Um fruto maduro ...
ai se ele apodrece
por esperar de mais!
Ai se a árvore morre,
ai se a terra seca
- homem, não esperes!
Ai se a vida passa
sobre os nossos corpos,
e tu se acaba
sem que a nossa mão
se apoderado
do fruto que espera!
Que se tudo morre
nas ondas vencidas
dum mar que se acalma ...
que se nada resta
mais alto subindo
depois da derrota ...
que se nada há
tão forte de vida
que mais se levante
quanto mais caiu ...
então só nos resta
uma triste cantiga
da vida ceifada:
Fomos levados de mãos atadas,
nós traídos, fomos roubados
da nossa autêntica identidade.
Fomos ceifados da nossa vida,
de nós fizemos pior que entulho,
nada alterado do que era nosso.
Em vão lançámos as mãos prà vida;
em vão quisemos que fosse nossa.
Donos de nada, em tudo intrusos,
temos apenas, bem nossa, a morte.
Adolfo Casais Monteiro
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