terça-feira, 26 de março de 2019

Por amor da vida





Amar alguém que está tão longe de nós como o inicio das inesperadas tempestades.
Os amores platónicos que nascem e borbulham em caldeiras de mil perigos.
As incontáveis loucuras.
Amar o proibido.
O risco enorme de sucumbir e nunca consumar o amor, nem tocar a amada.
O acto sublime de amar uma esfinge, uma sombra, um rosto intocável.
O inatingível corpo. O que só vemos sem ver. Uma cegueira sem retorno. O que nos perturba a existência até ao fim dos nossos dias.

Sofremos e fazemos sofrer.
Tudo o que vemos é o que não nos é permitido ter.
Percorremos estradas e caminhos sempre em busca do que sabemos impossível de encontrar.
Uma caminhada ao avesso da razão.

A cambaleante, mas enorme vontade. O corpo a desfazer-se.
Não tentem retirar essa loucura sem nome da cabeça do amante.
Todas as bruxarias, rezas, promessas e outras mezinhas irão falhar.
É coisa atada por cordas fortes e nós impossíveis de desatar.
Por amor da vida.



JORGE C. FERREIRA





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