terça-feira, 24 de setembro de 2024

Sete luas






Há noites que são feitas dos meus braços 
E um silêncio comum às violetas. 
E há sete luas que são sete traços 
De sete noites que nunca foram feitas. 

Há noites que levamos à cintura 
Como um cinto de grandes borboletas. 
E um risco a sangue na nossa carne escura 
Duma espada à bainha dum cometa. 

Há noites que nos deixam para trás 
Enrolados no nosso desencanto 
E cisnes brancos que só são iguais 
À mais longínqua onda do seu canto. 

Há noites que nos levam para onde 
O fantasma de nós fica mais perto; 
E é sempre a nossa voz que nos responde 
E só o nosso nome estava certo. 

Há noites que são lírios e são feras 
E a nossa exatidão de rosa vil 
Reconcilia no frio das esferas 
Os astros que se olham de perfil.


Natália Correia




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