quinta-feira, 18 de abril de 2019

O Segredo de Compostela






Sobre o segredo de Santiago de Compostela…afinal não é o apóstolo Tiago que está lá enterrado mas sim, Prisciliano.

Este livro leva-nos a fazer várias perguntas logo no início:

  1. E se no destino final a que nos conduzem os místicos caminhos de Santiago se esconder um dos segredos mais bem guardados do Ocidente?
  2. Afinal, quem está sepultado no túmulo?
  3. Qual o sentido atual das peregrinações a Santiago de Compostela?


Prisciliano, líder carismático do século IV e pioneiro defensor da igualdade das mulheres e dos valores do Cristianismo primitivo, é a figura preponderante neste enigma secular. De pagão tornou-se um sedento de conhecimento e de outras culturas para acabar por ser decapitado como herege e devedor. Pelo meio converteu-se à cristandade e tornou-se asceta. Comprometido com a força da sua espiritualidade, viveu no coração os sobressaltos de um amor proibido, envolto em ciúmes e intrigas. Apesar de aclamado bispo pelo povo, Prisciliano tornou-se no primeiro mártir da sua Igreja, a quem a História ainda não prestou o devido reconhecimento.
Foi decapitado em praça pública acusado de bruxaria.

A história acontece na Península Ibérica no Séc IV durante o Império Romano.
É um livro de investigação histórica, como todos os livros de Alberto S. Santos, e por isso se tornam muito mais interessantes por serem histórias verídicas. São aulas de história…
Fala sobre o confronto religioso entre o Paganismo e o Cristianismo emergente nessa altura.
No século IV as “inovações” facilmente se confundiam com bruxaria, e os chamados então de Priscilianistas, à medida que convertiam fiéis à sua causa, semeavam discórdia e cultivavam inimigos. Demasiado à frente do seu tempo, Prisciliano, considerava que todos os seres humanos eram iguais, incluindo mulheres e escravos. São um grupo diferente que defende a comunhão com a natureza, a vida longe de excessos, a amizade, a bondade e uma total dedicação à religião. Mas, tais filosofias foram a causa da sua morte, comum a todos os profetas.
A incrível atualidade desta situação fez-me pensar como hoje em dia muitas lutas se ganham e se perdem por motivos que nada têm a ver com as causas.
Mais importante que saber quem secretamente está sepultado em Compostela, uma dúvida que só tem a importância que a fé de cada um lhe atribui, é conhecer o percurso de vida deste homem que só quis aprender e ensinar.

“Elpídio acompanhava a discussão com os olhos esbugalhados de interesse. Estava cada vez mais claro para Prisciliano que a viagem de Elpídio a Alexandria estava relacionada com uma intensa sede de sabedoria. E Prisciliano, um rapaz que todos consideravam brilhante, sentia-se cada vez mais insignificante ao contactar tais seres. Àquela hora da viagem já não era o mesmo Prisciliano que aportara no Eunostos, deslumbrado com a cidade desconhecida, acompanhando o tio Sabino na busca da cura. Agora, ele próprio se sentia doente. O verdadeiro doente. Sofria as dores da ignorância por assuntos debatidos pelas mais sábias pessoas do século. As questões ontológicas e metafísicas nunca haviam sido a sua prioridade. Mas o ar que respirava em Alexandria era diferente de tudo o que conhecia. Despertava-o interiormente para inquietações que não imaginaria existirem sequer. E estremecia por o acaso lhe ter concedido a benesse de o colocar entre gente tão sábia. Olhou para Elpídio e agradeceu-lhe intimamente por tudo o que estava a viver. A seguir, recordou Egéria. Sem perceber a razão, pressentiu uma corrente espiritual que o conectava com ela, ao mesmo tempo que um sobressalto interior.”

Santiago, personagem do livro O Alquimista, de Paulo Coelho, caminhou na imensidão do deserto egípcio, procurando sempre escutar o que o seu coração dizia para lutar pelo seu sonho.
Um outro peregrino bem conhecido da literatura, criado por Hermann Hesse, é Siddartha, que abdicou da sua vida material e enveredou-se numa longa viagem existencial ao encontro da paz espiritual.
Um outro personagem real da nossa História, que viveu na Galécia (actual Galiza), na obsoleta Hispânia, no século IV, é Prisciliano, um homem amado e odiado, uma figura controversa, que tem suscitado ao longo dos tempos o interesse de estudiosos e pensadores, como Agostinho da Silva. Prisciliano só tentou desencadear uma revolução espiritual, nunca religiosa, e pagou por isso. Foi decapitado, decorria o ano de 385. O certo é que ele deixou uma marca espiritual muito forte no Ocidente da Península Ibérica.

As peregrinações a Santiago de Compostela, que são realizadas por fiéis há mais de mil anos, fazem parte de um pacto da Igreja para angariar cada vez mais dinheiro, doado pelos devotos. Quanto mais fiéis mais dinheiro angariavam. Este tipo de manobras por parte da igreja aconteceu muito.
Em Portugal, temos o caso da invenção do Milagre de Fátima por parte da Igreja para angariar devotos e o seu dinheiro, quando não havia segredo nenhum nem aparição nenhuma. Lúcia era vidente, e aproveitaram as suas visões para criar o milagre para construir e sustentar o que lá está hoje. Em Espanha o tema é “incómodo” e oculto, — tal como o túmulo enterrado na cripta da Catedral espanhola.

Como Prisciliano afirma: 

«Devemos conhecer para compreender, 
conhecer para concordar, 
conhecer para discordar»





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