Levanta-se a luz
surpreendendo as coisas
em sua indolência desirmanada
o calor principia a operar
o seu motim
com todo o vazio do espaço
pela frente
esse ruído de fundo
que passa ao lado da nossa fanfarra inútil
essa fábula da morte e da vida
que teimamos em ignorar
como se bastasse encher os pulmões
e ficar em apneia
para impeder a violência
de terminar
se habitamos
a explosão de algo que ruiu
assim seremos
nenhum escândalo
tomar o pulso ao prazo de tudo
e fruí-lo na imensa probabilidade
de ser essa a via
para o nosso real
duramos para sempre
na medida da nossa revolta
contra o frio
ecoando no crânio
de um simples pensamento
toda a escuridão
é um braço esticado
para a margem
e a margem
esta carne à revelia
com que povoamos
um mesmo lugar
de falta.
Vasco Gato
Sem comentários:
Enviar um comentário