sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Transformar Traumas Em Dons

 





"Quando você passa por uma série de traumas, você começa a ser um expert em algumas coisas na vida, para se proteger do trauma. 
E quando você consegue resolver o trauma, tudo aquilo que você desenvolveu ao longo da vida para se proteger do trauma, se transforma em Dons. 
Por exemplo: Um indivíduo que estava lá no útero, o trauma criou dificuldade em entrar em contacto com a dor real aqui fora. O que é que ele faz? Ele vai para o mundo interno. Ele se desconecta do mundo exterior e refugia-se no mundo interior, mental. Aí ele desenvolve uma enorme criatividade e pode vir a ser artista, escritor, etc...com uma capacidade criativa impressionante.
Se ele souber usar essa capacidade dentro da realidade, ele ganhou um dom impressionante e irá transformar-se num profissional de ponta. 
Usando o quê?
Os Dons que ele desenvolveu na dinâmica traumática!
No fundo, os traumas ajudam você a desenvolver uma série de Dons.
E se você tiver noção do que realmente está a acontecer, e do que aconteceu, você volta para a realidade, e carrega da situação traumática, os dons, os recursos que você desenvolveu para se proteger dos traumas. Só que agora, você utiliza esses recursos como mecanismos que irão te levar para um presente e um futuro melhores."

Dr. Fernando Freitas






  1. Qual é seu dom? 
  2. O que tem facilidade de fazer? 
  3. Você trabalha com o que gosta? 
  4. Está feliz com o que faz na vida? 
  5. Consegue perceber o dom das pessoas que o cercam, o que elas têm de melhor? 
  6. Como auxiliar crianças e jovens a perceber seu potencial?

No início dos estudos da psicanálise, o foco era uma pesquisa intensa sobre trauma e seu impacto psicológico na vida das pessoas. Com o avanço dos estudos, a chegada do conceito de individuação proposto por Carl Gustav Jung, ocorre um deslocamento da ideia de trauma para uma visão desenvolvimentista, de autorealização – uma psicologia dos dons
E qual é seu dom nesta vida?

Em sua prática clínica, Jung percebeu que havia pouca evolução e melhora dos pacientes quando a terapia era focada no tratamento do trauma.
Torna-se um problema da área clínica não auxiliar a pessoa a desenvolver seus dons e habilidades. 
É importante tratar traumas, ajudar a pessoa a resolver problemas, mas é fundamental ajudá-la a se desenvolver, a se realizar. 
A base destas ideias está na elaboração do conceito de individuação proposto por C. G. Jung, desde 1909.

De posse dos dons e habilidades, é muito mais fácil lidar com problemas e traumas, que deixam de ser o centro da personalidade. Este é um dos pontos principais que caracterizam a psicologia junguiana como uma psicologia humanista. Uma psicologia que auxilia o ser humano a evoluir dentro do potencial individualizado, particular, na construção de uma identidade genuína.

No tratamento de adultos é perceptível a problemática do distanciamento de um indivíduo de seus dons naturais. A crise de individuação é responsável por complicações e adoecimentos psíquicos graves, pela falta de equilíbrio e de paz interior. A neurose constituída por elementos traumáticos acaba tendo como fonte alimentadora o distanciamento do indivíduo de sua própria essência. A pessoa se transforma em um ser apático, triste, melancólico, pessimista, autodestrutivo, preso a problemas e complicações de sua existência.

Pior que o trauma, é a negação dos próprios dons.

No âmbito da educação e do desenvolvimento humano, a autorealização é a tentativa de melhoria das capacidades individuais. É o esforço, uma busca intensa para que, de facto, possamos encontrar equilíbrio, maturidade, paz de espírito. 
Para encontrarmos o nosso caminho.



Jorge Antônio Monteiro de Lima






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