Dina Alfasi
Aquela pessoa que eu via todo dia, e que após a separação nunca mais a vi – um amigo, um colega de escola ou de trabalho, o ex-cônjuge –. Anos depois ela está tão morta quanto viva. Morta porque em nada mais participa em minha vida e eu na dela. Viva porque nada sei de sua vida. De repente pode até estar morta de fato, mas em minha memória continua sendo o que era na última vez que a vi. Porém, aquela pessoa não existe mais. Está morta. Se eu vê-la de novo talvez nem a reconheça. Envelheceu, emagreceu ou engordou, mudou a mentalidade, transformou-se em alguém que nem ela própria reconheceria completamente. Aquela pessoa que eu via todo dia e nunca mais vi, morreu apesar de ainda viver; ou continua viva, apesar de morta. Assim, também sou um vivo-morto na lembrança de quem nunca mais me viu. Congelei no tempo. Tornei-me eterno.Gutto Carrer Lima
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