Tudo são máquinas, a luciferina intenção
de cortar, pela janela, o desenho interrompido,
ou então, tudo são máquinas ainda, quando
a boca se desenha presa às palavras
enunciadas desde o começo da biografia
(que biografia, se só haverá farrapos?):
fantasmas enunciando-se à pressa
e que a cidade reúne nos muros que a não cingem já.
Tudo são máquinas prestes a incendiar mapas,
a eliminar traços, a apagar vestígios.
«Começará o mundo depois do mundo acabado»,
escreveste no caderno.
É de lixo lírico, a paisagem, humano resíduo.
As máquinas que escrevem, escrevem na pele.
Tudo são máquinas. O mundo irá começar
dentro de momentos, prepara-te.
Luís Quintais
in, Riscava a palavra dor no quadro negro
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