Alexei Bednij
Sombra de minha sombra, tu, errante,
o caminho termina enquanto pisas,
volve ao começo sempre mais adiante
e, onde estiveste, já volatilizas.
Imagem plana, em tuas viagens lisas,
só te surpreende o tempo caminhante.
Na planície do espaço que improvisas
estás interpretada pelo instante.
Vês com o tempo dos olhos, se revês,
cega o momento uma outra lucidez:
não és quem eras, sendo tu no entanto.
Compondo em forma a esquiva tessitura,
o antigo tempo, este que inaugura,
marca teu passo em métrica de espanto.
Maria Ângela Alvim
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