uma boa maneira de iniciar esta Prenda matinal, depois de ter estado umas horas a meditar e a sintonizar-me com as energias que apanho "do ar",
a discriminar entre aquilo que é o meu próprio processo "pessoal" e o que é Vida
(isso que começa logo ali, a seguir à preocupação com o nosso próprio umbigo - a ideia é incluí-lo, abraçá-lo e transcendê-lo, não é ignorá-lo - mas também não é ficar preso do seu olho cego)
à laia de prenda de natal
e de legenda,
porque mesmo que se estude Astrologia
e se olhe para os céus regularmente
o facto é
que cada um de nós está condenado a compreender e pensar apenas dentro, e limitado pela sua própria miopia, crenças insconscientes, assumpções, padrões inconscientes, e infra-estrutura "arquitectónica" pessoal
de modo que cada um
acrescenta a sua própria visão míope à miopia alheia,
pode ser que entre todos,
se gere uma Visão *
a minha é esta:
não me admiraria que toda a gente se sinta numa espécie de limite:
ou tipping point.
Por estes dias.
Apertado, sufocado, saturado, impaciente,
como se estivesse emparedado
preso
das maquinações da sua própria mente inconsciente,
que está a passar um filme
(chamado "circunstâncias da vida actual")
para o percebermos
e às criações que precisamos reencenar
para aprender mais qualquer coisa de essencial
sobre nós próprios
para que é que nos encontramos, ou separamos,
e como é que fazemos as camas onde nos deitamos
os fios com que nos cosemos.
Que somos como somos,
que gostamos do que gostamos.
Mercúrio encontra Vénus/Plutão: tudo o que está inquinado precisa ser enfrentado com uma qualidade especial: a Coragem e a disponibilidade em ir ao fundo das coisas, com uma coragem brutal
e o fundo das coisas
termina sempre
no fundo do próprio ser que experiencia a experiência:
o resto é só material.
Material para compor a experiência, digo,
como circunstâncias, pessoas, agentes, personagens, cenários, cenografias - paisagens, delírios, projecções, e outras ilusões criadas pela mente que se projecta na efemeridade das experiências passageiras para se conhecer a si mesmo e poder cumprir-se mais completamente como "dentro" e como "fora", sendo que o fora é o cenário para o filme de dentro,
não digo "material" só no sentido psicanalítico da palavra,
aquele que se refere à tremenda e bruta carga que cada um transporta no seu próprio inconsciente,
memórias de vida,
memória de vidas,
memória de eternidade.
Saudade, conflito, ansiedade, medo, esperança, visões, apelos e esperanças:
sonhos, hesitações, devoções, devaneios, enlevos e envolvimentos.
Cortes, saltos, dissociações, traumas, e paragens de desenvolvimento.
E desde o fundo da sua Alma,
um plano para cumprir
a meio das titubeações, conflitos e debates da sua própria personalidade.
Uma das perguntas mais importantes de fazermos, por estes dias, por estes mesmos dias,
é "o que estou a fazer com a minha vida? O que estou realmente a fazer com a minha vida?"
O que estou a fazer com, e de tudo, o que sou e posso vir a descobrir, cumprir ou realizar?
O que estou a fazer com o meu tempo, com a minha energia, com a minha atenção, com os meus investimentos e escolhas, no que estou a "investir", o que estou a criar, o que estou a servir,
Quais são as motivações mais profundas e autênticas que me movem? O que me faz mover? O que me faz realmente mover?
Para onde vou?
E quem vai comigo?
Estas são, aliás, as duas perguntas MAIS IMPORTANTES que podes fazer a Ti própri@ por estes dias, e de resto - a vida inteira;
Para onde vou?
E quem vai comigo?
A questão
é que tem de ser por esta ordem:
confunde a ordem das perguntas,
e estás perdido para sempre
à procura de ti próprio
fora, no futuro, e nos outros:
estás entregue à sorte de não teres escolhido,
de não te teres posicionado,
de não teres (ainda) ocupado o teu lugar no mundo, e sossegadamente dentro de ti própri@,
e não te leves a mal nem mortifiques:
estamos todos num limite.
Temos andado todos a travar batalhas tremendas para compreender e viver de acordo com o que seja "certo", "verdade", "correcto", "adequado",
e temos andado à luta com as metades da laranja que não reconhecemos como metade da laranja,
por nos termos obrigado (ou acreditado) a escolher a metade (da verdade) como "certa" e projectado no exterior os "estranhos", os "errados", os "inadequados"
- andamos há ano e meio a julgar, a julgar, a julgar,
e agora o critério mudou:
já não interessa tanto a abstracção chamada "certo e verdadeiro",
interessa muito mais agora
honrar o instinto, as entranhas, o autêntico, o "gut feeling"
e recuperar a capacidade
de fazer "jogadas arriscadas"
fé, foco, e deus no comando:
o que quer que nasça do âmago de cada Ser;
não da sua mente calculista e negociante,
assustada, dividida, hesitante,
que quer consolo segurança certeza e controlo
escolhendo coisas, rejeitando coisas,
e se torna a si própria miserável
tentando controlar o mundo.
Já não se trata tanto de estar certo, quem faz bem ou tem razão,
mas de ser feliz à sua própria maneira, e para isso
a mente mente.
Tem sido assim um inferno mental e astral,
porque a mente é um inferno
e a única saída possível é não a levar a sério,
o que é especialmente difícil
quando estamos desconfortáveis, contrariados, indecisos, divididos, ansiosos, e esquecidos
de que está tudo bem, tudo está verdadeiramente bem,
que não é preciso fazer de tudo uma empreitada, um esforço, e um cansaço:
que podemos simplesmente ficar a observar a tirania da mente que está sempre a fazer filmes, para nos puxar para ela, para que lhe demos atenção, e para que pensemos -
enquanto pensamos, estamos separados e dissociados da Vida, e aí:
é só problemas.
Como dizia o Mark Twain, "eu já tive na vida imensos problemas, a maior parte dos quais nunca me aconteceu."
Há no entanto toda uma sabedoria na auscultação das emoções, dos pensamentos e das reacções do corpo:
é provável, nestes dias de limite,
que toda a contrariedade vinda de fora, ou de dentro, seja expressão de alguma forma de tristeza, despedida ou luto não feitos:
podia fazer-te uma lista de possibilidades,
mas prefiro que penses tu nos teus próprios lutos não feitos.
Pode ser uma fase de vida, o passado,
as esperanças, as expectativas,
os amores, os antepassados,
o que procuraste - sem nunca ter conseguido -
enterrar de ti próprio,
ou o que te obrigas a ser e fazer
que te matam e minam a vitalidade, a alegria, a vibração leve e autêntica -
convencido que estás de que "valor" é fazer os outros felizes, corresponder, fazer o que é "certo" ou "seguro" ou "correcto" ou "aprovado" (pela tua própria autoridade, chamada Consciência, antes de mais) ou cumprir o que achas ser a tua parte de cada "acordo invisível" que tens com os outros, e cujas linhas miudinhas, escritas a tinta invisível, existem tantas vezes mais na tua cabeça do que na "realidade", quero dizer,
naquilo que tu encontras para despejar as tuas próprias regras, percepções e projecções, miopia:
encontras-te a Ti mesmo em toda a tua vida,
e depois crês
que é da Vida que se trata;
nunca ouviste falar das pranchas de Rorschach?
A Vida é a maior prancha de Rorschach que existe:
projectas-te nela permanentemente,
e encontras-te nela permanentemente
e por estes dias,
deves estar tão maravilhosamente confrontado com tudo o que criaste para ti próprio,
que se não percebes ao que chegaste, e como foi que aí te conduziste,
- "o que é que estás a fazer com a tua vida? O que é que estás realmente a fazer com a tua vida?" lembras-te?, a pergunta ecoa, és tu perguntando-te a ti mesmo e de consciência pesada, atraindo julgamento limitação dificuldade e culpa quando não percebes que podes estar a recusar-te ao diálogo contigo próprio, justificando-te e escondendo-te por detrás dos hologramas que projectaste como expressão dos teus conflitos internos
e dizendo que se ao menos não fosse isso,
serias livre e feliz,
Pois bem,
o que é isso?
O que é isso?
O que é isso?
O que é isso de ser Feliz e Livre,
e o que é Felicidade senão cumprirmos os desígnios da nossa própria Alma/Coração,
e Liberdade, o poder de cumprir a promessa a nós próprios de nos cumprirmos, através da responsabilização pelo próprio destino e construção,
o que é Felicidade e Liberdade senão as condições, e o resultado simultâneo, de nos Tornarmos?
Júpiter atingiu o último grau de Aquário:
significa, para os abençoados, um insight derradeiro, uma revelação, a libertação que vem com um rasgo e uma compreensão -
a compreensão, provavelmente, de tudo quanto é artificial, superficial e fútil - na tua vida, na sociedade, à tua frente, e à tua volta,
e a falta de compaixão para colaborar ou ser cúmplice de sistemas limitados, caducos ou corrompidos. Sem coração. Sem espírito. Sem luz, boa-vontade, fraternidade, liberdade, humanidade ou ética.
Há todo um sistema de crenças, valores, ideias, em colapso.
Há papéis que nos emperram e amputam,
expectativas que nos enredam,
valores profundamente diferentes dos nossos e no entanto,
temos todos de conviver, e se possível,
unir talentos visões e esforços.
Mas ainda é cedo para isso, porque por enquanto ainda estamos a ter de lidar, largamente, connosco próprios e a necessidade de recomeçar, de reiniciar, de reposicionar, de ter um novo início
- mas de outro lugar, e provavelmente - noutra direcção;
Aquário, especialmente com a passagem de Júpiter que agora termina, sendo um signo de Ar, pode bem representar ventos de mudança,
- e para alguns, elevação de perspectiva e convocatória a voos mais altos -
mas com os seus dois regentes (Saturno e Urano) em quadratura todo o ano, e EXACTAMENTE por estes dias (vês ali acima, no mapa, Saturno a 11º Aquário e Urano a 11º Touro?) o sentimento/sensação sejam mais de "mudança presa" ou emperrada,
a gente a querer decidir, a querer avançar,
e sem conseguir.
A gente a querer levantar voo, e sentir demasiado lastro.
O travão a brecar quando queremos acelerar,
nós dando por nós a querer acelerar quando não podemos ou é sábio,
dando por nós a resistir e duvidar da nossa própria vontade de carregar no acelerador, por medo das consequências
(nalguns casos, chama-se a isso "medo da liberdade" - é um sintoma de imaturidade, ou melhor: diagnóstico valioso por estes tempos. Assim, a pessoa sempre sabe no que tem de trabalhar: e não é, definitivamente, marrando e investindo contra as circunstâncias opressoras)
dando por nós a limitar-nos contra a nossa vontade,
ou a indignarmo-nos contra quem nos traz limites e restrições
que faríamos bem em integrar, para que não precisemos de continuar a ser controlados pelas projecções da nossa própria irresponsabilidade e disponibilidade em amadure_Ser.
E também temos tido uma tarefa inescapável, ao longo de todo o ano: a de ter de conciliar, ou compatibilizar, duas áreas de vida (pelo menos) que não têm sido aparentemente possíveis de "ter a funcionar" ao mesmo tempo, ou sem que uma "prejudique" ou morda as canelas da outra.
No teu Mapa Astrológico, esta "luta" tem tido lugar nas áreas de vida regidas por Capricórnio e Aquário, bem como entre as Casas de Touro e Aquário.
Para todos, tem sido uma luta entre o senso de liberdade e auto-determinação, por um lado, e as responsabilidades, limitações ou restrições temporárias, por outro.
Tem sido uma luta entre "tempos": o passado e o futuro.
Entre o conservadorismo e a inovação.
Entre o "establishment" sem indivíduo nem vitalidade, e o indivíduo sem ordem nem sociabilidade.
Entre cumprir, obedecer, colaborar, tolerar, suportar, aceitar, abraçar a limitação e pagar o preço - e rejeitar qualquer restrição, questionar toda a ordem, mandar tudo à fava, chutar o balde, dar o grito do Ipiranga -
e sem conseguir ser total, ou completo, em nenhuma das direcções,
em nenhum dos sentidos.
Está o balde cheio, já meio entornado, e o chão cheio de água
(mas chuto definitivo, já foi?)
Está o Ipiranga inflamado e rouco de tanto gritar para dentro,
ou em jeito de raivinhas de dentes
mas sem ter dado ainda o berro, o tal berro libertador,
qual tira-dentes, festa de samba, e cristo redentor
está o Ipiranga cheio de bronquite
que é o que acontece quando temos raiva que não expressamos:
está o Inverno cheio de problemas respiratórios, é natural,
há quantos anos andamos a dizer que respirar
é fazer Amor com a Vida,
e quem o faz?
É natural
neste tempo de inverno
que o tempo esteja triste, mas nós não precisamos de estar:
só se estivermos vivos, em contacto com a nossa própria alegria de viver e vitalidade,
com as dissonâncias entre o que quer o Coração e a realidade,
que é temporária, ilusória, transitória, e projecção.
Quer o tempo e a verdade um Encontro com o que é mais Essencial, e mais além do medo do esquecimento e da ilusão:
e se honrares, Tu, esse Encontro,
aproveita as quatro paredes
é aí que se te renasce o Menino
é disso que consiste este Natal.
Esse menino há-de crescer e ter uma Missão, aliás, já a tem:
vamos é ver se cada Um de Nós recorda
porque decidimos - desta vez -
vir encarnar, qual Padrão dos Descobrimentos,
nesta faixa de Gaza chamada Belém *
Feliz Contemplação, Estrela *
Observa o Natal desde cima da árvore, e diz-me tu
o que representas como Luz
pairando acima da madeira *
É que o Espírito és Tu, Santo:
o resto,
são as palhinhas que deus te dá para que te possas santificar
e aparar, qual parteira de Ti mesm@,
com cada novo renascimento *
Feliz Natal.
Desacelera. Contempla. Observa. Silencia. Escuta. Cala. Sente-te. Sente.
Está um novo SER a nascer
no Coração de toda a gente
NUNO MICHAELS
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