sexta-feira, 8 de julho de 2022

Soneto ao amigo


Alijeb





 Procure ao largo de alma o lenitivo
para este mal da vida, sem promessa.
O corpo vive alheio a se ter vivo
quando fome maior nos arremessa.

 Temos todos, enfim, um amor cativo
que tudo pode e inflama e tudo cessa
quando liberto em si vê seu motivo
a este amor dê tudo e nada peça.

 Cante em sua voz o rito e os dissabores
do tempo e acontecer mas abstraindo
aspecto transitório e fáceis cores.

 Só amor, enquanto é, nos anistia:
sem ele, seres, coisas, verso vindo;
são refúgios do medo sem poesia.



MARIA ÂNGELA ALVIM
in, Poemas seguidos de Carata a um Cortador de Linho





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