quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Não acredito...



Não acredito nas tretas que agora se vendem ao quilo em hipermercados de almas.
Não acredito na tanga de que o amor não deve ser asfixiante.
Não acredito na bullshit de que o amor deve ser a soma, perfeita, de dois inteiros – e não a soma, essa sim perfeita, de duas metades.
Não acredito na pessegada da não-dependência de quem ama, do não precisar de quem ama.
Não acredito.
O amor, se não for precisar do outro como de pão para a boca, não é amor – é uma gosma qualquer, uma mistela qualquer.
O amor, se não for dependência absoluta, se não for vício sem retorno, não é amor – é uma espécie de marca branca do gostar, uma espécie de contrafacção do amar.
Eu sou pelas marcas de verdade.
Eu sou pelo amor de verdade.
Por mais que por vezes doa, por mais que por vezes custe.
Mas a verdade, já se sabe, custa.

Pedro Chagas Freitas
in "EU SOU DEUS"

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