Paricia Vanade Camp
Adultos, jogamos um jogo pueril:
Semioculto tu fitas-me
e sinto a fria gelatina
do teu olhar
tocar-me a epiderme.
Mas disfarço,
Disfarço e procuro,
com ar distraído,
não pisar no passeio
os desenhos de basalto.
Tu fazes de Grilo Consciência,
eu de Pinóquio.
Com esta diferença:
Aqui sou eu
quem tem consciência.
Rui Knopfli
in, O País dos Outros
– Fale, Grilo, quem é você?
– Eu sou o Grilo-Falante e moro aqui há mais de cem anos.
– Hoje porém este quarto é meu – falou o boneco – e se quer me fazer um
favor, vai embora imediatamente, sem nem olhar para trás.
– Eu não irei embora daqui, – respondeu o Grilo – sem antes lhe falar
uma grande verdade.
– Então diga e seja rápido.
– Ai daqueles que não obedecem a seus pais e abandonam por teimosia a
casa paterna. Nunca se darão bem neste mundo e mais cedo ou mais tarde
se arrependerão amargamente.
– Pode cantar, Grilo meu, como quiser.
CARLO COLLODI
in, As Aventuras de Pinóquio
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