Boby Atmajaya
Porque parecem fazer questão de nunca se preocuparem com a forma como magoam.
Porque jamais são humildes, o suficiente, para nos pedirem desculpa.
Porque qualquer lamento que tenhamos em relação a elas é transformado numa espécie de ofensa que lhes fazemos.
Porque nada do que lhes possamos dizer parece fazer com que se ponham em dúvida, a ponto de fazerem diferente, duma próxima vez.
Porque nos maltratam, dizem elas, porque gostam de nós.
Porque viram ao contrário todo o mal que nos fazem para acabarem a despejar sobre nós toda a culpa daquilo que fizeram.
Porque parece que alguma coisa que façam de mal as “impede” de ser, simplesmente, perfeitas.
Porque são más pessoas; por mais que se imaginem boas.
Porque nos consideram más por não aceitarmos a sua maldade e por não gostarmos, “sem condições”, mais delas, a seguir.
As pessoas que se fazem de vítimas são “insuportáveis” porque parecem viver tão espartilhadas por todas as coisas que as atormentam por dentro que qualquer “gota de água” de culpa perece levá-las a explodir. Na verdade, vivem entricheiradas na forma como projectam a culpa que as persegue na culpa que atribuem aos reparos que lhes fazem. E, por mais solitárias que elas sejam, estão “bem” é sozinhas. E todos os gestos que as tragam até nós parecem ser vividos como uma ameaça a uma ideia “triunfante” de não precisarem dos outros para nada. A não ser para que sejam o caixote do lixo... que elas acham que não têm.
Eduardo Sá
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