Eu ouço de filhos de mães narcisistas. A sua dor psicológica é particularmente aguda. Quando crianças eles se sentiam inadequados e confusos. Muitas vezes,
voltavam-se para suas mães em busca de amor e contato, e ela era incapaz de dar. Eles não entendem que a mãe narcisista só vive para si mesma. Até quando as crianças eram bem pequenas a mãe era emocionalmente distante.
Eu tenho me comunicado com muitos filhos de mães narcisistas. Eles lembram que suas mães estavam
sempre indisponíveis – dia e noite. Ela era uma mulher muito “ocupada”. Algumas dessas crianças foram criadas por babás ou foram colocadas em creches quando eram bem pequeninas. A mãe mal podia esperar para se livrar delas.
Com amigos a mãe se gabava dos seus filhos maravilhosos. Nas fotos de família e em feriados havia a
demonstração pública da “família feliz”, da “mãe amorosa” e de seus belos filhos. Essa era a imagem que a mãe narcisista insistia em apresentar para os seus amigos e para o mundo. Para as narcisistas
a imagem substitui a realidade. Entre as paredes da sua casa, a mãe tratava seus filhos com frieza, desdém e críticas constantes. Frequentemente ela tinha acessos de raiva vulcânica pelas menores coisas. Se a mãe era incomodada, ela projetava o seu veneno nos filhos.
Narcisistas geralmente
colocam os filhos uns contra os outros. Essas inimizades entre irmãos podem durar por toda a vida. Se a mãe narcisista
escolhe um filho para ser o favorito ( O “Filho de Ouro”), que é um gémeo psicológico seu, os outros filhos serão tratados como inferiores e imprestáveis.
A mãe narcisista faz conluio com o “Filho de Ouro”, oferecendo a ele todas as oportunidades educacionais. Ele é o recipiente de todos os elogios, intitulações e é elevado a uma posição de proeminência dentro da família.
A cura começa com o reconhecimento de que sua mãe é uma narcisista.
Isso não é culpa sua, você é uma vítima de abuso narcisista. Você não pode mudar essa mãe. A estrutura de sua personalidade é fixa e rígida.
Você pode mudar a sua própria compreensão e percepção que tem dela e de si mesmo.
Seja gentil consigo mesmo.
Reconheça que você foi forte o bastante para ter sobrevivido a esse abuso narcisista maternal.
Isso é uma conquista incrível. Seja paciente consigo mesmo. Você vai se curar. Dê a si mesmo o tempo e o espaço necessários para fazer isso. Você encontrará outras pessoas que sofreram dessas feridas maternas. Alguns encontram conforto e suporte em grupos de discussão, ou encontram novos amigos que tiveram uma história semelhante.
Em alguns casos a psicoterapia pode ajudar a lidar com essas questões. Certifique-se de que o terapeuta tenha um profundo conhecimento sobre o Transtorno de Personalidade Narcisista.
Pratique formas de acalmar a mente e o corpo através da Yoga, com ênfase em acalmar a respiração, e outras variantes de meditação incluindo a meditação guiada ou outras modalidades de cura. Saiba que você vai recuperar a sua vida. Existe uma poderosa força dentro de você que estava esperando todo esse tempo para recuperar a sua individualidade e a paz interior que você merece.
Linda Martinez-Lewi
Há quem enfrente um inferno entre quatro paredes, tendo a mãe como terrível algoz. De alguma forma, sabemos que tudo foi programado, e um espírito que nasce em um lar de ódio, violência e egoísmo aceitou essas condições por motivos que não nos cabe saber enquanto encarnados. E essa ferida é muito dolorida, e normalmente é carregada por toda a vida.
Quem tem a personalidade moldada nesse ambiente de hostilidade frequente, tendem a desenvolver transtornos gravíssimos do espectro da ansiedade, depressão e a síndrome do pânico, pois passam a vida ansiosas e tentando se defender. Crescer em uma família que te destrói e humilha é uma das provas de vida mais difíceis que existem e deixa marcas eternas. E a única lição possível só pode ser o perdão.
Quem tem uma mãe assim sabe o inferno que é. Alguns pensam que se trata somente de uma mãe mais egoísta, mas a realidade é muito mais dura que isso.
Experimenta-se o inferno, pouco a pouco, dia após dia. Nunca se sabe o que esperar e a desaprovação é constante. Raiva, hostilidade, inveja, mentiras, difamação e vitimismo são as emoções que dominam nessa relação, chegando ao ponto da violência física. É a receita para a destruição completa da autoestima e da vida de qualquer um.
Essas crianças crescem buscando aprovação. Tudo que elas querem é ser reconhecidas e valorizadas, mas, pelo contrário, não há nada que elas possam fazer que vá gerar um elogio, um reconhecimento mais afetuoso ou apoio emocional.
Nada agrada essas mães, nada. A filha quer pertencer e tenta agradar o apetite insaciável da mãe eternamente insatisfeita, o que
compromete sua autoestima e capacidade de realização no mundo, além da dor que faz a alma sangrar.
Falamos em mães, pois esse transtorno acomete as mulheres e se restringe na relação que elas têm com os filhos, especialmente as filhas mulheres. Mas pode acontecer com meninos também, embora não seja tão comum. Filhas únicas é também um padrão, mas
o transtorno da mãe narcisista ocorre de forma ainda pior quando essa mãe doente tem mais de um filho, pois ela sempre vai escolher um para tratar como vitorioso enquanto no outro projeta emoções negativas típicas do transtorno. Além da destruição do filho escolhido como vítima, ela também destrói qualquer possibilidade de uma relação saudável entre os irmãos.
Nesse transtorno prevalece a autoimportância, uma necessidade excessiva de admiração e uma falta de compreensão e desdém em relação aos sentimentos da filha. São pessoas que ultrapassam os limites da arrogância, do egoísmo e da ética, pois não se importam em
construir uma vida de mentiras que socialmente sustentem essa posição de “vítimas”. A difamação da filha está sempre muito ligada a esse transtorno. A vida da filha vira um inferno desde a infância, encontrando na adolescência a pior fase.
É na infância que tudo começa. Quando a criança começa a se tornar mais independente e começa a fazer escolhas, a mãe narcisista começa a se desagradar e então essa relação doentia se intensifica. A reclamação é sempre “ela não obedece”, pois isso fere o ego frágil mas imenso que essas mães têm.
Sempre muito autoritárias, quando não são obedecidas mesmo nas pequenas coisas, podem virar monstros. Em lares saudáveis, costuma-se lidar com a energia da criança e a dinâmica de descobrimento do mundo, que envolve testar as autoridades. Já
uma mãe narcisista só conhece a ofensa e o castigo como forma de “educar”.
Como a
projeção de emoções é sempre negativa e tende à violência, essas crianças e especialmente adolescentes correm perigo. Essas mães expõem a filha a situações de risco real e geralmente
agem com agressividade, podendo representar um perigo para a integridade física das filhas.
É na adolescência que o transtorno da mãe narcisista mais machuca. A fase já é complicada por natureza, pois existe certa indolência no comportamento de qualquer adolescente normal, além da vontade de pertencer. É aí que essa construção da identidade adolescente se choca com a mãe narcisista. Tudo que o adolescente gosta ou se interessa, fica proibido.
A restrição e os castigos eternos pelas coisas mais banais são a forma de castração que as mães narcisistas encontram para validar seu comportamento.
Esses adolescentes vivem de castigo e têm a liberdade restrita. Se a infância é roubada, a adolescência é totalmente destruída. As amizades são todas sempre muito mal vistas, pois ninguém presta. As atividades que o adolescente tenta desempenhar nunca estão à altura das expectativas dessas mães, que geralmente
desejam para esses filhos o foco em atividades que são totalmente contrárias à sua natureza. E elas se incomodam muito com a felicidade.
Se o adolescente está feliz, elas vão encontrar uma forma de destruir esse momento, transformando qualquer sonho em pesadelo. Por isso, se incomodam demais com o lazer e divertimento.
Ninguém é capaz de perceber que essa relação doentia está ocorrendo, pois o adolescente está em uma posição vulnerável perante a mãe e o reconhecimento da autoridade que ela tem da sociedade. Nem ele mesmo sabe que está sendo vítima de uma mãe narcisista e doente, pois está, normalmente, mergulhado em culpa e imenso sofrimento. Para sustentar essa posição de vítima perante a sociedade, elas não medem esforços na difamação dos filhos. In
ventam mentiras e destroem a imagem da filha, que deixa de ser respeitada e ter qualquer credibilidade perante a família e a sociedade. É uma luta solitária, envolta em muita incompreensão e humilhação.
E claro, socialmente as mães narcisistas são tidas como “ladys”, o que torna ainda mais difícil a validação de qualquer expressão emocional das filhas.
A mãe narcisista é muito habilidosa em se fazer de vítima e de incompreendida, afirmando que a filha é ingrata, rebelde, revoltada, recebendo todo apoio social e familiar. Como precisam de atenção e o senso de autoimportância é muito elevado, socialmente elas constroem uma imagem de perfeição tão grande que ninguém é capaz de desconfiar de nada.
Geralmente o transtorno da mãe narcisista só é conscientizado pela filha na idade adulta através de terapia, quando o sofrimento que essas filhas carregam se torna um fardo pesado demais.
SINTOMAS DE UMA MÃE NARCISISTA
1
RESTRIÇÃO DO LAZER
O divertimento é sempre restrito e considerado impróprio. Mães narcisistas exercem poder através da restrição e tendem a manter a filha “trancada” em casa, usando desculpas e castigos.
2
DESCANSO PROIBIDO
As mães narcisistas não gostam de ver o filho descansar. Dormir até mais tarde é sempre motivo de briga e elas arranjam sempre mil tarefas que devem ser cumpridas, especialmente relacionadas aos cuidados da casa.
3
OSCILAÇÕES DE HUMOR
Nunca se sabe o que esperar desse tipo de mãe. Vive-se em constante tensão, pois o humor da mãe narcisista oscila com grande frequência.
4
CHANTAGEM EMOCIONAL
Tudo que elas fazem pelas filhas vem envolto em culpa. Elas fazem questão de demonstrar “o grande esforço” mesmo através das menores coisas. Estão sempre se colocando na posição de heroínas, deixando para filha o espaço de fardo, ingratidão e não merecimento. Geralmente filhas de mães narcisistas sentem muita culpa, pois levam anos para entender essa relação doentia e acabam acreditando na mãe, que sempre culpa essa filha por tudo. Manipulação também faz parte do quadro.
5
DONAS DA VERDADE
Elas não aceitam críticas nem nenhum tipo de argumentação. Quando são confrontadas, explodem e se recusam a aceitar qualquer verdade que não seja a delas. Odeiam diálogo e qualquer tipo de negociação. Perante essa mãe, a filha não tem voz; vale somente as vontades e os interesses dela. Quando existem questões financeiras envolvidas, isso fica ainda mais evidente.
6
COMPORTAMENTO
Dentro de casa, a mãe narcisista é uma; fora de casa, outra. Na frente dos outros, age como mãe normal e em casa é amarga, inacessível, autoritária e desinteressada.
7
DISSIMULAÇÃO E MENTIRAS
A mãe narcisista não se importa com a ética quando precisa manter as aparências. O que a mãe narcisista diz não se escreve, pois é dissimulada e mente descaradamente. Sobretudo para acobertar seus ataques verbais e abusos, como também para manter uma imagem de superioridade e perfeição. Ela vai denegrir a filha o quanto puder, pois o lugar de vítima lhe rende atenção social.
8
DESVALORIZAÇÃO
Elas tendem a questionar, invalidar, desvalorizar e a descartar os talentos e conquistas da filha, enquanto superestima as próprias “qualidades” de maneira exagerada. Elas sempre têm um comentário negativo ou uma alfinetada na manga.
9
A RAIVA
As mães narcisistas descarregam a raiva e a frustração em forma de ataques verbais, onde proferem palavras ásperas para extravasar seu descontentamento e amargura. As palavras abusivas são uma grande arma nas mãos de mães narcisistas.
10
APOIO
Ao contrário da maioria, as filhas de mães narcisistas sabem que não podem contar com elas nas situações mais difíceis. Pelo contrário, além da pressão que enfrentam durante as adversidades, ainda precisam gerenciar o temor que sentem, pois, quando a mãe descobrir a situação, vão ser ainda mais humilhadas e ter suas fraquezas revertidas em ataques. Não importa o que aconteça, as filhas nunca têm razão.
Se o apoio for financeiro, piorou. Elas se negam a ajudar ou, quando ajudam, fazem muito menos do que podem, geram muita culpa e se colocam na posição de “você está me explorando”.
11
ESTAGNAÇÃO PSICOLÓGICA
Essas mães não evoluem emocional e psicologicamente com a idade. Mesmo quando mais velhas e mais experientes, elas mantém os mesmos valores inflexíveis, infantis e superficiais.
12
IMPORTÂNCIA DA IMAGEM
As mães narcisistas odeiam demonstrar vulnerabilidade emocional. Para elas é muito mais importante parecer bem do que se sentir bem. Emanam uma imagem de perfeição, ainda que estejam dominadas por sentimentos negativos intensos como a inveja, a insatisfação, a insegurança e a raiva.
13
RECUSAM DIAGNÓSTICOS E AJUDA
Como elas pensam que pariram o anticristo, essas mães lotam os consultórios de psicologia pois entendem que esses profissionais podem “consertar” suas filhas, já que a culpa é inteiramente delas. Quando o profissional começa a questioná-la, percebendo que talvez exista uma influência negativa delas, simplesmente abandonam a terapia e se recusam a conversar.
E, mesmo quando o profissional consegue fazer um diagnóstico da situação, elas não aceitam.
14
VIOLÊNCIA
Normalmente, filhas de mães narcisistas apanham e sofrem diversos tipos de abuso físico desde a infância. Como não lidam com a raiva e estão sempre frustradas, a violência física é muito presente nesse tipo de transtorno.
Do ponto de vista espiritual, quem nasce com uma mãe narcisista em seu caminho pode ter um planejamento encarnatório que priorize a autoestima. Nada melhor para fortalecer a autoestima do que sofrer humilhações. A primeira vista essa afirmação parece não fazer sentido, mas quando olhamos com mais cuidado, nós não conquistamos algo quando ele nos é dado. Se um espírito precisa trabalhar a autoestima, nascer em um lar onde ele é constantemente validado vai maquiar o problema e não impulsionar aquela “volta por cima”. Ao contrário do que se pode pensar,
é na adversidade que mais nos fortalecemos, mesmo que essas experiências gerem uma dor imensa. E uma mãe narcisista destrói a autoestima de qualquer um, mas essa filha quando chega no fundo do poço, até mesmo
como forma de defesa, aprende a se valorizar perante a vida e percebe que o que os outros pensam não tem importância. Quando superam suas mães, nada mais as atinge.
E muito provavelmente o perdão também faz parte dessa ligação espiritual.
Não é fácil perdoar os abusos quando eles vem da única pessoa no mundo que deveria te amar.
E esse perdão não significa ir lá, abraçar a mãe e dizer “te perdoo”, até porque mães narcisistas não pensam que precisam ser perdoadas. É um perdão interno, uma compreensão espiritual de que aquele espírito é perturbado e que também deve ter sofrido. O perdão nesses casos está relacionado com superação, com cicatrização de feridas, com fortalecimento da alma. Por isso, quando perdoamos, estamos libertando nós mesmos das prisões que a dor cria para nós.
GUTA MONTEIRO
A mãe narcisista é habilidosa
em se fazer de vítima
e dizer que a filha é ingrata
O transtorno de mãe narcisista é um quadro real onde a relação mãe e filha fica comprometida por uma atitude constantemente perversa dessa mãe, que age com hostilidade, falta de acolhimento e cuidados enquanto a filha quer pertencer e tenta agradar o apetite insaciável da mãe insatisfeita, o que
compromete sua autoestima e capacidade de realização no mundo.
Perceber que se é filha de uma mãe narcisista pode doer.
A gente espera ser acolhida e é difícil romper com esse ideal de que a mãe sempre quer o seu melhor. Nem sempre ela quer.
A relação de uma mãe narcisista com seus filhos é uma dinâmica permanente que se estabelece geralmente com
uma filha, que é o ‘bode expiatório’, enquanto os outros filhos, quando existem, ocupam outros lugares:
tem o ‘filho dourado’, que recebe todos os atributos positivos, e
o filho ‘protegido’, incapacitado por essa mãe e atingido em sua autoestima. É uma dinâmica inteira que não atinge apenas um dos filhos.
Mas a existência desse ‘bode expiatório’ entre eles é que é muito cruel. Geralmente é a filha mulher que recebe toda a projeção negativa dessa mãe.
Mas quando há dois filhos meninos ou quando há um filho só, também se estabelece uma relação doentia com essa mãe que tem uma personalidade narcisista.
É mais comum a gente encontrar filhas de mães narcisistas.
Essa personalidade narcisista é muito voltada para si mesma, porque é disso que o narcisismo trata. É uma incapacidade de conexão real com o outro. A pessoa só consegue se relacionar com o mundo a partir do que ela reconhece dela mesma nesse lugar externo. Com relação à maternidade, fica muito difícil o exercício de empatia dessa mãe, que
não consegue ser tão sensível assim às necessidades dessa criança, podendo ser negligente ou exigir coisas que ela não tem condição de atender.
Essa dinâmica começa sempre quando a filha ou o filho ainda é bebé.
Os transtornos de personalidade se estabelecem aí, nesse momento,
no primeiro ano de vida. A qualidade da relação entre essa mãe e essa filha é determinante para se estabelecer esse problema. A gente só olha para fenómeno já acontecido, registado, fechado. Mas
essa mãe, que é narcisista de fato, também foi um bebé, então sua personalidade narcisista se desenvolveu também quando era bebé. Essa questão nunca é isolada, ela é acompanhada também de outros quadros, então essa mãe pode ser esquizofrénica, sociopata, psicopata. Só que
ela não nasceu assim, isso se estabeleceu quando era criança e se a gente vai pesquisar encontra uma avó com traços muito parecidos e que reporta histórias extremas de violência, abuso e outras coisas piores. Olhar para a questão já estabelecida esconde o fato de que essa condição é o resultado negativo de um evento forte que aconteceu na vida dessa mãe, que
não teve o tratamento adequado e que acabou comprometendo sua saúde psíquica.
Os conflitos começam quando as crianças ganham mais autonomia e começam a fazer suas próprias escolhas, a “desagradar” muito essa mulher, porque não “refletem” mais essa mãe, que não aprova, desqualifica e gera um abalo na autoestima dessa criança. E isso é recorrente, não é um quadro temporário.
A autoestima desse filho vai ser testada durante toda a convivência dele com a mãe.
Para a filha, que tem sua personalidade moldada nesse ambiente de hostilidade frequente, será muito difícil confiar em outras relações e contextos, o que promove nela uma sensação de que deve se defender o tempo todo, o que gera muita ansiedade.
Geralmente isso só é conscientizado pela filha na idade adulta, a família não compreende o que está acontecendo. Além disso, a mãe narcisista é muito habilidosa em se fazer de vítima e de incompreendida, de dizer que ‘a filha é ingrata’, então muitas vezes a família apoia essa mãe.
Até se dar conta dessa dinâmica nociva.
Isto é muito mais grave do que as pessoas imaginam.
Ela expõe a filha a situações de risco real: esquece em algum lugar, não busca, vai a ambientes de risco com aquela criança, exige muito da filha e quando ela corresponde ao que for exigido não dá o devido valor pelo seu esforço, ou destrói algo importante para essa menina.
A mãe, que é a parte perversa da história, geralmente age com agressividade e pode representar um perigo para a filha, criando situações que causam danos de verdade para ela. Então essa criança fica numa condição muito difícil e constrói sua identidade nesse lugar de extrema vulnerabilidade. E quando ela cresce, já adulta, uma rivalidade se apresenta, que pode culminar com ameaças reais à integridade da filha.
A criança começa a pensar que a mãe não a ama, mas também que é uma pessoa injusta, pela diferença de tratamento entre os filhos. Ao tentar argumentar, só irá irritar mais a mãe. São muito agressivas batem muito. Aí, a criança percebe que esse convívio mãe e filha, tão comum para as outras pessoas, não será possível para si. Passa a sentir-se culpada e tentará compensar isso de várias formas, tentando ser uma óptima aluna na escola, fazendo coisas que acha que ela poderá gostar dentro das coisas que valoriza.
Mas todo o melhor que a gente tenta dar para essa mãe nunca é suficiente.
Nenhuma mãe quer conscientemente destruir a autoestima de uma filha, isso acontece como consequência de uma dinâmica que vai se estabelecendo porque ninguém nunca olhou para essa mãe, ela não teve a chance de ser cuidada como precisava.
Perdoar, quando se consegue sentir empatia pelo passado dessa mãe, pode acontecer.
Mas a convivência com ela colocaria a filha num lugar de receber, de novo, intolerância, críticas, desqualificação do seu esforço.
O perdão da filha não faz com que a mãe mude de comportamento e, por isso, para se preservar, é preferível não conviver com essa mãe.
Verbenna Yin
O narcisismo é uma transtorno de personalidade no qual uma pessoa tem um senso elevado de auto importância. Assim, ela se sente superior em relação aos demais e demonstra isso através de suas atitudes e palavras. No artigo de hoje falarei sobre como lidar com esse tipo de comportamento, quando quem age assim é aquela que lhe deu a vida ou lhe criou desde que se entende por gente. Ter uma mãe narcisista
pode ser bastante delicado, mas é possível encontrar maneiras de ajudá-la e, ao mesmo tempo, se proteger.
Comportamentos Mais Comuns
de uma Mãe Narcisista
Para entender se a sua mãe realmente é uma pessoa narcisista, é importante se manter atento em relação ao comportamento dela. A seguir, você verá as principais atitudes desse comportamento:
1 –
Vive Através do Filho
Toda mãe deseja que o seu filho estude, seja bem sucedido e feliz, afinal, é natural querer o melhor para alguém que se ama tanto. Entretanto, as mães narcisistas desejam mais e estabelecem expectativas motivadas pelos seus próprios desejos. Assim, costumam impor coisas que elas gostariam de ter realizado, mas por algum motivo não puderam, como, por exemplo, a escolha de determinada profissão.
2 –
Postura de Superioridade
Uma pessoa narcisista tem como uma de suas características mais marcantes o ar de superioridade. Ela realmente acredita que é melhor e mais importante do que os demais. No caso de uma mãe com esse comportamento, isso pode acabar sendo transmitido para a criança, que cresce achando que é melhor do que os outros.
3 –
Gosta de Exibir Suas Qualidades
As redes sociais são um prato cheio para os narcisistas, que adoram mostrar para os seus contatos, através de fotos e textos, o quanto são felizes, inteligentes e bem sucedidas. Mas isso não se resume apenas ao âmbito virtual, pois não perdem uma oportunidade de se exibirem, principalmente em relação a bens materiais.
4 –
Manipulação
A manipulação é um dos comportamentos que mais dificultam a relação com uma mãe narcisista. Geralmente, ela se utiliza da pressão emocional para convencer o filho de algo. Algumas frases comuns incluem: “larguei a minha carreira por sua causa e você não me valoriza” ou “se você não fizer o curso que escolhi, não irei mais pagar os seus estudos”.
5 –
Inflexível e Facilmente Irritável
Para uma mãe narcisista é inaceitável ver que o seu filho está fazendo escolhas diferentes das que ela faria ou demonstrando ter uma personalidade contrária. Com isso, tende a se irritar e se mostrar inflexível mesmo com situações pequenas, como, por exemplo, um simples modo de agir ou pelo fato de a criança parecer mais tímida e reservada, quando ela é uma pessoa expansiva.
6 –
Falta de Empatia
Uma das manifestações mais comuns do comportamento de uma mãe narcisista é a incapacidade de ter empatia pelos pensamentos e sentimentos da criança e enxergá-los como reais e importantes. Para ela, apenas as suas ideias e opiniões são importantes e cabe ao seu filho acatá-las sem questionar.
7 –
Ciúme e Possessividade
A mãe narcisista geralmente espera que o seu filho siga os seus passos, então, vê-lo seguindo por outros caminhos pode fazer com que ela se sinta rejeitada e fique com ciúme da situação. Qualquer ato percebido de individualização, seja de escolher o próprio caminho acadêmico e profissional, fazer amigos não aprovados por ela, se dedicar às próprias prioridades, é interpretado de forma negativa e pessoal.
Como Superar os Desafios de Ter uma Mãe Narcisista?
O primeiro ponto para superar o fato de ter uma mãe narcisista, que é
enxergá-la como um ser humano. Depois disso, procure
tirar o foco dela e valorize outras pessoas ao seu redor, talvez seu pai, irmãos, outros familiares e amigos. Assim, irá deixar de dedicar toda a sua atenção para uma relação problemática para celebrar as outras que são positivas e equilibradas.
Um ponto fundamental é sempre se lembrar de que
a forma com a qual a sua mãe age é algo que pertence a ela, e não a você. Então, sempre que ela tiver alguma atitude que lhe chatear, pense que aquilo não faz parte da sua essência e que, portanto,
não precisa tomar aquilo para si.
José Roberto Marques
Como fazer o luto da mãe narcisista
Embora o seu intelecto compreenda perfeitamente que a sua mãe não é e nunca foi uma mãe de verdade,
emocionalmente está sendo difícil lidar com esta perda.
Como entender, tanto intelectual como emocionalmente, que a conexão biológica que você possui com a mulher que lhe deu à luz nunca se tornará afetiva e harmoniosa de fato?
De que forma você poderá ajudar-se a aceitar esta verdade para que consiga viver uma vida de realizações e, principalmente, sem culpa?
Descobrir que a mãe é narcisista, ou seja, que você nunca será capaz de ser amada e respeitada pela própria mãe, equivale a uma imensa perda. Ter de se desfazer da fantasia do relacionamento afetivo com “a mãe bondosa e amorosa que ama os filhos igual e incondicionalmente” é doloroso.
A filha de mãe narcisista que tem a coragem de enfrentar o que me refiro como “a verdade narcisista” sofre muito.
Finalmente aceitar que o relacionamento com a própria mãe é uma farsa e que foi mantida estes anos todos não pelo amor e carinho associados com os relacionamentos normais entre mães e filhas, mas por intermédio de abuso, atitudes intolerantes e chantagem emocional requer estamina.
Devido à relevância deste evento,
torna-se vital para a filha de mãe narcisista dedicar a mesma atenção ao luto da perda da mãe que nunca foi como se estivesse perdendo uma mãe de verdade.
Para ajudá-la a lidar com este momento tão delicado e especial em sua vida, seguem seis dicas de como fazer o luto da mãe narcisista:
Processe a perda da mãe narcisista por completo
Vivenciar o luto da mãe narcisista não ocorre da noite para o dia, por isso, dê um tempo a si mesma para processar esta perda por completo. Segundo Elisabeth Kübler-Ross (1998), psiquiatra norte-americana e criadora do modelo dos
cinco estágios do luto (negação e isolamento, raiva, negociação, depressão e aceitação), só conseguimos superar a dor de uma perda quando aprendemos a lidar com os sentimentos provocados por ela. Reprimir a sua angústia como se não tivesse propósito não fará com que ela simplesmente desapareça. O luto faz parte da sua cura emocional, portanto,
sem luto não haverá bem-estar emocional. Você pode até adiar o momento de processar esta perda, mas nunca será capaz de evitar o processo por inteiro. No dia em que você menos esperar, aqueles sentimentos antagónicos que você se esforçou tanto em reprimir tomarão conta de você, desestabilizando-a por completo independentemente de onde e com quem você esteja. Abra o seu coração para a sua dor e lhe dê voz, seja conversando com uma amiga ou terapeuta empática, paciente e compreensiva; ou
através da escrita, registando o que você vê, pensa e sente. O luto tende a ser considerado normal na comunidade terapêutica quando não excede o período de um ano.
Permita-se sentir tristeza e raiva
Todas as nossas emoções têm seus papéis e implicações.
A tristeza e a raiva são tão importantes para o nosso equilíbrio emocional quando a alegria e a felicidade. Eu não posso corrigir algo se não sou capaz de detectar o erro. No processo do luto, a tristeza e a raiva são emoções valiosas que a ajudam a processar a sua perda não somente no nível emocional, como também nos níveis psicológico e espiritual. Filhas de mãe narcisistas que não se permitem chorar e ficarem bravas quando fazem o luto da mãe narcisista tem mais dificuldades de se livrarem da culpa. Eu sei que uma cliente ainda não fez por completo o luto da mãe narcisista quando ainda se sente culpada por tudo de errado que acontece no seu relacionamento com a mãe.
Se você não se dá tempo suficiente nem se permite realmente entender através do seu sofrimento que a sua mãe nunca teve nem terá uma conexão afetiva genuína com você, você se sentirá eternamente culpada toda a vez que o amor dela não se materializar. Ou você aceita que a sua mãe é narcisista e, portanto, é incapaz de amá-la, ou passará o resto da sua vida se martirizando por uma deficiência que não é sua.
Reveja crenças absolutas
Se você ainda acredita nas regras “Família é tudo” e “Toda mãe ama seus filhos”, o seu luto nunca será completo. Crenças inflexíveis e irrealistas deste tipo a mantêm presa à fantasia de que a sua mãe narcisista é uma mãe de verdade, que algum dia o seu relacionamento com ela melhorará e que você é incapaz de ser feliz sem a influência de uma mãe abusiva e família disfuncional.
Tais ideias simplistas somente favorecem a culpa que você carrega. Família não é tudo, pois o amor independe de laço sanguíneo. Sobretudo, uma mãe narcisista e abusiva incapaz de amar, inclusive a si mesma. Se você está cansada de viver uma ilusão e deseja de fato fazer o luto da mãe narcisista por completo está na hora de
reestruturar as suas crenças. Seja honesta consigo mesma, reconheça a complexidade da sua situação e abra o seu coração para a verdade narcisista.
Valorize os relacionamentos fora do ambiente familiar
Sentir-se confortável em
expressar a sua tristeza e descontentamento com os membros de uma família disfuncional ou esperar que entendam o seu sofrimento tende a revelar-se como uma grande perda de tempo. Se a sua mãe é narcisista, a sua família é disfuncional, ou seja, não funciona de maneira a contribuir com o seu crescimento e desenvolvimento pessoal. Qualquer tentativa sua de curar as suas feridas e evoluir emocionalmente provavelmente será rejeitada por eles, pois tendem a ser tão imaturos emocionalmente quanto a mãe ou a esposa/ex-mulher.
Para que não se sinta envergonhada e ainda mais culpada por estar tentando processar esta perda de forma honesta e aberta, quando necessitar de companhia para compartilhar a sua dor recorra a amigos compreensivos e empáticos que aceitam a sua situação sem tentar “resolvê-la”, mas que toleram e respeitam o seu desconforto emocional sem insistir em diminui-lo a todos os custos.
Faça terapia
Fazer o luto da mãe narcisista é uma tarefa difícil. Filhas de mães narcisista costumam sentir-se imensamente solitárias e perdidas em sua dor, a ponto de acreditarem que não têm a quem recorrer para lidar com o próprio sofrimento de forma produtiva.
Ninguém nos prepara para o luto ou para reconhecer a irracionalidade dos próprios pais. “Falar mal da mãe”, conversar a respeito de eventos traumáticos ou perdas emocionais ocorridas no ambiente familiar ainda é um assunto tabu. A tendência generalizada é evitar o tema, reagir de forma estoica e normalizar o sofrimento do outro com chavões do senso comum, atitudes e mensagens positivas demasiado rígidas que só tendem a invalidar a importância do luto e os sentimentos antagónicos que os acompanha. Eu recomendo muitíssimo a terapia para filhas de mãe narcisistas que precisam de apoio emocional para enfrentar os desafios desta etapa em suas jornadas. Uma terapeuta com experiência no tratamento do trauma, mães tóxicas e/ou relacionamentos disfuncionais pode auxiliá-la neste momento tão especial, fazendo com que se sinta aceita e em paz consigo mesma.
Aprenda a viver com a perda
Ninguém vem ao mundo como filha de mãe narcisista por opção, com certeza não foi uma escolha sua. Embora não seja capaz de apontar a mãe ideal,
tenta lidar com a destruição do que para você sempre foi um grande sonho. Quando, enfim, você conseguir
aceitar esta perda, encontre um lugar em seu coração para este vazio. Nas situações em que se sentir um pouquinho triste ou inadequada por não ter uma mãe verdadeira, permita-se acessá-lo, já que este buraquinho também faz parte de você.
Conforte-se por ter tido a coragem de viver uma vida autêntica e celebre a pessoa que você é, inteira, afinal todos somos imperfeitos e vulneráveis.
Michele Engelke