ilumina.


António Ramos Rosa




Sem comentários:

Enviar um comentário