quando crianças, sempre tão constante,
de sermos sós, era algo delicado;
para os demais era luta cada instante,
e cada qual tinha o seu lado,
o seu perto, o seu distante,
um chão, um cão, um quadro.
E eu ainda achava que a vida
nunca cessaria de doar,
e que é em nós mesmos nosso lar.
Não sou em mim a minha preferida?
O que é meu não há mais de ter confiança
e me entender como quando era criança?
Súbito, estou como entre alheios,
e em algo que me ultrapassa
a solidão se muda em mim,
quando, do alto dos meus seios,
meus sentimentos clamam por asas
ou por um fim.
Rainer Maria Rilke
Sem comentários:
Enviar um comentário