sexta-feira, 20 de novembro de 2015

...........................omnívoro de livros


Sótão da casa de Tiago Salazar 



Uma pilha de livros à cabeceira, aos pés da cama, no chão, em cima do travesseiro, diz o quê deste vosso amigo?
Que sou omnívoro de livros?
Que os livros são a minha rede do trapézio?
Que sem as memórias de Giacomo (na tradução de Tamen) por perto, a vida é muito menos suportável?
Ou os textos de Proudhon, Stirner, Bakunin e Kropotkin para me reavivarem a memória do lugar do Homem no universo, a par das poesias de Tagore?

A Selva, do Ferreira de Castro, também aqui dorme, para que as regras do ofício não se descurem.
O Sandokan, ali à esquina do quarto junto ao Corsário do Salgari e do Fantasma cujo anel tanto amei em puto que se tornou o meu cachucho de anelar na meia idade.

A morte cheira a esturro por tantos e todos os lados, mas tenho aqui O Livro dos Mortos dos tibetanos para me apaziguar, se a ideia de morte (antes do tempo, e é sempre uma pena) me afanica o dia.

Noites horrendas as dos que não têm o consolo dos livros ou os que não podem dizer como disse Blaise Cendrars, troco todas as minhas páginas felizes, de mão feliz, por uma noite de amor contigo.


Tiago Salazar

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