Amit Goswami
O Desejo tem
má reputação na Espiritualidade.
A Origem do sofrimento é a ligação às coisas passageiras e a ignorância que daí provém. As coisas passageiras não incluem apenas os objectos físicos que nos rodeiam, mas também ideias, num sentido mais lato, tudo objectos da percepção. A ignorância é a falta de compreensão de como a nossa Mente está ligada a coisas impermanentes. As razões para o sofrimento são o Desejo, Paixão, Ardor, procura de Riquezas e Prestígio, busca por Fama e Popularidade. Resumindo: Anseio e Dependência.
Isto até
parece que todas essas coisas são o inimigo, a lista dos culpados.
Os
seguidores do Budismo tentam suprimir estas emoções das suas mentes, e ter uma
vida sem desejo e sem paixão. Contudo, Anseio e Dependência dão uma pista para
o verdadeiro culpado do sofrimento:
Não é o Desejo, mas sim
O sábio
indiano Ramakrishna disse em relação às Emoções:
Em todos estes ensinamentos,
não é a emoção, mas a Ligação (a dependência) à Emoção, que
origina todo o sofrimento e dor na vida.
E é aqui, na
Dependência das emoções, que a Espiritualidade se cruza com a ciência.
Segundo o
Budismo, é esta Ligação a essas emoções que nos mantém presos na Roda da Vida,
Morte, Renascimento, em vidas sucessivas.
DESEJO E
PAIXÃO – AMIGO OU INIMIGO?
O desejo e a
paixão alimentam a Evolução e a Mudança.
“Temos de
ter vontade e paixão para sair dos limites da nossa zona de conforto”
Joe Dispenza
É a
rotulação do Desejo como mau que o envia para a cave da repressão.
As pessoas
sentem-se culpadas, criticadas, por afirmarem frontalmente que desejam. E por
isso, mascaram os seus desejos por algo que não seja criticado mas sim louvado.
Por exemplo:
Um político que se candidata a chefe de governo, dizer que o faz para ajudar o
país e os cidadãos, quando na verdade deseja poder, prestígio, fama e
reconhecimento. Ou talvez queira poder para encobrir um sentimento de
insegurança e indignidade.
Neste caso,
obter poder não irá resolver nada.
Se o verdadeiro desejo é revestir-se de um outro, politicamente correcto, ou se um desejo tem um outro subjacente, isso significa que estão a ser activadas duas redes de neurónios.
A mente fica dividida e isso não funciona com a Intenção.
Em qual dos
dois deveremos carregar no botão “Iniciar”?
“O Desejo é um mecanismo para eu me examinar e reflectir a minha compreensão sobre a realidade para a experiência. Através de qualquer desejo que eu tenha, posso examinar o porquê de ter esse desejo. Faço perguntas como:
O que é que realizar este desejo me vai trazer em termos de Realização?Será por causa de uma Dependência Emocional?Será que alcançar este desejo me irá trazer uma nova experiência?Estarei a repetir uma experiência?Quando posso examinar os meus desejos desta forma, consigo ver porque os tenho, e isso ajuda-me a clarificar a minha Intenção.Se o meu desejo é de poder, e eu reconheço que quero sentir poder sob uma nova perspectiva, e reconheço porque quero ter essa experiência, então posso ter essa experiência e seguir em frente, porque sei verdadeiramente o que quero e porquê.A clareza e a honestidade tornam a experiência em algo da qual posso retirar conhecimento.”
Betsy Chasse
ESCOLHA
Alguém tem
de escolher. E quem escolhe?
Duas
Entidades:
- A
personalidade
Esta forma
de organizar os seus dois EUS traz ao de cima a velha separação Ego/Deus,
Matéria/Espírito.
Sabemos que
se for a personalidade, a escolha provém das redes preexistentes, ou seja,
experiências e emoções passadas e as dependências daí provenientes. Neste caso,
o botão “Iniciar” será mais “Repetir”. Esta escolha provém de uma decisão
inconsciente e automática.
O verdadeiro
botão “Iniciar” provém do lado Espiritual.
Dos Desejos que me vão surgindo, como posso saber quais são provenientes do Ego, e quais são provenientes da Alma?
Os que
provêm da alma são por vezes estranhos, invulgares, aparentemente impossíveis,
loucos, esquisitos, quando comparados com as nossas rotinas normais.
É frequente
aquela voz que vem do nosso lado transcendente, esse desejo louco por
sabedoria, que opera uma transformação que ninguém poderia adivinhar.
É por isso
que é tão importante não julgar os Desejos, mas sim observar cuidadosamente os
desejos antes de escolher.
E Eis a
Escolha:
O livre arbítrio
reside no nosso lóbulo frontal , e podemos treinar-nos para fazer escolhas mais
inteligentes e ter consciência das escolhas que fazemos. Podemos encher o nosso
córtex frontal ao fazer Yoga e Meditação, por exemplo.
Mas, que
Personalidade/Ego ou Transcendente/Espírito é que faz a Escolha?
Neurologicamente,
a escolha provém de uma rede existente ou vem do córtex frontal.
Em que mundo tu vives?
INTENÇÃO
Do outro
lado da Escolha, está a Acção!
Mas antes,
temos de saber o porquê de estarmos a criar o que somos, a partir de que
níveis, e como tornar estas criações mais conscientes e poderosas.
O lóbulo
frontal é a área do cérebro responsável pela intenção firme, pela tomada de
decisões, pela regulação do comportamento, pela inspiração. E à medida que
desenvolvemos essa capacidade enquanto Seres Humanos, fazemos outras escolhas
que irão afectar o nosso potencial e a nossa evolução. Isto é o que nos
distingue das outras espécies.
A única coisa constante é a mudança!
E é por isto que o desejo é necessário, e nem sempre é mau.
Quando não
se consegue atingir tudo isto, é meramente por falta de concentração.
Para a
intenção funcionar, tem de ser concentrada, sem distrações do mundo material.
“A maior parte das pessoas para porque procura resultados após um pequeno esforço, e quando não vêem resultados, ignoram imediatamente a possibilidade.
E no entanto, do outro lado disso, para lá do ponto onde param, ainda está o potencial.Somos seres humanos preguiçosos. Vivemos num mundo de conveniências, e se não tivermos imediatamente o que queremos, ficamos impacientes.”
Joe Dispenza
Mas, não
podemos culpar o mundo pela nossa falta de concentração.
Desejar,
desejar, desejar - concentrar-se,
concentrar-se, concentrar-se!
Só assim a
magia acontece.
MUDANÇA OBSERVÁVEL
Se nunca se
aventurar em caminhos desconhecidos, a mudança nunca irá acontecer.
O mundo
subatómico responde à nossa observação, mas uma pessoa comum perde a
concentração ao fim de 6 a 10 segundos.
Como podem as coisas grandes responder
O Dr joe
dispensa diz que somos maus observadores, que não dominamos a arte de observar,
que estamos tão viciados no mundo exterior e nos seus estímulos/respostas que o
nosso cérebro começou a trabalhar por resposta em vez de por criação.
Se fizermos
o esforço de nos sentarmos e projectarmos uma nova vida, e fizermos disso a
coisa mais importante, e investirmos tempo todos os dias a alimentá-la, como um
jardineiro alimenta uma semente, iremos produzir frutos.
Ao início
pode levar algum tempo, a desenvolver a arte de controlar a mente, na direcção
do que precisa ser feito.
Sentar-nos
todos os dias e dar graças por estarmos aqui, vivos, pela vida que temos. E
observar com sinceridade pura, para podermos desenhar um novo futuro possível
para nós. Se o fizermos bem, e observarmos convenientemente, as oportunidades
deverão começar a aparecer nas nossas vidas – não iguais ao que prevemos, mas
fora da nossa previsão.
Tem de estar fora da nossa previsão porque,
Como podemos
criar um mundo novo se conseguirmos prever o resultado?
Só se o que surgir for diferente da nossa previsão
A física
quântica funciona com as coisas minúsculas.
Não é que o
Campo Quântico não responda, temos é de elevar o nosso nível de vontade e de
sinceridade. E quando isso acontece, vemos resultados mensuráveis nas nossas
vidas.
Para mudar, fazemos intenção de mudar.
É preciso
querer mudar. Desejar mudar!
O mundo material, o mundo da matéria, é mecânico como um relógio e resiste á mudança.
As
dependências emocionais estão ligadas desde o início de tudo.
Eu crio a minha realidade segundo o meu mundo emocional, e essa realidade é criada por mim porque o meu corpo tornou-se dependente das mesmas experiências/emoções/químicos endógenos. Essas experiências estão ligadas ao meu cérebro através de experiências do passado, dados antigos arquivados no meu cérebro.
Então,
Como é que eu passo do meu estado de dependência emocional, para um estado mais elevado?
O que é “possuir” uma emoção?
Significa que essa emoção já não tem poder sobre mim.
Já não tem
poder sobre as minhas escolhas.
Identificar,
por escrito (ex: diário, etc…), cada emoção, e os eventos aos quais estão
ligadas, e as Dependências Emocionais que estão por trás desses eventos.
Perguntar a
mim mesma:
- Preciso mesmo disto?
- Faz bem a quem/a quê?
- Vai resolver o problema?
- Vejo isto como um problema?
- Vai fazer-me evoluir?
Responder a
estas questões permite-nos ter tempo de observação de qualidade. E cria espaço
para escolher o nosso estado emocional para esse evento em questão, afectando a
nossa realidade de forma a irmos em frente.
Existem
várias camadas de dependência emocional.
A ira é um
subproduto do ressentimento.
Que é um
subproduto do fracasso.
Que é um
subproduto da vitimização,
Etc…
Reconstruir-me
a partir do meu interior.
Observar com
calma, o meu meio ambiente, a minha realidade:
Pessoas,
locais, coisas, tempos, eventos, saúde e doenças, etc…
Ao observar
tudo isto com Verdade, posso ver como as minhas dependências emocionais criaram
a minha realidade. E posso ver também como elas continuam a manipular-me e a
criar situações idênticas de formas sucessivas.
E por fim,
tirar tempo todos os dias para sentar e criar a minha realidade
conscientemente.
Não dizer: “quero
um milhão de euros “ porque isso é mais uma dependência emocional.
Mas sim:
CONCENTRAR-ME na abundância e acreditar que a pureza da minha intenção me irá
trazer a abundância sob uma forma que me fará evoluir.
Porque é
apenas disso que se trata! EVOLUIR!
Evoluir para
um nível mais elevado de consciência.
O que significa que, tenho emoções e experiências que preciso de ter, que são necessárias para a minha evolução, e depois “possuo-as”.
E assim
passo a fazer escolhas diferentes, que me trarão experiências diferentes, e me
farão sentir emoções diferentes…tudo isto me levará por um caminho maior.
- O que deseja e espera que se torne realidade?
- Por que o deseja?
- De onde vem esse desejo?
- Em que é que cumprir esse desejo o satisfaz?
- A sua realidade mudaria se concretizasse esse desejo?
- O seu paradigma mudaria?
- Está disposto a abdicar de tudo no seu paradigma actual, para concretizar esse desejo?
- Tem de o fazer?
in, Afinal O
Que Sabemos Nós?
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