quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Poesia moderna


JOE  FERRARO




Todas as línguas do mundo se sujaram.
Fomos condenados à gaguez triunfal
pela qual procuramos ainda dizer o que nos recusaram.

Na mínima dor há um pomar onde colhemos
os esplêndidos frutos que alimentam a nossa linfa, o nosso sangue,
a corrente que sem recurso nos prende
à furiosa morte.

A metáfora da alma será ainda a melhor dádiva
deste corpo tão eficiente e tão pobre.

Assim nos saciamos.



LUÍS QUINTAIS





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