É tão comum referirmo-nos às nossas relações passadas como "falhadas".
A ilusão do "felizes e juntos para sempre" é ainda tão forte que nos faz partir do princípio que toda a relação que não cumpre aquele pressuposto de duração eterna, é um falhanço.
Mas será bem assim?
Mais do que olhar para o fim da relação e para todas as ideias e emoções negativas a ela associadas, precisamos repensar a ideia de que ela "falhou".
Falhar deixa implícito que havia uma expectativa de que ela fosse bem sucedida, i.e., que o outro fosse fonte de amor eterno e que durasse para sempre.
Basta ela terminar para que haja drama e para que a desilusão da nossa prévia ilusão, nos afunde em sensações de rejeição, solidão e abandono todas projetadas em quem se atreveu a fazer a bolha da ilusão rebentar.
Ou seja,
ao invés de a base das nossas relações
assentar numa parceria saudável,
onde duas individualidades se revelam na sua diferença,
partilham os seus atributos únicos,
contribuem e crescem,
tanto interiormente como fora de si,
entramos nas relações com a intenção de provar que
o "felizes e juntos para sempre" é mesmo possível.
Os duros litígios das relações assentam normalmente em julgamentos e acusações que mais não são do que a revolta que sentimos quando percebemos que o outro não está à altura do nosso ideal interno, da imagem perfeita que fizemos dele.
Pior do que este tipo de projeção, é tornarmo-nos incapazes de ver a realidade, de observar quem é o outro, de analisar porque os atraímos e o que temos a aprender com eles.
A lente idealista que busca a relação perfeita é a mesma que vai ver apenas as qualidades da pessoa perfeita e a mesma ainda que se vai zangar quando um dia comprovar que afinal aquela pessoa não é perfeita.
Será então o outro que nos desilude?
Ou somos nós que nos desiludimos da nossa própria ilusão?
Todo o tipo de relação esconde aprendizagens maravilhosas.
Há anos que o meu trabalho ajuda a descodificar qual o papel das várias pessoas que nos rodeiam e que mensagens têm para nós que precisamos aprender a descodificar. Caso contrário, diferentes pessoas virão trazer a mesma proposta.
É impossível viver uma relação sem que ela nos transforme de alguma maneira e se não estamos disponíveis para as aprendizagens mais difíceis e transformações mais profundas, não só não teremos acesso a patamares mais leves de amor e intimidade, como corremos o risco de repetir as velhas lições com parceiros novos.
O fim de uma relação não indica que ela falhou.
A relação que rotulamos como falhada terá grandes probabilidades de ser repetida de forma a que a jóia seja encontrada.
O fim de uma relação indica sim que aquelas duas pessoas mudaram a vibração que as mantinha juntas.
Indica que talvez as aprendizagens não tivessem condições de serem feitas
Indica talvez que as aprendizagens já estavam feitas e mesmo havendo amor, a relação já não fazia sentido para uma ou ambas as partes.
O trabalho de busca da jóia, ou mesmo das várias jóias quando as relações são mais longas, é sempre pessoal, interior e só nosso. É essencial no fim de qualquer relação, trazermos sempre a jóia, mesmo que ela esteja enterrada no fundo de uma lama escura. É essa jóia que assinala que a aprendizagem foi feita, que revela o contributo daquela pessoa à nossa história e que irá garantir o acesso a um novo e mais elevado patamar de experiências onde novas jóias irão ser reveladas.
Vera Luz
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