Darwis Alwan
De vez em quando, discretamente, pudicamente, ergue-se em ti ainda esta velha aspiração.
Mas já não são horas de o seres, seriam só de o teres sido.
Que dores menores me pontuaram a vida toda?
Do balanço geral há o que somos para os outros e o que somos para nós.
De que é que depende a felicidade?
O que falhou avulta quando enfrentamos a pergunta.
O que falhou avulta quando enfrentamos a pergunta.
Mas só se não tivéssemos falhado saberíamos se foi isso que falhou.
Sei o que falhou mas não sei se o que falhou foi isso.
A felicidade ou infelicidade têm a sua escala de grandeza.
Tenho os meus motivos grandes mas os pequenos absorvem-nos.
Problemas do destino, da verdade, do absoluto que desse a pacificação interior. Mas eles apagam-se ou esquecem com uma simples dor de dentes.
Tenho os meus motivos grandes mas os pequenos absorvem-nos.
Problemas do destino, da verdade, do absoluto que desse a pacificação interior. Mas eles apagam-se ou esquecem com uma simples dor de dentes.
Assim eles me avultam apenas quando essa dor se apazigua.
Que dores menores me pontuaram a vida toda?
Do balanço geral há o que somos para os outros e o que somos para nós.
Ser feliz.
Possivelmente o problema está num dente cariado. Sei o que falhou.
Não sei o que falharia ainda, se o mais não tivesse falhado.
Não sei o que falharia ainda, se o mais não tivesse falhado.
Que falsificação de nós inventamos para os outros que no-la inventaram?
Ter grandeza no que se sofre para ao menos nos admirarem o sofrimento.
Ter grandeza no que se sofre para ao menos nos admirarem o sofrimento.
O que sofri entremeado ao público sofrimento não tem grandeza nenhuma.
Precisava bem de saber se a minha verdade definitiva não está aí.
Ou ao menos a condição de tudo o mais.
Para me negar radicalmente na obscuridade de mim.Para saber definitivamente o que vou entregar à morte.Porque pode ser só aquilo de que a morte tomará posse, sem restar nada de que tomem posse os outros.
Vergílio Ferreira
in, Conta-Corrente 4
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