domingo, 26 de dezembro de 2021

uma leitura de Natal








uma boa maneira de iniciar esta Prenda matinal, depois de ter estado umas horas a meditar e a sintonizar-me com as energias que apanho "do ar",

a discriminar entre aquilo que é o meu próprio processo "pessoal" e o que é Vida

(isso que começa logo ali, a seguir à preocupação com o nosso próprio umbigo - a ideia é incluí-lo, abraçá-lo e transcendê-lo, não é ignorá-lo - mas também não é ficar preso do seu olho cego)

à laia de prenda de natal 

e de legenda,

porque mesmo que se estude Astrologia

e se olhe para os céus regularmente

o facto é

que cada um de nós está condenado a compreender e pensar apenas dentro, e limitado pela sua própria miopia, crenças insconscientes, assumpções, padrões inconscientes, e infra-estrutura "arquitectónica" pessoal

de modo que cada um

acrescenta a sua própria visão míope à miopia alheia,

pode ser que entre todos,

se gere uma Visão *



a minha é esta:

não me admiraria que toda a gente se sinta numa espécie de limite:

ou tipping point.

Por estes dias.

Apertado, sufocado, saturado, impaciente,

como se estivesse emparedado

preso

das maquinações da sua própria mente inconsciente,

que está a passar um filme

(chamado "circunstâncias da vida actual")

para o percebermos

e às criações que precisamos reencenar

para aprender mais qualquer coisa de essencial

sobre nós próprios

para que é que nos encontramos, ou separamos,

e como é que fazemos as camas onde nos deitamos

os fios com que nos cosemos.

Que somos como somos,

que gostamos do que gostamos.



Mercúrio encontra Vénus/Plutão: tudo o que está inquinado precisa ser enfrentado com uma qualidade especial: a Coragem e a disponibilidade em ir ao fundo das coisas, com uma coragem brutal

e o fundo das coisas

termina sempre

no fundo do próprio ser que experiencia a experiência:

o resto é só material.

Material para compor a experiência, digo,

como circunstâncias, pessoas, agentes, personagens, cenários, cenografias - paisagens, delírios, projecções, e outras ilusões criadas pela mente que se projecta na efemeridade das experiências passageiras para se conhecer a si mesmo e poder cumprir-se mais completamente como "dentro" e como "fora", sendo que o fora é o cenário para o filme de dentro,

não digo "material" só no sentido psicanalítico da palavra,

aquele que se refere à tremenda e bruta carga que cada um transporta no seu próprio inconsciente,

memórias de vida,

memória de vidas,

memória de eternidade.

Saudade, conflito, ansiedade, medo, esperança, visões, apelos e esperanças:

sonhos, hesitações, devoções, devaneios, enlevos e envolvimentos.

Cortes, saltos, dissociações, traumas, e paragens de desenvolvimento.

E desde o fundo da sua Alma,

um plano para cumprir

a meio das titubeações, conflitos e debates da sua própria personalidade.



Uma das perguntas mais importantes de fazermos, por estes dias, por estes mesmos dias,

é "o que estou a fazer com a minha vida? O que estou realmente a fazer com a minha vida?"



O que estou a fazer com, e de tudo, o que sou e posso vir a descobrir, cumprir ou realizar?

O que estou a fazer com o meu tempo, com a minha energia, com a minha atenção, com os meus investimentos e escolhas, no que estou a "investir", o que estou a criar, o que estou a servir,

Quais são as motivações mais profundas e autênticas que me movem? O que me faz mover? O que me faz realmente mover?

Para onde vou?

E quem vai comigo?



Estas são, aliás, as duas perguntas MAIS IMPORTANTES que podes fazer a Ti própri@ por estes dias, e de resto - a vida inteira;

Para onde vou?

E quem vai comigo?



A questão

é que tem de ser por esta ordem:

confunde a ordem das perguntas,

e estás perdido para sempre

à procura de ti próprio

fora, no futuro, e nos outros:

estás entregue à sorte de não teres escolhido,

de não te teres posicionado,

de não teres (ainda) ocupado o teu lugar no mundo, e sossegadamente dentro de ti própri@,

e não te leves a mal nem mortifiques:

estamos todos num limite.

Temos andado todos a travar batalhas tremendas para compreender e viver de acordo com o que seja "certo", "verdade", "correcto", "adequado",

e temos andado à luta com as metades da laranja que não reconhecemos como metade da laranja,

por nos termos obrigado (ou acreditado) a escolher a metade (da verdade) como "certa" e projectado no exterior os "estranhos", os "errados", os "inadequados"

- andamos há ano e meio a julgar, a julgar, a julgar,

e agora o critério mudou:

já não interessa tanto a abstracção chamada "certo e verdadeiro",

interessa muito mais agora

honrar o instinto, as entranhas, o autêntico, o "gut feeling"

e recuperar a capacidade

de fazer "jogadas arriscadas"

fé, foco, e deus no comando:

o que quer que nasça do âmago de cada Ser;

não da sua mente calculista e negociante,

assustada, dividida, hesitante,

que quer consolo segurança certeza e controlo

escolhendo coisas, rejeitando coisas,

e se torna a si própria miserável

tentando controlar o mundo.



Já não se trata tanto de estar certo, quem faz bem ou tem razão,

mas de ser feliz à sua própria maneira, e para isso

a mente mente.



Tem sido assim um inferno mental e astral,

porque a mente é um inferno

e a única saída possível é não a levar a sério,

o que é especialmente difícil

quando estamos desconfortáveis, contrariados, indecisos, divididos, ansiosos, e esquecidos

de que está tudo bem, tudo está verdadeiramente bem,

que não é preciso fazer de tudo uma empreitada, um esforço, e um cansaço:

que podemos simplesmente ficar a observar a tirania da mente que está sempre a fazer filmes, para nos puxar para ela, para que lhe demos atenção, e para que pensemos -

enquanto pensamos, estamos separados e dissociados da Vida, e aí:

é só problemas.



Como dizia o Mark Twain, "eu já tive na vida imensos problemas, a maior parte dos quais nunca me aconteceu."



Há no entanto toda uma sabedoria na auscultação das emoções, dos pensamentos e das reacções do corpo:

é provável, nestes dias de limite,

que toda a contrariedade vinda de fora, ou de dentro, seja expressão de alguma forma de tristeza, despedida ou luto não feitos:

podia fazer-te uma lista de possibilidades,

mas prefiro que penses tu nos teus próprios lutos não feitos.

Pode ser uma fase de vida, o passado,

as esperanças, as expectativas,

os amores, os antepassados,

o que procuraste - sem nunca ter conseguido -

enterrar de ti próprio,

ou o que te obrigas a ser e fazer

que te matam e minam a vitalidade, a alegria, a vibração leve e autêntica - 

convencido que estás de que "valor" é fazer os outros felizes, corresponder, fazer o que é "certo" ou "seguro" ou "correcto" ou "aprovado" (pela tua própria autoridade, chamada Consciência, antes de mais) ou cumprir o que achas ser a tua parte de cada "acordo invisível" que tens com os outros, e cujas linhas miudinhas, escritas a tinta invisível, existem tantas vezes mais na tua cabeça do que na "realidade", quero dizer,

naquilo que tu encontras para despejar as tuas próprias regras, percepções e projecções, miopia:

encontras-te a Ti mesmo em toda a tua vida,

e depois crês

que é da Vida que se trata;

nunca ouviste falar das pranchas de Rorschach?



A Vida é a maior prancha de Rorschach que existe:

projectas-te nela permanentemente,

e encontras-te nela permanentemente

e por estes dias,

deves estar tão maravilhosamente confrontado com tudo o que criaste para ti próprio,

que se não percebes ao que chegaste, e como foi que aí te conduziste,

- "o que é que estás a fazer com a tua vida? O que é que estás realmente a fazer com a tua vida?" lembras-te?, a pergunta ecoa, és tu perguntando-te a ti mesmo e de consciência pesada, atraindo julgamento limitação dificuldade e culpa quando não percebes que podes estar a recusar-te ao diálogo contigo próprio, justificando-te e escondendo-te por detrás dos hologramas que projectaste como expressão dos teus conflitos internos

e dizendo que se ao menos não fosse isso,

serias livre e feliz,



Pois bem,

o que é isso?

O que é isso?



O que é isso?

O que é isso de ser Feliz e Livre,

e o que é Felicidade senão cumprirmos os desígnios da nossa própria Alma/Coração,

e Liberdade, o poder de cumprir a promessa a nós próprios de nos cumprirmos, através da responsabilização pelo próprio destino e construção,

o que é Felicidade e Liberdade senão as condições, e o resultado simultâneo, de nos Tornarmos?



Júpiter atingiu o último grau de Aquário:

significa, para os abençoados, um insight derradeiro, uma revelação, a libertação que vem com um rasgo e uma compreensão - 

a compreensão, provavelmente, de tudo quanto é artificial, superficial e fútil - na tua vida, na sociedade, à tua frente, e à tua volta,

e a falta de compaixão para colaborar ou ser cúmplice de sistemas limitados, caducos ou corrompidos. Sem coração. Sem espírito. Sem luz, boa-vontade, fraternidade, liberdade, humanidade ou ética.

Há todo um sistema de crenças, valores, ideias, em colapso.

Há papéis que nos emperram e amputam,

expectativas que nos enredam,

valores profundamente diferentes dos nossos e no entanto,

temos todos de conviver, e se possível,

unir talentos visões e esforços.



Mas ainda é cedo para isso, porque por enquanto ainda estamos a ter de lidar, largamente, connosco próprios e a necessidade de recomeçar, de reiniciar, de reposicionar, de ter um novo início

- mas de outro lugar, e provavelmente - noutra direcção;



Aquário, especialmente com a passagem de Júpiter que agora termina, sendo um signo de Ar, pode bem representar ventos de mudança,

- e para alguns, elevação de perspectiva e convocatória a voos mais altos -

mas com os seus dois regentes (Saturno e Urano) em quadratura todo o ano, e EXACTAMENTE por estes dias (vês ali acima, no mapa, Saturno a 11º Aquário e Urano a 11º Touro?) o sentimento/sensação sejam mais de "mudança presa" ou emperrada,

a gente a querer decidir, a querer avançar,

e sem conseguir.

A gente a querer levantar voo, e sentir demasiado lastro.

O travão a brecar quando queremos acelerar,

nós dando por nós a querer acelerar quando não podemos ou é sábio,

dando por nós a resistir e duvidar da nossa própria vontade de carregar no acelerador, por medo das consequências

(nalguns casos, chama-se a isso "medo da liberdade" - é um sintoma de imaturidade, ou melhor: diagnóstico valioso por estes tempos. Assim, a pessoa sempre sabe no que tem de trabalhar: e não é, definitivamente, marrando e investindo contra as circunstâncias opressoras)

dando por nós a limitar-nos contra a nossa vontade,

ou a indignarmo-nos contra quem nos traz limites e restrições

que faríamos bem em integrar, para que não precisemos de continuar a ser controlados pelas projecções da nossa própria irresponsabilidade e disponibilidade em amadure_Ser.



E também temos tido uma tarefa inescapável, ao longo de todo o ano: a de ter de conciliar, ou compatibilizar, duas áreas de vida (pelo menos) que não têm sido aparentemente possíveis de "ter a funcionar" ao mesmo tempo, ou sem que uma "prejudique" ou morda as canelas da outra.

No teu Mapa Astrológico, esta "luta" tem tido lugar nas áreas de vida regidas por Capricórnio e Aquário, bem como entre as Casas de Touro e Aquário.



Para todos, tem sido uma luta entre o senso de liberdade e auto-determinação, por um lado, e as responsabilidades, limitações ou restrições temporárias, por outro.

Tem sido uma luta entre "tempos": o passado e o futuro.

Entre o conservadorismo e a inovação.

Entre o "establishment" sem indivíduo nem vitalidade, e o indivíduo sem ordem nem sociabilidade.

Entre cumprir, obedecer, colaborar, tolerar, suportar, aceitar, abraçar a limitação e pagar o preço - e rejeitar qualquer restrição, questionar toda a ordem, mandar tudo à fava, chutar o balde, dar o grito do Ipiranga -

e sem conseguir ser total, ou completo, em nenhuma das direcções,

em nenhum dos sentidos.



Está o balde cheio, já meio entornado, e o chão cheio de água

(mas chuto definitivo, já foi?)

Está o Ipiranga inflamado e rouco de tanto gritar para dentro,

ou em jeito de raivinhas de dentes

mas sem ter dado ainda o berro, o tal berro libertador,

qual tira-dentes, festa de samba, e cristo redentor

está o Ipiranga cheio de bronquite

que é o que acontece quando temos raiva que não expressamos:

está o Inverno cheio de problemas respiratórios, é natural,

há quantos anos andamos a dizer que respirar

é fazer Amor com a Vida,

e quem o faz?



É natural

neste tempo de inverno

que o tempo esteja triste, mas nós não precisamos de estar:

só se estivermos vivos, em contacto com a nossa própria alegria de viver e vitalidade,

com as dissonâncias entre o que quer o Coração e a realidade,

que é temporária, ilusória, transitória, e projecção.



Quer o tempo e a verdade um Encontro com o que é mais Essencial, e mais além do medo do esquecimento e da ilusão:

e se honrares, Tu, esse Encontro,

aproveita as quatro paredes

é aí que se te renasce o Menino

é disso que consiste este Natal.



Esse menino há-de crescer e ter uma Missão, aliás, já a tem:

vamos é ver se cada Um de Nós recorda

porque decidimos - desta vez -

vir encarnar, qual Padrão dos Descobrimentos,

nesta faixa de Gaza chamada Belém *





Feliz Contemplação, Estrela *

Observa o Natal desde cima da árvore, e diz-me tu

o que representas como Luz

pairando acima da madeira *



É que o Espírito és Tu, Santo:

o resto,

são as palhinhas que deus te dá para que te possas santificar

e aparar, qual parteira de Ti mesm@,

com cada novo renascimento *



Feliz Natal.



Desacelera. Contempla. Observa. Silencia. Escuta. Cala. Sente-te. Sente. 

Está um novo SER a nascer

no Coração de toda a gente



NUNO MICHAELS








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