quarta-feira, 4 de abril de 2018

10 Erros Espirituais


John Dykstra






Ninguém nunca me disse que a espiritualidade poderia ser uma armadilha de autosabotagem do ego.

Eu passei três anos lendo sobre ensinamentos espirituais e os incorporando em minha vida, antes de aprender que a espiritualidade tem um lado sombrio.

Naturalmente, fiquei surpreso. Eu me senti meio traído.


Como algo que parece ser tão puro pode ser prejudicial?

A resposta tem a ver com algo que os psicólogos chamam de escape espiritual.

No começo da década de 1980, o psicólogo John Welwood cunhou o termo “escape espiritual” para se referir ao uso de práticas espirituais e crenças para evitar o confronto com sentimentos desconfortáveis, feridas não resolvidas e necessidades emocionais e psicológicas fundamentais.

De acordo com o psicoterapeuta Robert Augustus Master, o escape espiritual faz nós nos retirarmos de nós mesmos e de outros, a nos esconder atrás de um tipo de máscara espiritual de crenças e práticas metafísicas.

Ele diz:
“Não apenas nos distancia da nossa dor e nossos problemas pessoais, mas também da nossa própria espiritualidade autêntica, nos prendendo em um limbo metafísico, uma zona de gentileza exagerada, bondade e superficialidade”.


Percepções dolorosas: meu próprio escape espiritual

No livro inovador de Robert Augustus Masters, “Spiritual Bypassing: When Spirituality Disconnects Us From What Really Matters”, ele escreve:

"Os aspectos do escape espiritual incluem desapego exagerado, anestesia emocional e repressão, excesso de ênfase no positivo, raivafobia, cegueira ou compaixão tolerante demais, limites fracos ou muito pobres, desenvolvimento desequilibrado (a inteligência cognitiva geralmente está bem à frente da inteligência emocional e moral), julgamento prejudicado sobre a negatividade ou o lado sombrio de alguém, desvalorização do pessoal em relação ao espiritual e a ilusão de ter alcançado um nível mais alto de ser."

Eu encontrei o conceito de escape espiritual pela primeira vez no trabalho de Masters. Embora eu estivesse relutante em admitir, eu imediatamente soube que, em algum nível, este conceito se aplicava a mim.

Conforme continuei refletindo sobre o escape espiritual, eu percebi cada vez mais aspectos inconscientes da espiritualidade, e percebi que eu estava, sem saber, colocando em prática vários deles em determinados momentos.

Embora dolorosas, essas foram algumas das percepções mais importantes que eu já tive.

Elas me ajudaram a parar de usar uma forma distorcida de “espiritualidade” como um levantador de ego e a começar e ter mais responsabilidade para direcionar minhas necessidades psicológicas e os problemas que surgem na minha vida.


Coisas “espirituais’ que as pessoas fazem e sabotam seu crescimento:

A melhor maneira de entender o escape espiritual é através de exemplos, então agora é hora de um pouco de “amor bruto”.

Eu irei descrever em detalhes dez tendências inconscientes específicas de pessoas espirituais.

Cuidado: algumas delas podem parecer muito familiares.

Lembre-se: Você não precisa ter vergonha de admitir que alguns itens desta lista se aplicam a você. Eu suspeito que alguns deles se aplicam a todos que já tiveram interesse em espiritualidade.

A maioria deles se aplicava a mim em determinado momento e, em alguns deles, eu ainda estou progredindo.

O objetivo aqui não é julgar, mas aumentar a autoconsciência para progredir em direção a uma espiritualidade mais honesta, capacitada e útil.

Vamos lá.

1. Participar de atividades “espirituais” para se sentir superior a outras pessoas.

Provavelmente este é o aspecto inconsciente mais universal da espiritualidade, que assume várias formas.

Algumas pessoas se sentem superiores porque leem Alan Watts. Ou vão para o trabalho de bicicleta. Ou abstêm-se de assistir TV. Ou consomem uma dieta vegetariana. Ou usam cristais. Ou visitam templos. Ou praticam yoga ou meditação. Ou usam drogas psicadélicas.

Perceba que eu não estou dizendo nada sobre o valor de participar destas atividades. Eu adoro Alan Watts e acho que a meditação é bastante benéfica.

O que estou dizendo é que é perigosamente fácil permitir que suas ideias e práticas espirituais se tornem uma armadilha do ego – acreditar que você é tão melhor e mais iluminado do que todo aquele “povo-gado”, porque você está fazendo todas essas coisas radicais.

Em última análise, esse tipo de atitude em direção à “espiritualidade” não é melhor que acreditar que você é melhor que todo mundo porque você é um Democrata ou um fã dos Lakers.

Essa disfunção, na verdade, inibe a espiritualidade genuína, fazendo nos focar em ser melhor que outras pessoas, ao invés de cultivar um senso de conexão com o cosmos, sentindo uma maravilha poética com a sublime grandeza da existência.


2. Usar “espiritualidade” como justificativa para o fracasso ao assumir a responsabilidade dos seus atos.

A essência deste ponto é que é muito fácil distorcer certos mantras ou ideias espirituais em justificativas para ser irresponsável e não confiável.

“É o que é.” ou “O universo já é perfeito.” ou “Tudo acontece por uma razão.” Tudo pode funcionar como excelentes justificativas para não fazer nada e nunca realmente examinar o comportamento de alguém.

Não estou comentando se as afirmações acima são verdadeiras ou não.

Só estou dizendo que, se você se atrasa constantemente para compromissos, se frequentemente negligencia seus relacionamentos pessoais, se seus colegas de quarto não podem contar com você para pagar o aluguer, talvez você deva parar de dizer a si mesmo: “Tudo bem, cara, a realidade é uma ilusão mesmo”. E começar a se tornar alguém com quem outras pessoas possam contar.

Em uma via similar, é surpreendentemente fácil enganar a si mesmo ao pensar que toda vez que alguém tem um problema com o seu comportamento, é porque essa pessoa “não honra a minha verdade” ou “precisa crescer espiritualmente”.

É muito mais difícil de reconhecer os momentos nos quais agimos brutalmente, egoisticamente ou irrefletidamente e causamos sofrimento a outra pessoa.

É muito mais difícil admitir que estamos muito longe da perfeição e que o crescimento e o aprendizado são processos que nunca acabam.


3. Adotar novos hobbies, interesses e crenças simplesmente porque são a última mania “espiritual”.

Seres humanos querem se encaixar em algum lugar. Nós temos profunda necessidade de sentir que fazemos parte de algo.

E formamos grupos de todos os tipos para satisfazer esta necessidade. Espiritualidade é uma área de interesse onde as pessoas formam todos os tipos de grupos.

Potencialmente, isso é ótimo, mas também tem um aspecto inconsciente.

Para muitas pessoas, “espiritualidade” é um pouco mais do que uma coisa hippie que muitas pessoas parecem se importar.

Essas pessoas têm a ideia de que querem entrar nesse movimento espiritual, então começam a praticar yoga, usar artigos da Nova Era, ir a festivais de música, beber ayahuasca, etc, e dizem para si mesmos que essas coisas os fazem “espirituais”.

Esses “encenadores espirituais” atenuam a importância do aprofundamento espiritual genuíno, da contemplação, da experiência e da percepção.

Eles também, na minha experiência, tendem a ser pessoas “espirituais” que usam a “espiritualidade” como motivo para se sentirem superiores aos outros.


4. Julgar outras pessoas por expressar raiva ou outras emoções fortes, mesmo quando necessário.

Este foi um dos primeiros padrões que eu percebi em mim após ser apresentado ao escape espiritual.

Eu percebi que quando pessoas ficavam chateadas ou bravas comigo, minha reação era dizer coisas como: “Ficar nervoso não resolve nada” ou “Eu acho que poderíamos ter menos problemas se pudermos permanecer calmos”.

Internamente, eu silenciosamente julgaria a outra pessoa, pensando: “Se ela fosse mais iluminada, poderíamos evitar esse drama”.

Em muitas situações, essa era a minha maneira de evitar problemas profundos que precisavam ser direcionados.

Quando você se interessa pela espiritualidade, uma das primeiras citações que você encontra provavelmente é: “guardar a raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; é você que acaba se queimando.”

Esta citação é comumente atribuída de forma errónea à Buda, embora na verdade seja uma interpretação de uma declaração feita por Budagosa no século V.

O ponto subtil desta citação é que nós não devemos guardar a raiva; nós devemos senti-la, expressá-la se necessário, e então deixá-la para trás.

Porém, é muito comum para um leigo assumir que isso significa que raiva, em qualquer forma, é um sinal de que a pessoa não é sábia nem espiritual. Isso não é verdade.

A raiva é uma emoção humana natural e uma reação perfeitamente justificada em várias situações. Com frequência, a raiva é um indicador de que há sérios problemas que precisam ser ponderados por alguém ou seus relacionamentos.

Ironicamente, muitas pessoas espirituais reprimem todas as emoções “não-espirituais” e artificialmente elevam emoções/traços “espirituais” como compaixão, bondade e equanimidade. Isso leva à falsidade.

A pessoa tem dificuldades de constantemente se apresentar como calma, gentil, legal e em um estado de paz perpétua, e acaba parecendo como uma fraude.


5. Usar “espiritualidade” como justificativa para uso excessivo de drogas.

Muitas pessoas, inclusive eu, acreditam que drogas psicadélicas podem causar experiências místicas e elevar a espiritualidade.

Até aí tudo bem, mas algumas pessoas levam essa percepção longe demais, usando-a como uma forma de racionalizar padrões autodestrutivos de uso de drogas e para cegar a si mesmas para o lado sombrio de várias substâncias.

Nos casos mais extremos, pessoas “espirituais” acabam “realizando cerimónias de cannabis” durante todo o seu período acordado; usando drogas psicadélicas com muita frequência ou em contextos inapropriados; e negando completamente que estas substâncias têm qualquer efeito negativo.

Agora, a HighExistence tende a ser pró-psicadélicos, mas deixe-me ser direto com você: drogas psicadélicas, incluindo cannabis, definitivamente possuem um lado sombrio.

Se você é irresponsável ou simplesmente sem sorte, drogas psicodélicas mais fortes como LSD ou cogumelos de psilocibina podem ocasionar experiências traumáticas com ramificações negativas de longo prazo.

E cannabis, uma droga psicadélica leve, é uma formadora de hábitos de uso de drogas sedutora, que subtilmente deixará sua mente nebulosa e corroerá sua motivação, caso consuma muito ou com muita frequência.

Respeite as substâncias e use-as com sabedoria.


6. Enfatizar demais a “positividade” para evitar olhar para os problemas em suas vidas e no mundo.

“Apenas seja positivo!” é frequentemente empregado como um mecanismo de desvio pelas pessoas “espirituais”, que preferem não fazer o trabalho difícil de confrontar seus problemas internos, feridas e bagagem, sem falar dos problemas do mundo.

O movimento de “positividade” explodiu na cultura ocidental nos últimos anos.

A Internet está transbordando de memes e artigos aparentemente infinitos, repetindo as mesmas mensagens vazias: “Pense coisas positivas!” “Apenas seja positivo!” “Não se concentre no negativo!”

Embora certamente haja valor em cultivar a gratidão pelas várias maravilhas da experiência humana, esse movimento parece negligenciar algo crítico: os aspectos mais obscuros da vida não desaparecem simplesmente porque são ignorados.

Na verdade, muitos problemas em nossas vidas particulares e na escala global parecem apenas piorar ou ficar ainda mais complexos quando são ignorados.

Da mesma forma que pareceria absurdo dizer a um viciado em heroína a frase “apenas pense positivo!” como uma solução para o seu problema, é absurdo acreditar que pensamento positivo oferece algum tipo de solução para grandes problemas globais como mudança climática, pobreza, agricultura industrial e riscos existenciais.

Isso não quer dizer que devemos carregar os problemas do mundo em nossos ombros e nos sentir mal sobre eles o tempo todo. É saudável reconhecer e se sentir optimista sobre o fato de que de várias maneiras importantes, o mundo está melhorando.

Porém, precisamos equilibrar esse optimismo com a disposição de confrontar problemas reais em nossas vidas particulares, nossas comunidades, nosso mundo.


7. Reprimir emoções desagradáveis que não se encaixam na narrativa “espiritual”.

“Sem chance, é impossível que eu fique deprimido, ou solitário, ou com medo, ou ansioso. Eu amo a vida demais e sou muito [Zen / sábio / iluminado] para permitir que isso aconteça.”

Eu me deparei com esse problema quando me mudei para a Coreia do Sul para ser um professor de inglês durante um ano.


Eu pensei que tinha cultivado uma tranquilidade imperturbável, uma capacidade de Lao Tzu para apenas “seguir o fluxo” e flutuar, como uma bóia, em cima das idas e vindas das ondas do destino.

Então eu vivenciei choque cultural, solidão arrebatadora e uma aguda saudade de casa, e tive que admitir para mim mesmo que, no final das contas, eu não era um tipo de Mestre Zen.

Ou ainda, eu tive que perceber que a capacidade de “seguir o fluxo” e aceitar que o que está acontecendo é eternamente valiosa, mas que às vezes isso significará aceitar que você se sente como uma pilha de merda.

É fácil iludir-se e acreditar que a espiritualidade irá fazê-lo se sentir nas nuvens, mas na prática, não é assim que funciona.

A vida ainda é cheia de sofrimentos e, para realmente crescer e aprender com nossas experiências, precisamos ser honestos com nós mesmos sobre o que estamos sentindo e deixar que isso aconteça totalmente.

No meu caso, meu desejo de ser sempre “Zen”, de “seguir o fluxo” e de projetar uma imagem de paz interior para mim e para outros me impediu de ver a verdade sobre várias situações/experiências e de assumir a responsabilidade para lidar com elas.


8. Sentir profunda aversão e auto-aversão quando confrontado com seu lado sombrio.

Eu percebi isso em mim muito rápido, após aprender sobre escape espiritual.

Eu vi que minha imagem narcisista de mim mesmo como uma pessoa sábia, que alcançou realizações “mais altas”, estava causando uma quantidade ridícula de dissonância cognitiva.

Eu me julguei com sabedoria e senti uma colossal e esmagadora culpa por decisões menos do que virtuosas.

Quando você se interessa pela espiritualidade, é fácil idolatrar pessoas como Buda ou Dalai Lama e acreditar que essas pessoas são seres humanos perfeitos que sempre agem com total consciência e compaixão. Na verdade, isso certamente não é o caso.

Mesmo que seja verdade que alguns humanos atingem um nível de percepção em que fazem a “ação correta” em todas as circunstâncias, precisamos reconhecer que tal coisa é reservada para poucos.

Pessoalmente, eu suspeito que isso não existe.

Na verdade, todos somos humanos, e todos vamos cometer erros. O jogo está contra nós.

É praticamente impossível viver até mesmo algumas semanas de vida humana adulta sem cometer alguns erros, muito menos os menores. Ao longo dos anos, haverá grandes erros. Acontece com todos nós, e não tem problema. Perdoe-se.

Tudo o que você pode fazer é aprender com seus erros e se esforçar para fazer melhor no futuro.

Paradoxalmente, a lição aparentemente espiritual de auto-perdão pode ser especialmente difícil de interiorizar para pessoas interessadas em espiritualidade.

Os ensinamentos espirituais podem deixar uma pessoa com ideais estratosfericamente altos, que resultam em uma culpa imensa e uma aversão a si mesmo quando não é capaz de corresponder a eles.

Esta é uma das principais razões pelas quais é tão comum que as pessoas espirituais desviem a responsabilidade – porque ser honesto sobre suas falhas seria muito doloroso.

Ironicamente, devemos ser honestos com nós mesmos com relação aos nossos erros, a fim de aprender com eles, crescer e nos tornamos versões mais autoconscientes e compassivas de nós mesmos.

Lembre-se: Você é somente um ser humano. Tudo bem cometer erros. Sério, está tudo bem.

Mas admita para si mesmo quando cometer um erro e aprenda com ele.


9. Encontrar-se em situações ruins devido à excessiva tolerância e uma recusa a distinguir pessoas.

Este sou eu, 100%. Durante muito tempo, levei muito a sério a ideia de que todo ser humano merece compaixão e bondade.

Eu não discordo dessa ideia hoje em dia, mas percebi que existem inúmeras situações em que outras considerações devem temporariamente anular meu desejo de tratar todos os outros seres humanos com compaixão.

Em vários países, eu me encontrei em situações de risco de morte porque confiava demais nas pessoas, eu não sabia ou era gentil com pessoas que eu deveria ter reconhecido suas características obscuras.

Por sorte, eu nunca me machuquei nessas situações, mas eu já fui roubado e enganado várias vezes.

Em todos os casos, eu queria acreditar que as pessoas com quem eu estava interagindo eram “boas” pessoas de coração e me tratariam bem se eu assim o fizesse.

Essa linha de pensamento era terrivelmente ingénua, e eu ainda estou tentando me recondicionar para entender que em certos contextos, ser bonzinho não é a resposta.

O fato triste é que, embora você possa estar isolado disso, a luta pela sobrevivência ainda é muito real para um grande número de pessoas neste planeta.

Muitas pessoas cresceram na pobreza, cercadas por crime, e aprenderam que a única maneira de sobreviver é se aproveitando da fraqueza.

A maioria das pessoas em todo o mundo parece não ter essa mentalidade, mas se você se encontra em uma cidade ou país em que a pobreza é bastante presente, você deve tomar certas precauções, coisas básicas, como:


  1. Não ande em nenhum lugar sozinho após escurecer;
  2. Tente ficar longe de áreas abandonadas;
  3. Não pare para interagir com pessoas que tentam vender coisas para você;
  4. Faça distinções entre pessoas; deixe-se saber que não há problema em confiar no mecanismo de correspondência de padrões altamente evoluído do seu cérebro, quando ele diz que alguém parece drogado, perturbado, desesperado ou perigoso.


10. Querer tanto que várias práticas “espirituais” estejam corretas ao ponto de ignorar completamente a ciência.

Há uma linha bastante anti-científica numa grande parte da comunidade espiritual, e eu acho isso uma vergonha.

Me parece que muitas pessoas espirituais se tornam hostis em relação à ciência, porque certas crenças e práticas que consideram valiosas são consideradas não comprovadas ou pseudocientíficas dentro da comunidade científica.

Se uma crença ou prática não é comprovada ou considerada pseudocientífica, isso significa apenas que ainda não conseguimos confirmar sua validade através de experimentos repetitivos em um laboratório.

Não significa que não é verdade ou que não é valioso.

O método científico é uma das melhores ferramentas que temos para entender a mecânica do universo observável; nos permitiu descobrir a verdade profunda da evolução biológica, observar os confins do espaço, prolongar a nossa vida por décadas e caminhar na lua, entre outras coisas.

Descartá-lo totalmente é perder uma das nossas lentes mais poderosas para entender a realidade.

Como Carl Sagan memoravelmente colocou:

"A ciência não é apenas compatível com a espiritualidade; é uma fonte profunda de espiritualidade. Quando reconhecemos nosso lugar em uma imensidade de anos-luz e na passagem dos tempos, quando percebemos a complexidade, a beleza e a subtileza da vida, então esse sentimento crescente, essa sensação de exaltação e humildade combinada, é certamente espiritual."

“Assim como nossas emoções na presença de uma grande arte, música ou literatura, ou de atos exemplares de coragem altruísta, como os de Mohandas Gandhi ou Martin Luther King Jr.”

“A noção de que a ciência e a espiritualidade são, de algum modo, mutuamente exclusivas, é um desserviço para ambas.”


Bónus: Deixar de lado o sucesso material por causa da crença de que dinheiro e capitalismo são malvados.

Muitas pessoas “espirituais” sabotam suas próprias capacidades de serem bem-sucedidas materialmente. Isso porque elas parecem ser alérgicas à riqueza, associando dinheiro com ganância, impureza e malevolência generalizada.

O capitalismo é visto como uma engrenagem de desigualdade e corrupção que deve ser desmantelada.

Eu costumava ter uma versão desta visão, então eu percebi o quanto ela é sedutora.

Se você é atraído pela espiritualidade, é natural desprezar o “materialismo”. Porém, na verdade, esta narrativa é muito simplista. A verdade sobre o capitalismo é complexa.

Sim, o capitalismo tem algumas desvantagens muito reais, mas, em muitos aspectos, o capitalismo tem sido uma força tremenda para o bem, estimulando a inovação maciça e tirando biliões de pessoas da pobreza globalmente.

Em 1820, 94% das pessoas na Terra viviam na extrema pobreza. Em 2015, este número caiu para meros 9,6%, muito graças ao crescimento económico catalisado pelo capitalismo.

Além disso, deixe-me ser direto com você novamente: não há nada de errado ao querer ganhar dinheiro. O dinheiro é uma ferramenta incrível.

Bilionários como Elon Musk e Bill Gates, que estão usando suas riquezas para ajudar o mundo de importantes maneiras, provam que o dinheiro pode ser usado para o bem ou para o mal.

Considere também os 139 bilionários e centenas de milionários que se comprometeram a doar um total de 732 biliões de dólares para causas de caridade em suas vidas.

Na verdade, precisamos de pessoas mais compassivas para obter riqueza substancial, para que possam usá-la de forma eficaz e altruísta para melhorar o mundo.

Para esclarecer, eu sou a favor de regular/aperfeiçoar o capitalismo para fazê-lo funcionar para todos do planeta.

Por exemplo, eu acho que precisam haver regulações para proteger o meio ambiente, para prevenir abusos como grupos de interesse e captura regulatória.

Principalmente, sou a favor de um sistema económico que incentive a inovação e o empreendedorismo, ao mesmo tempo que seja sustentável e atenda às necessidades básicas de todos.

Não tenho a certeza da melhor maneira de atingir esses objetivos elevados, mas nossas formas atuais de capitalismo estão fazendo um trabalho melhor do que muitas pessoas parecem pensar, dada a imensidão do desafio.

Eu sou totalmente a favor de um trabalho metódico e baseado em dados para aperfeiçoar e melhorar nossos sistemas económicos, mas vamos ter certeza de perceber e reconhecer todas as coisas que o capitalismo realmente faz antes de descartá-lo.



Todos estamos aprendendo…

Eu acho que, para que os vários movimentos espirituais globais interligados sejam maximamente impactantes e úteis, eles precisam abordar seus aspectos inconscientes.

Neste ensaio, tentei iluminar alguns dos pontos cegos que parecem prevalecer na comunidade espiritual. Como eu disse, a maioria dos itens que discuti serviram para mim em um ponto ou outro.

É decididamente fácil cair em algumas das armadilhas da espiritualidade e abrigar várias crenças e comportamentos limitantes, ao mesmo tempo em que se sente como se alcançasse um nível “mais alto” de ser.

A lição aqui é que o crescimento e o aprendizado são processos intermináveis. Se você acha que não tem mais nada para aprender, provavelmente está se sabotando de várias maneiras.

Pode ser profundamente difícil admitir que por um longo tempo a pessoa estava errada ou mal orientada, mas a alternativa é muito pior.

A alternativa é uma espécie de morte espiritual e intelectual – um estado de estagnação perpétua em que a pessoa se ilude sem parar, pensando que tem todas as respostas, que alcançou a Forma Final.

Em um mundo que muda rapidamente, a aprendizagem contínua é de suma importância.

No máximo, a espiritualidade é uma força que pode ajudar a humanidade a perceber nossa identidade comum como seres conscientes, ganhar consciência ecológica, sentir-se conectado ao nosso cosmos e abordar as questões mais prementes do nosso tempo com compaixão, engenhosidade, equanimidade e o que Einstein chamou uma “santa curiosidade”.

No máximo, a espiritualidade é uma força que nos impulsiona a um futuro mais harmonioso, cooperativo e sustentável.

Um brinde ao refinamento da nossa espiritualidade coletiva e co-criação de um mundo mais bonito.



Jordan Bates
in, High Existence







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