quarta-feira, 30 de setembro de 2020
Caged Bird
DESEJO – ESCOLHA – INTENÇÃO - MUDANÇA
Amit Goswami
O Desejo tem
má reputação na Espiritualidade.
A Origem do sofrimento é a ligação às coisas passageiras e a ignorância que daí provém. As coisas passageiras não incluem apenas os objectos físicos que nos rodeiam, mas também ideias, num sentido mais lato, tudo objectos da percepção. A ignorância é a falta de compreensão de como a nossa Mente está ligada a coisas impermanentes. As razões para o sofrimento são o Desejo, Paixão, Ardor, procura de Riquezas e Prestígio, busca por Fama e Popularidade. Resumindo: Anseio e Dependência.
Isto até
parece que todas essas coisas são o inimigo, a lista dos culpados.
Os
seguidores do Budismo tentam suprimir estas emoções das suas mentes, e ter uma
vida sem desejo e sem paixão. Contudo, Anseio e Dependência dão uma pista para
o verdadeiro culpado do sofrimento:
Não é o Desejo, mas sim
O sábio
indiano Ramakrishna disse em relação às Emoções:
Em todos estes ensinamentos,
não é a emoção, mas a Ligação (a dependência) à Emoção, que
origina todo o sofrimento e dor na vida.
E é aqui, na
Dependência das emoções, que a Espiritualidade se cruza com a ciência.
Segundo o
Budismo, é esta Ligação a essas emoções que nos mantém presos na Roda da Vida,
Morte, Renascimento, em vidas sucessivas.
DESEJO E
PAIXÃO – AMIGO OU INIMIGO?
O desejo e a
paixão alimentam a Evolução e a Mudança.
“Temos de
ter vontade e paixão para sair dos limites da nossa zona de conforto”
Joe Dispenza
É a
rotulação do Desejo como mau que o envia para a cave da repressão.
As pessoas
sentem-se culpadas, criticadas, por afirmarem frontalmente que desejam. E por
isso, mascaram os seus desejos por algo que não seja criticado mas sim louvado.
Por exemplo:
Um político que se candidata a chefe de governo, dizer que o faz para ajudar o
país e os cidadãos, quando na verdade deseja poder, prestígio, fama e
reconhecimento. Ou talvez queira poder para encobrir um sentimento de
insegurança e indignidade.
Neste caso,
obter poder não irá resolver nada.
Se o verdadeiro desejo é revestir-se de um outro, politicamente correcto, ou se um desejo tem um outro subjacente, isso significa que estão a ser activadas duas redes de neurónios.
A mente fica dividida e isso não funciona com a Intenção.
Em qual dos
dois deveremos carregar no botão “Iniciar”?
“O Desejo é um mecanismo para eu me examinar e reflectir a minha compreensão sobre a realidade para a experiência. Através de qualquer desejo que eu tenha, posso examinar o porquê de ter esse desejo. Faço perguntas como:
O que é que realizar este desejo me vai trazer em termos de Realização?Será por causa de uma Dependência Emocional?Será que alcançar este desejo me irá trazer uma nova experiência?Estarei a repetir uma experiência?Quando posso examinar os meus desejos desta forma, consigo ver porque os tenho, e isso ajuda-me a clarificar a minha Intenção.Se o meu desejo é de poder, e eu reconheço que quero sentir poder sob uma nova perspectiva, e reconheço porque quero ter essa experiência, então posso ter essa experiência e seguir em frente, porque sei verdadeiramente o que quero e porquê.A clareza e a honestidade tornam a experiência em algo da qual posso retirar conhecimento.”
Betsy Chasse
ESCOLHA
Alguém tem
de escolher. E quem escolhe?
Duas
Entidades:
- A
personalidade
Esta forma
de organizar os seus dois EUS traz ao de cima a velha separação Ego/Deus,
Matéria/Espírito.
Sabemos que
se for a personalidade, a escolha provém das redes preexistentes, ou seja,
experiências e emoções passadas e as dependências daí provenientes. Neste caso,
o botão “Iniciar” será mais “Repetir”. Esta escolha provém de uma decisão
inconsciente e automática.
O verdadeiro
botão “Iniciar” provém do lado Espiritual.
Dos Desejos que me vão surgindo, como posso saber quais são provenientes do Ego, e quais são provenientes da Alma?
Os que
provêm da alma são por vezes estranhos, invulgares, aparentemente impossíveis,
loucos, esquisitos, quando comparados com as nossas rotinas normais.
É frequente
aquela voz que vem do nosso lado transcendente, esse desejo louco por
sabedoria, que opera uma transformação que ninguém poderia adivinhar.
É por isso
que é tão importante não julgar os Desejos, mas sim observar cuidadosamente os
desejos antes de escolher.
E Eis a
Escolha:
O livre arbítrio
reside no nosso lóbulo frontal , e podemos treinar-nos para fazer escolhas mais
inteligentes e ter consciência das escolhas que fazemos. Podemos encher o nosso
córtex frontal ao fazer Yoga e Meditação, por exemplo.
Mas, que
Personalidade/Ego ou Transcendente/Espírito é que faz a Escolha?
Neurologicamente,
a escolha provém de uma rede existente ou vem do córtex frontal.
Em que mundo tu vives?
INTENÇÃO
Do outro
lado da Escolha, está a Acção!
Mas antes,
temos de saber o porquê de estarmos a criar o que somos, a partir de que
níveis, e como tornar estas criações mais conscientes e poderosas.
O lóbulo
frontal é a área do cérebro responsável pela intenção firme, pela tomada de
decisões, pela regulação do comportamento, pela inspiração. E à medida que
desenvolvemos essa capacidade enquanto Seres Humanos, fazemos outras escolhas
que irão afectar o nosso potencial e a nossa evolução. Isto é o que nos
distingue das outras espécies.
A única coisa constante é a mudança!
E é por isto que o desejo é necessário, e nem sempre é mau.
Quando não
se consegue atingir tudo isto, é meramente por falta de concentração.
Para a
intenção funcionar, tem de ser concentrada, sem distrações do mundo material.
“A maior parte das pessoas para porque procura resultados após um pequeno esforço, e quando não vêem resultados, ignoram imediatamente a possibilidade.
E no entanto, do outro lado disso, para lá do ponto onde param, ainda está o potencial.Somos seres humanos preguiçosos. Vivemos num mundo de conveniências, e se não tivermos imediatamente o que queremos, ficamos impacientes.”
Joe Dispenza
Mas, não
podemos culpar o mundo pela nossa falta de concentração.
Desejar,
desejar, desejar - concentrar-se,
concentrar-se, concentrar-se!
Só assim a
magia acontece.
MUDANÇA OBSERVÁVEL
Se nunca se
aventurar em caminhos desconhecidos, a mudança nunca irá acontecer.
O mundo
subatómico responde à nossa observação, mas uma pessoa comum perde a
concentração ao fim de 6 a 10 segundos.
Como podem as coisas grandes responder
O Dr joe
dispensa diz que somos maus observadores, que não dominamos a arte de observar,
que estamos tão viciados no mundo exterior e nos seus estímulos/respostas que o
nosso cérebro começou a trabalhar por resposta em vez de por criação.
Se fizermos
o esforço de nos sentarmos e projectarmos uma nova vida, e fizermos disso a
coisa mais importante, e investirmos tempo todos os dias a alimentá-la, como um
jardineiro alimenta uma semente, iremos produzir frutos.
Ao início
pode levar algum tempo, a desenvolver a arte de controlar a mente, na direcção
do que precisa ser feito.
Sentar-nos
todos os dias e dar graças por estarmos aqui, vivos, pela vida que temos. E
observar com sinceridade pura, para podermos desenhar um novo futuro possível
para nós. Se o fizermos bem, e observarmos convenientemente, as oportunidades
deverão começar a aparecer nas nossas vidas – não iguais ao que prevemos, mas
fora da nossa previsão.
Tem de estar fora da nossa previsão porque,
Como podemos
criar um mundo novo se conseguirmos prever o resultado?
Só se o que surgir for diferente da nossa previsão
A física
quântica funciona com as coisas minúsculas.
Não é que o
Campo Quântico não responda, temos é de elevar o nosso nível de vontade e de
sinceridade. E quando isso acontece, vemos resultados mensuráveis nas nossas
vidas.
Para mudar, fazemos intenção de mudar.
É preciso
querer mudar. Desejar mudar!
O mundo material, o mundo da matéria, é mecânico como um relógio e resiste á mudança.
As
dependências emocionais estão ligadas desde o início de tudo.
Eu crio a minha realidade segundo o meu mundo emocional, e essa realidade é criada por mim porque o meu corpo tornou-se dependente das mesmas experiências/emoções/químicos endógenos. Essas experiências estão ligadas ao meu cérebro através de experiências do passado, dados antigos arquivados no meu cérebro.
Então,
Como é que eu passo do meu estado de dependência emocional, para um estado mais elevado?
O que é “possuir” uma emoção?
Significa que essa emoção já não tem poder sobre mim.
Já não tem
poder sobre as minhas escolhas.
Identificar,
por escrito (ex: diário, etc…), cada emoção, e os eventos aos quais estão
ligadas, e as Dependências Emocionais que estão por trás desses eventos.
Perguntar a
mim mesma:
- Preciso mesmo disto?
- Faz bem a quem/a quê?
- Vai resolver o problema?
- Vejo isto como um problema?
- Vai fazer-me evoluir?
Responder a
estas questões permite-nos ter tempo de observação de qualidade. E cria espaço
para escolher o nosso estado emocional para esse evento em questão, afectando a
nossa realidade de forma a irmos em frente.
Existem
várias camadas de dependência emocional.
A ira é um
subproduto do ressentimento.
Que é um
subproduto do fracasso.
Que é um
subproduto da vitimização,
Etc…
Reconstruir-me
a partir do meu interior.
Observar com
calma, o meu meio ambiente, a minha realidade:
Pessoas,
locais, coisas, tempos, eventos, saúde e doenças, etc…
Ao observar
tudo isto com Verdade, posso ver como as minhas dependências emocionais criaram
a minha realidade. E posso ver também como elas continuam a manipular-me e a
criar situações idênticas de formas sucessivas.
E por fim,
tirar tempo todos os dias para sentar e criar a minha realidade
conscientemente.
Não dizer: “quero
um milhão de euros “ porque isso é mais uma dependência emocional.
Mas sim:
CONCENTRAR-ME na abundância e acreditar que a pureza da minha intenção me irá
trazer a abundância sob uma forma que me fará evoluir.
Porque é
apenas disso que se trata! EVOLUIR!
Evoluir para
um nível mais elevado de consciência.
O que significa que, tenho emoções e experiências que preciso de ter, que são necessárias para a minha evolução, e depois “possuo-as”.
E assim
passo a fazer escolhas diferentes, que me trarão experiências diferentes, e me
farão sentir emoções diferentes…tudo isto me levará por um caminho maior.
- O que deseja e espera que se torne realidade?
- Por que o deseja?
- De onde vem esse desejo?
- Em que é que cumprir esse desejo o satisfaz?
- A sua realidade mudaria se concretizasse esse desejo?
- O seu paradigma mudaria?
- Está disposto a abdicar de tudo no seu paradigma actual, para concretizar esse desejo?
- Tem de o fazer?
in, Afinal O
Que Sabemos Nós?
terça-feira, 29 de setembro de 2020
Alone
O não-ser
O mercador se deteve por um momento e, ao dar-lhe o que pedia, perguntou ao monge:
O monge lhe respondeu:
“Em comparação com o Ultimo que busco, o resto parece desprezível.”
Mas o mercador perguntou ainda:
“Se existe um Ultimo, como pode ser algo que alguém possa buscar e encontrar como se estivesse no fim de um caminho?
Como poderia alguém sair ao seu encontro como se fosse uma coisa entre outras e muitas, e apossar-se dele mais do que outros e muitos?
E inversamente, como poderia alguém afastar-se desse Último, ser menos conduzido por ele ou estar menos a seu serviço do que as outras pessoas?"
O monge retrucou:
“Encontra o Ultimo quem renuncia ao próximo e ao presente. ”
Mas o mercador ainda ponderou:
“Se existe o Ultimo, ele está perto de cada pessoa, mesmo que esteja oculto no que nos aparece e no que permanece, assim como em cada ser se oculta um não-ser e em cada agora, um antes e um depois.
Comparado ao ser, que experimentamos como fugaz e limitado, o não-ser nos parece infinito, como o de onde e o para onde, comparados ao agora.
Porém o não-ser se revela a nós no ser, assim como o de onde e o para onde se revelam no agora.
O não-ser, como a noite e como a morte, é um início desconhecido e só por um breve instante, como um raio, nos abre seu olho no ser.
Assim também, o Último só se aproxima de nós no que está perto e brilha agora.”
Então o monge perguntou, por sua vez:
“Se o que você diz fosse a verdade, o que restaria ainda a mim e a você?"
O mercador respondeu:
“Ainda nos restaria, por algum tempo, a terra.”
Bert Hellinger
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
O destino
SUBLINHADOS
Eu não parava de elogiar o livro. Afirmei que havia sido uma de minhas leituras mais desconcertantes, que vários trechos haviam mexido demais comigo, e minha amiga ali, de boca aberta, testemunhando meu entusiasmo. Eu estava de fato empolgada, tanto que, quando percebi a bobagem que estava fazendo, era tarde demais. "Me empresta?", ela perguntou.
Não que ela fosse do tipo que some com os livros da gente. É ajuizada, devolve. Mas aquele exemplar específico estava todo sublinhado. Eu havia destacado longos parágrafos, distribuído pontos de exclamação nas margens, feito anotações próprias acerca das ideias do autor. Ou seja, eu não havia lido o livro, eu havia me relacionado com ele. Intimamente. E isso iria parar nas mãos de uma pessoa com quem eu não tinha a mesma intimidade.
O vínculo que estabeleço com meus livros está longe de ser solene. Eu não só sublinho bastante (à caneta!), como dobro as pontas das páginas e anoto, no reverso branco das capas, coisas aleatórias que me passam pela cabeça durante a leitura: lembranças de sonhos, números de telefone, listas de tarefas, enfim, sou uma herege completa. Meus livros, minhas regras.
Empresto-os, fazer o quê, mas não é uma situação confortável. Se um nude meu vazasse, não me sentiria tão exposta.
Estou exagerando? Muito, é um cacoete. Sei que nada disso é uma tragédia. Foi o que eu disse a uma amiga, na vez em que a indiscreta fui eu: pedi emprestado um livro dela, sem saber que tínhamos o mesmo hábito. O livro revelava sua alma atormentada, marcada a esferográfica vermelha.
Tentei convencê-la: "fique tranquila, você acha que prestarei atenção no que você sublinhou?" Claro que prestei atenção nos sublinhados dela, ora. Fiz conjecturas. Especulações. Por que, santo Cristo, uma passagem violenta havia calado fundo em seu coração? Perdi a concentração na história, de tão envolvida que fiquei com os impactos que ela teve durante o decorrer da narrativa. Era justo com a pobrezinha?
Ter tido acesso a seus sublinhados foi um voyeurismo culposo, sem intenção de futricar, mas aconteceu, acidentalmente. É sempre acidental, o que não deixa de ser invasivo. Portanto, vida longa aos sebos. O primeiro proprietário do livro, se também era dado a rabiscos, terá seu anonimato protegido, o que é bem diferente de emprestar o livro para um conhecido e, ao recebê-lo de volta, ter que enfrentar aquele olhar cúmplice de quem gostaria de dizer, mas não diz: "eu sei o que perturbou você".
Por essas e outras, está lançada a campanha #compreseusproprioslivros. Ou, ainda mais importante: #frequentebibliotecas.
Assim, você fará a suprema gentileza de não se intrometer na mais fechada relação a dois.
Martha Medeiros
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
MANCHAS DE VOZ
This is How we Survive the Dark Night of the Soul
I first heard of “the dark night of the soul” after seeing Elizabeth Gilbert, author of Eat, Pray, Love, speak at a weekend Oprah conference.
I attended the conference—which featured multiple, well-known speakers like Rob Bell, Iyanla Vanzant, and Mark Nepo—with my closest girlfriends. We were each hoping to find answers to the questions that kept us up at night.
I was most excited to hear Gilbert speak. I had devoured her book and waited anxiously for what I hoped were words of advice. This is what I remember: She spoke about the hero’s journey, a tale in which the hero or heroine is called to an adventure, experiences a crisis, and ends up transformed.
Specifically, I remember her describing her call to take a hero’s journey the night when she crumbled to the bathroom floor and spoke to God for the first time—the night that led her to transform her life. At the time, I had no idea that her words were an omen.
The second time I heard that phrase was a month or so later. I was reading Paulo Coelho’s book, The Alchemist, and one passage in particular stood out to me:
“What you still need to know is this: before a dream is realized, the Soul of the World tests everything that was learned along the way. It does this not because it is evil, but so that we can, in addition to realizing our dreams, master the lessons we’ve learned as we’ve moved toward that dream. That’s the point at which most people give up. It’s the point at which, as we say in the language of the desert, one ‘dies of thirst just when the palm trees have appeared on the horizon’…Every search begins with beginner’s luck. And every search ends with the victor’s being severely tested. The boy remembered an old proverb from his country. It said that the darkest hour of the night came just before the dawn.”
That was my second omen.
The third time, I experienced my own dark night of the soul.
It was the middle of February. We’d had record snowfall and the beauty outside was nowhere to be found inside my kitchen that day. School had been cancelled, and I was home alone with nothing to distract me from my panicked thoughts. I was in the middle of mediating a divorce, and my husband and I were still living in the same house.
I slept in a back basement bedroom where I felt I belonged—hidden away from the rest of my family members, undeserving of existing in their space. I had requested the divorce, and felt the enormity of my decision on that cold, still morning. Standing at the garden window, I gazed at the pristine white snow and wished I felt as clean inside.
A wave of anxiety rushed over me. I waited for it to pass through me, but it bedded down like a sleeping deer—crushing the grass beneath it. It was so heavy that it forced me to my knees. I gulped in large swallows of air and begged God to make the pain stop. I heard nothing, only myself straining for breath.
I felt like I was dying a slow death, and my soul was vanishing. I no longer knew who I was. I only knew I would never be the same.
A dark night of the soul occurs when change is necessary.
The beauty of the dark night is the sliver of light that gently wakes us at dawn. But beware:
That’s when the adventure begins.
Feelings that have been suppressed for years must be peeled back, layer by layer, then microscopically examined. In doing so, one reaches the core. The core is not a happy place. The core is the details—the when, where, why, how, what, and who we become as a result of the experiences we’ve had throughout our lives.
To fully awaken means we must change our script, our unconscious behavior. My script included: avoiding conflict; a lack of boundaries; suppressing emotions, desires, and needs; disassociating from negative feelings; unworthiness; and choosing unhealthy relationships.
Changing a script requires awareness, discipline, a support system, and forgiveness. It is a redefinition of ourselves—it is also the beginning of an incredible adventure.
While processing through the necessary work of healing, transformation happens quietly, like the change of seasons. Suddenly, you notice the leaves change color and wonder, “When did that happen? Where did summer go?” Yes, leaves change color; they fall off and die, but a remarkable miracle occurs.
When it seems like all hope is lost, a tiny bud emerges. It is delicate and fragile and unsure. Before long, the tree is bursting with beautiful blossoms. The tree stands tall and proud and majestic.
Now, the fun begins!
Once we have acknowledged our biggest fears, opened our hearts, and found peace with our past, a new life awaits us. Since my dark night, I have experienced many adventures that have reshaped who I am. I’ve explored new interests, found my tribe, redefined my belief system, and discovered and honed hidden talents. In fact, I no longer recognize the person I left behind.
I am proud to say she has become a goddess amongst the trees. Her roots are firmly planted, protecting her from the storms that try to shake and bend her. She will not break—not even the thinnest of her branches—because she has weathered the most ferocious of storms. She has weathered the dark night of the soul.
Jill Carbone
The Hero’s Journey : https://dobercoateaotumulo.blogspot.com/2020/08/the-heros-journey.html
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Equality
A Mulher Andina
- Como era a Mulher Andina, antes dos espanhóis cá chegarem?
- A Mulher Andina participava activamente com o seu trabalho na formação e na organização da sociedade. Para além de ter acesso a outras actividades, o seu papel fundamental era o de educar e de formar as gerações futuras. Podia ocupar-se de muitas outras coisas, mas a sua verdadeira realização consistia em ser mãe e esposa. A mulher andina vivia com um homem como sua companheira, amiga e mestra. O seu universo não se circunscrevia à casa, mas contemplava também o mundo exterior; tomava parte não apenas nas festividades e no trabalho, mas também participava nas eleições dos representantes da comunidade. Levava uma vida activa, conforme o seu engenho e argúcia, e exprimia a sua opinião sobre qualquer tema. A mulher Andina, desconhecia o conceito do "Eu", e exprimia-se nos termos da integridade do ser, nos termos do "Nós".
Antes de aceitarem um homem como companheiro de vida, tinham de o conhecer durante um período de convivência; só assim podiam aceitar a pessoa tal como ela era, com todos os seus defeitos e virtudes, sabendo que se poderiam enriquecer reciprocamente.
Em primeiro lugar, ensinavam-na a ser ela própria, a respeitar-se e a amar-se a si própria. Se não aprendemos a amar-nos, não podemos ensinar aos outros a amar. Não podemos dar o que não temos, e não podemos sequer ensinar o que não aprendemos nem experimentámos. Depois, ensinavam-lhe que o primeiro dever de um índio era o de amar todos os seus semelhantes, caso contrário corria o risco de viver condenado à solidão, ao desespero, à destruição.
Foi um tempo de progreso e de desenvolvimento, porque se respeitavam as diferenças entre os homens e as mulheres, e cultivava-se um modo de pensar e de agir de tipo colectivo.
Hernán Huarache Mamani
in, A Profecia da Curandeira
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Os mediocridade que nos tranquiliza
A escritora Gertrude Stein insistia com os jovens escritores americanos de quem era protectora, Hemingway, Fitzgerald, tantos outros, da importância que teria para eles viverem em Paris. A sua explicação era simples:
– Não é tanto o que Paris dá
(insistia ela)
é o que Paris não tira. Esta frase traz-me sempre à ideia a pergunta que Alexandre Dumas
(gosto de Alexandre Dumas)
faz no seu diário:
“Porque motivo há tantas crianças inteligentes e tantos adultos estúpidos?”
Fica a reflectir acerca disto durante uns parágrafos e acaba por concluir que só pode ser um problema de educação. Por exemplo os desenhos das crianças em geral são magníficos, os dos adultos, excepto no caso de serem artistas de talento, uma bodega. Claro que é um problema de educação: uma criança criativa é herética e subversiva
(até rima, olha)
e claro que isso assusta os professores que exigem dos alunos uma normalização que conduz inevitavelmente à mediocridade que tanto tranquiliza os pais. Queremos que os filhos tenham vidinhas, sejam tristemente independentes, consigam um bom casamento, uma, tanto quanto possível, boa casa, um ordenado simpático, filhos bem educados. Claro que admitimos Gauguin ou Mozart desde que não façam parte da família. Em geral as famílias defendem-se criando um maluquinho. Todas têm aquilo que consideram o maluco da família e, quando o maluco, por qualquer motivo, deixa de o ser, apressam-se a arranjar outro antes que a estrutura se desagregue. Não há nada que assuste mais as pessoas do que a criatividade, nada que as apavore mais do que a diferença.
A sociedade necessita de medíocres que não ponham em questão os princípios fundamentais e eles aí estão: dirigem os países, as grandes empresas, os ministérios, etc. Eu oiço-os falar e pasmo não haver praticamente um único líder que não seja pateta, um único discurso que não seja um rol de lugares comuns. Mas os que giram em torno deles não são melhores. Desconhecemos até os nossos grandes homens: quem leu Camões por exemplo? Quase ninguém. Quem sabe alguma coisa sobre Afonso de Albuquerque? Mas todos os dias há paleios cretinos acerca de futebol em quase todos os canais. Porque não é perigoso. Porque tranquiliza.
Os programas de televisão são quase sempre miseráveis mas é vital que sejam miseráveis. E queremos que as nossas crianças se tornem adultos miseráveis também, o que para as pessoas em geral significa responsáveis. Reparem, por exemplo, em Churchill. Quando tudo estava normal, pacífico, calmo, não o queriam como governante. Nas situações extremas, quando era necessário um homem corajoso, lúcido, clarividente, imaginativo, iam a correr buscá-lo. Os homens excepcionais servem apenas para situações excepcionais, pois são os únicos capazes de as resolverem. Desaparece a situação excepcional e prescindimos deles.
Gostamos dos idiotas porque não nos colocam em causa. Quanto às pessoas de alto nível a sociedade descobriu uma forma espantosa de as neutralizar: adoptou-as. Fez de Garrett e Camilo viscondes, como a Inglaterra adoptou Dickens. E pronto, ei-los na ordem, com alguns desvios que a gente perdoa porque são assim meio esquisitos, sabes como ele é, coitado, mas, apesar disso, tem qualidades. Temos medo do novo, do diferente, do que incomoda o sossego.
A criatividade foi sempre uma ameaça tremenda: e então entronizamos meios-artistas, meios-cientistas, meios-escritores. Claro que há aqueles malucos como Picasso ou Miró e necessitamos de os ter no Zoológico do nosso espírito embora entreguemos o nosso dinheiro a imbecis oportunistas a que chamamos gestores. E, claro, os gestores gastam mais do que gerem, com o seu português horrível e a sua habilidade de vendedores ambulantes: Porquê? Porque nos sossegam. Salazar sossegava. De Gaulle, goste-se dele ou não, inquietava. Eu faria um único teste aos políticos, aos administradores, a essa gentinha. Um teste ao seu sentido de humor. Apontem-me um que o tenha. Um só. Uma criatura sem humor é um ser horrível. Os judeus dizem: os homens falam, Deus ri. E, lendo o que as pessoas dizem, ri-se de certeza às gargalhadas. E daí não sei. Voltando à pergunta de Dumas
– Porque é que há tantas crianças inteligentes e tantos adultos estúpidos?
não tenho a certeza de ser um problema de educação que mais não seja porque os educadores, coitados, não sabem distinguir entre ensino, aprendizagem e educação. A minha resposta a esta questão é outra. Há muitas crianças inteligentes e muitos adultos estúpidos, porque perdemos muitas crianças quando elas começaram a crescer. Por inveja, claro. Mas, sobretudo, por medo.
ANTÓNIO LOBO ANTUNES