sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Paixão...ou, Amor??????


Compartilho algumas reflexões sobre o significado espiritual dos relacionamentos, sobre as forças do amor, da paixão e do sexo como base para o crescimento e aprendizagem da alma humana.

Tomo como base, o livro "O CAMINHO DA AUTO-TRANSFORMAÇÃO" de Eva Pierrakos.

Afinal, como a paixão se distingue do amor?
O amor é um estado permanente da alma. A paixão, não.
O amor só pode existir através do desenvolvimento e da purificação.
O amor não vem e vai aleatoriamente, a paixão, sim.
A paixão ataca com força repentina, muitas vezes pegando a pessoa desprevenida e até mesmo sem vontade de passar pela experiência.
O amor é um compromisso consciente.

Quando a alma estiver preparada para o amor, e só então, é que a paixão será a ponte para que ele aconteça. Em alguns casos, se a pessoa estiver amadurecida suficientemente, nem será preciso se apaixonar para que o compromisso do amor surja. Se a paixão não nos afectasse, não nos tirasse dos nossos hábitos enraizados, ninguém estaria preparado para uma busca mais consistente. É uma experiência que lança sementes na alma, faz com que ela aspire à unidade. E esta é justamente a grande meta, o grande plano para a existência humana.

Enquanto a alma permanecer separada, a solidão e a infelicidade serão inevitáveis.

Não importa se o significado verdadeiro da paixão é ou não é compreendido. Mesmo que ela seja um poder mal utilizado, um pouco do seu efeito irá permanecer na alma. E para aqueles que têm medo do risco, medo de suas emoções e da vida, será sempre um bom remédio, apesar da tristeza e da sensação de perda (devido a outros factores psicológicos).
A maioria destas pessoas tem um ponto vulnerável, e a paixão pode entrar por esse ponto…

A paixão (Eros) tem um grande significado para o nosso desenvolvimento. É uma das forças mais poderosas da existência. Ela tem que servir como ponte entre o sexo e o amor, mas é raro quando isso acontece.

Mesmo a mais forte paixão se dissolve se a pessoa não souber amar, cultivar as qualidades e requisitos necessários para o amor puro. Só quando o amor é aprendido a centelha da paixão se mantém viva. Esse é, sem dúvida, o problema com o casamento. A maioria das pessoas não tem condições de chegar ao casamento ideal porque é incapaz de oferecer amor puro.

A paixão tem muitas semelhanças com o amor. Ela faz irromper impulsos que de outra forma ninguém teria: impulsos de doação e de afeição, por exemplo. Ela sacode e tira a alma do contentamento medíocre, do seu estado de vegetação. Quando ela se manifesta, mesmo as pessoas menos desenvolvidas são capazes de se superar. Ela faz a alma pulsar, sair de si mesma. Até mesmo um criminoso pode momentaneamente sentir (pelo menos com relação a uma pessoa) uma afeição que jamais sentiu antes.

Enquanto esse sentimento perdurar, até a pessoa mais egoísta terá impulsos de generosidade e de sacrifício. A pessoa preguiçosa abandona sua inércia. E a pessoa que caiu na rotina consegue se livrar do marasmo. Nem que seja por breves instantes, a paixão coloca a pessoa acima do seu estado de separação. Oferece à alma um vislumbre de unidade e nos ensina o desejo ardente por essa unidade. Sem a paixão ninguém poderia experimentar a beleza indescritível contida no amor.

As 3 forças - amor, paixão e sexo - muitas vezes aparecem separadas e a personalidade será menos desenvolvida quanto mais essas 3 forças se mantiverem assim. Às vezes apenas 2 se misturam, mas somente no caso ideal é que as 3 se fundem harmoniosamente.

Um dos objectivos do casamento (não o único) é a procriação.
A força do sexo é o poder criador em todos os níveis da existência, mas a força sexual pura é totalmente egoísta. Está ligada a agressividade, quanto mais atrasado estiver o desenvolvimento da pessoa. Em outros casos apenas a paixão, sem sexo e sem amor, acontece por um tempo limitado (o famoso amor platónico).

Mais cedo ou mais tarde, sendo a pessoa razoavelmente saudável, a paixão e o sexo acabam por se juntar. O relacionamento vai até certo ponto, mas depois acaba. Muitos utilizam esta sensação de felicidade de modo descuidado e voraz, nunca ultrapassando o limiar que conduz ao amor verdadeiro. É o que acontece quando não se busca um desenvolvimento espiritual e usa-se a paixão como uma projecção, para dar um significado maior para a existência.

Outra combinação que aparece mais em relacionamentos de longa duração é o amor e o sexo, sem a paixão. Pode crescer uma certa quantidade de afeição, companheirismo, ternura, respeito, mas sem a centelha da paixão o relacionamento sexual também acaba se desgastando. Resta uma grande amizade, mas o vazio interior continua. É este o problema com a maioria dos casamentos.

Como então manter essa chama, na medida em que os parceiros caem no hábito e na familiaridade? Existe uma solução para a parceira ideal do amor?
Sim, existe.
Deixo uma pista: o medo de se revelar ao outro, é o mesmo medo de revelar-se a si mesmo…

Somente quando você encontrar o amor, a vida, e outra alma com essa disposição, é que você poderá oferecer o maior dos presentes a seu bem-amado: seu verdadeiro eu. Somente quando duas pessoas se revelam uma à outra é que elas podem se purificar e ajudar uma a outra, preencher-se buscando mutuamente as profundezas da alma. Você será purificado ao colocar de lado seu orgulho e ao revelar-se a si mesmo como realmente é.

Todas as máscaras devem cair e não apenas as da superfície. Então o amor e a paixão continuarão vivos. Você não precisará buscar amor em outros lugares. Não precisará ter medo de perder esse amor. Esse medo só se justifica se você não quiser arriscar ao mesmo tempo a jornada da busca de si mesmo. É este o sentido do casamento verdadeiro e este é o único modo de ele ser a glória que se supõe que deva ser.

Mas para isso é necessário uma certa maturidade emocional e espiritual.
Na prática dificilmente as coisas acontecem assim.
Ao chegar a um certo grau de familiaridade e de hábito, você pensa que conhece o outro. Nem sequer lhe passa pela cabeça que o outro não o conhece. Esta busca do outro e também a revelação que você consegue de si mesmo exige alerta constante. As pessoas caem na ilusão de já se conhecerem uma a outra completamente, esta é a armadilha. A alma precisa prosseguir, precisa descobrir e ser descoberta, de modo a dissolver a separatividade.
Esta é uma tarefa para muitas vidas!
Por medo da união e pela inércia, o casamento acaba se dissolvendo e a pessoa passa a alimentar uma nova ilusão de que com um novo parceiro tudo será diferente (especialmente se a paixão entrar em acção mais uma vez).

Se a maturidade existir, você escolherá o parceiro certo intuitivamente. 
Um parceiro que tenha a mesma maturidade e a prontidão para o início desta jornada.
A escolha de um parceiro sem essa disposição acontece por causa do medo oculto que temos dessa aventura. Atraímos magneticamente pessoas e situações que correspondem a nossos desejos e temores subconscientes.

No geral, as pessoas estão muito distantes desse ideal de parceria, mas isso não muda a ideia. Enquanto isso, precisamos aprender a agir da melhor maneira possível. Mesmo que seja para compreender porque você não consegue concretizar a felicidade que sua alma procura. 
Descobrir isso já é o bastante para possibilitar nesta vida (ou em vidas futuras) a realização deste anseio.

O amor realmente não é a união de duas metades, é a união de dois inteiros. Sofremos por paixão, mas todo sofrimento é uma aprendizagem.
As pessoas estão neste mundo para aprender a amar. E amor não se cobra, amor se dá.

Muitas de nossas escolhas implicam nas escolhas dos outros, em invadir o que eles querem para suas próprias vidas. Por isso também é que não dá certo. A partir do momento em que suas escolhas não dependerem de os outros fazerem isso ou aquilo, serem isso ou aquilo, as coisas darão muito mais certo na vida, pois na verdade a sua vida depende só de você.

O que acontece é que as pessoas criam ligações dependentes, vinculam seu bem-estar ao livre-arbítrio do outro: "se fulano for assim, se fizer isso, se me quiser”...
Deixe que o outro escolha o caminho dele, deixe que faça as opções dele, que ele seja como quiser ser. Não tente interferir nisso, não condicione sua felicidade às escolhas dos outros pois isso torna tudo mais difícil.

Não se pode dirigir a vida alheia, apenas a sua. Aprender a dar amor… e deixar que o universo cuide do resto. O amor nunca se esgota, ele se auto-perpetua. Quando mais amor se dá, mais amor se tem para dar. E ele volta multiplicado. Se a solução para a verdadeira felicidade e o verdadeiro prazer é aprender a amar, é só na união com um parceiro ideal que cumprimos o nosso destino. É aí que começa a verdadeira aventura!

Concluo que a meta divina da verdadeira parceria de amor é a revelação mútua COMPLETA de uma alma para outra - não apenas uma revelação parcial.

A revelação física é fácil. Quanto mais numerosos forem os parceiros com quem você queira se dividir, tanto menos você dará de si mesmo a cada um deles. Isto não pode ser de outro modo. Emocionalmente, compartilhamos até um certo grau - em geral até onde a paixão nos conduz. Mas então fechamos a porta, e é onde os problemas começam.

Há muitos que não querem revelar nada. Preferem continuar sozinhos e distantes. O amor verdadeiro exige muito mais das pessoas num sentido espiritual.
Algumas pessoas acreditam que podem suprimir o sexo, eros, o desejo de um parceiro e viver completamente pelo amor da humanidade.
É possível, mas certamente não é saudável, nem honesto.
Comigo não deu resultado...
Pode-se dizer que talvez exista uma pessoa em 10 milhões que possa ter uma missão assim.
Pode ser o carma (ou o dharma) de uma alma determinada que já se desenvolveu até esse ponto, passou pela experiência da parceria verdadeira e vem para uma missão específica.

Mas na maioria dos casos o facto de evitar ter um companheiro não é saudável. É uma fuga.
E essa renúncia cheia de receio é racionalizada como um sacrifício.
Ao revelar-se a outro ser humano, você realiza algo que não pode ser feito através da revelação a Deus, que já o conhece e que de facto não precisa da sua revelação. Ao encontrar outra alma você também encontra outra partícula de Deus e oferece algo divino à outra pessoa.

Portanto é essencial perguntar se bem lá no fundinho existe o medo do amor e da decepção.
Você acha mais cómodo viver para você mesmo e não ter problemas?
Não é de facto isto que você sente no seu íntimo, e tenta encobrir com outros motivos?

Formar uma relação sólida e duradoura num casamento é uma das coisas mais difíceis, mas é a maior vitória que um ser humano pode obter. 
É o destino do homem, pois muito do que se pode aprender com a realização no amor pessoal não pode ser alcançado de nenhum outro modo.

Desejo a todos uma vida plena de realizações, e a vitória sobre crenças e padrões negativos.


Baseado no livro "O CAMINHO DA AUTO-TRANSFORMAÇÃO"
Eva Pierrakos



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