domingo, 31 de janeiro de 2021

Véspera de ficar






Está tudo pronto, a mala,
as camisas, os mapas, a fátua esperança.

Estou a tirar o pó das pestanas
e já pus na lapela a rosa dos ventos.

Está tudo, o mar, o vento, o atlas.

Falta só o quando,
o onde, um diário de bordo,
cartas de marear, ventos propícios,
coragem e alguém que saiba
querer-me como nem eu mesmo me quero.

O barco inexistente, o olhar,
os perigos, as mãos do assombro,
está tudo pronto: a sério, em vão.
  

Juan Vicente Piqueras





Tudo na vida tem seu preço





Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou alguém que você goste muito?
Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto e não se imaginou lá com alguém que você gosta muito do seu lado?
Lembra quantas vezes você voltou naquele lugar aonde você começou uma das melhores fases da sua vida?
Você consegue contar nos dedos de uma só mão quantas vezes você brigou com amigos seus porque eles tentaram lhe fazer mudar de ideia e depois você descobriu que eles estavam certos?
Alguma vez você foi ajudado a se levantar pela pessoa que você achava que iria ficar mais feliz com sua derrota?
Quantas vezes você foi apresentado a alguém e não ficou cheio de esperanças?
Quantas vezes você olhou para uma pessoa nas ruas e pensou: "Eu te conheço de algum lugar..."
Alguma vez você notou que alguém precisava de ajuda e simplesmente não fez nada e algum tempo depois quando você precisou aquela mesma pessoa te ajudou?
Quantas vezes você já abraçou seus amigos?
Alguma vez você pensou que estava no fundo do poço e achou uma sementinha de algo bom que você nunca teria encontrado se não tivesse ido tão fundo?
Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali?
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado?
Quem sabe dizer quantas vezes você já se tornou frio, ou brigou com pessoas que não tinham nada a ver com seus problemas?
Não tem aquela musica que você não gosta de ouvir porque lembra algo que você fez enquanto ela tocava há alguns anos atrás? Ou lembra alguém que você quer esquecer mas não consegue?
Tem alguém que você nunca viu pessoalmente, mas quer conhecer?
Você já sentiu vontade de chorar só de pensar em coisas que eram boas, mas que na época você não dava valor?
Se você soubesse que iria morrer daqui a 24 horas, o que você faria? Para quem você declararia? Quem você abraçaria?
Alguém olhou nos seus olhos e você trancou a respiração mesmo sem sentir?
Você já ajudou alguém e depois essa mesma pessoa te deu as costas?
Tem pessoas para quem você inventou apelidos carinhosos e que só você os chama por eles?
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa?
Você já perdeu alguém que gostava muito?
Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou?


 A cada novo minuto 
você tem a liberdade e a responsabilidade 
de escolher para onde quer seguir, 
mas é bom lembrar que 
tudo na vida tem seu preço. 



Zíbia Gasparetto



quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A inútil poesia


Memorial do Holocausto, Berlim




Eu não vivo numa bolha de ar em Hartford.
Como posso ser fiel aos fiéis poemas
de Stevens
sem trair esta cilada?

Milosz sabe que a história é tudo o que temos
e que as traições maiores
são cometidas contra a história,
mas também em nome dela.

Como podemos nós
recuperar o sopro
que exaspera domínios no escuro,
a inumana beleza de um pavão
que abre a sua cauda
na noite iluminada,
e dizer depois
na rasa voz de quem abandonou
a inflexão retórica da sua voz,
Varsóvia, Treblinka, Celan, aldeias
cujos nomes esquecemos –
e é sintomático que os tenhamos esquecido –
onde lâminas aceradas esquartejaram
a eternidade de um rosto,
lugares – porque em cada nome
há um lugar – onde outros nomes se perfilam
num vórtice de tempos que se abrem sobre tempos
e gritos que se abrem sobre gritos,
e pétalas se expõem ao mortal apuro de se ter
sobre ombros a herança da qual
não há despedida, somente um cobarde desvio,
um conluio de silêncio e sangue?

Como esquecer? Como não esquecer?
Stevens, Milosz: uma corda de água
dança entre duas margens.
A corda é invisível
e eu procuro-a
sem método.
Aquele que me lê
deverá acreditar:

Deverá acreditar
que eu vivo
perscrutando as águas
mas dentro delas.




LUÍS QUINTAIS
in, Duelo






O que você crê seu subconsciente materializa.







Nosso subconsciente trabalha na materialização de nossas crenças.
Ele não tem senso de humor.
Faz sempre o que acreditamos.
Não falha.

Dessa forma, o fracasso não existe.
Você foi sempre um sucesso!
Sua vida é obra sua.
Você é responsável por suas experiências.

Mesmo aquelas que parecem não depender de você foram atraídas por sua forma de pensar.
As coisas não vão bem?
Só colhe infelicidade?
É hora de perceber como você consegue fazer isso.

Certamente não escolheu a atitude adequada para obter bons resultados.
Mudando essa atitude, tudo se modificará.

A vida deseja que você desenvolva seus potenciais de espírito eterno e aprenda a ser feliz.
A felicidade é nosso destino e só o bem é verdadeiro.
Para nos ensinar isso, a vida programa nossas experiências de acordo com nossas necessidades. Através do resultado dessas experiências conquistamos a sabedoria.

Na queixa há sempre uma justificativa para continuarmos a ser como somos, mas há também uma auto-imagem negativa. Você pensa que não pode fazer nada, que é incapaz e não merece. Conforma-se em ser pobre, em ficar em segundo plano, em pensar primeiro nos outros (“é feio pensar em você primeiro”). Acha que, para você ter, outros terão que dar e perder. Como se Deus fosse pobre e tão limitado que para dar a uns teria que tirar de outros.
Esses pensamentos são altamente depressivos e atraem infelicidade.

Seu subconsciente obedece às mensagens que você lhe envia.
Você tem todo o poder de criar seu próprio destino.
Se deseja viver melhor, reconheça isso.

Faça uma lista de suas crenças e até das frases que costuma dizer.
Se puser atenção e for sincera, logo vai perceber quais as crenças que são responsáveis por sua infelicidade.
Não pense mais nelas.
Esqueça-as.
Quanto mais se preocupar em eliminá-las, mais pensará nelas e as alimentará.


Trate de cultivar o oposto.
Faça afirmações positivas sempre usando o presente.
Exemplo: “Eu sou feliz”, “Tenho muita sorte”, “Minha saúde está cada dia melhor”, etc.

Escreva-as e espalhe-as em sua casa, nos lugares onde você possa vê-las constantemente.
Repita-as várias vezes por dia.

Mas não se esqueça de pôr emoção nelas, acreditar realmente no que afirmar.
Ignore aquela vozinha que lhe diz que não vai funcionar.
Não custa nada experimentar.

A vida nunca pune. Ela ensina do seu jeito. Sinaliza de diversas formas, tenta advertir as pessoas provocando situações nas quais ela pode perceber a verdade, mas para os resistentes, que se acomodam e não querer mudar, ela permite que colham os resultados de seus enganos para que aprendam o que já estão maduros para saber.

Lembre-se de que todos os problemas de sua vida foram criados por você.
Você foi, é e sempre será um sucesso.
Suas escolhas podem ter dado um resultado diverso do que você esperava, mas você conseguiu materializa-las.
Refletem o que você crê, e o que você crê seu subconsciente materializa.




Zíbia Gasparetto




terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Javier Villamor fala da Nova Ordem Mundial.

                                                 





Esperança

 





Quando a tempestade passar,
as estradas se amansarem,
E formos sobreviventes
de um naufrágio coletivo,
Com o coração choroso
e o destino abençoado,
Nós nos sentiremos bem-aventurados
Só por estarmos vivos.

E daremos um abraço ao primeiro desconhecido,
E elogiaremos a sorte de manter um amigo.

E aí vamos lembrar tudo aquilo que perdemos, 
e de uma vez aprenderemos tudo o que ainda não aprendemos.

Não teremos mais inveja, pois todos sofreram.
Não teremos mais o coração endurecido,
Seremos todos mais compassivos.

Valerá mais o que é de todos do que o que eu nunca consegui.
Seremos mais generosos
E muito mais comprometidos.

Nós entenderemos o quão frágeis somos, e o que 
significa estarmos vivos!
Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.

Sentiremos falta do velho que pedia esmola no mercado, 
cujo nome nunca soubemos, 
e que sempre esteve ao nosso lado.

E talvez o velho pobre fosse Deus disfarçado...
Mas você nunca perguntou o nome dele,
Porque estava com pressa...

E tudo será milagre! 
E tudo será um legado,
E a vida que ganhamos será respeitada!

Quando a tempestade passar, 
Eu vos peço, Deus, com tristeza ,
Que nos torneis melhores, como nos sonhastes.


Alexis Valdés
(28 de Março de 2020)





segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Infância


P.Y. Tang




Passa lento o tempo da escola e a sua angústia
com esperas, com infinitas e monótonas matérias.
Oh solidão, oh perda de tempo tão pesada...
E então, à saída, as ruas cintilam e ressoam
e nas praças as fontes jorram,
e nos jardins é tão vasto o mundo —.
E atravessar tudo isto em calções,
diferente de como os outros vão e foram —:
Oh tempo estranho, oh perda de tempo,
oh solidão.

E olhar tudo isto à distância:
homens e mulheres; homens, homens, mulheres
e crianças, tão diferentes e coloridas —;
e então uma casa, e de vez em quando um cão
e o medo surdo trocando-se pela confiança:
Oh tristeza sem sentido, oh sonho, oh medo,
Oh infindável abismo.

E então jogar: à bola e ao arco,
num jardim que manso se desvanece
e por vezes tropeçar nos crescidos,
cego e embrutecido na pressa de correr e agarrar,
mas ao entardecer, com pequenos passos tímidos,
voltar silencioso a casa, a mão agarrada com força —:
Oh compreensão cada vez mais fugaz,
Oh angústia, oh fardo!

E longas horas, junto ao grande tanque cinzento,
ajoelhar-se com um barquinho à vela;
esquecê-lo, porque com iguais
e mais lindas velas outros ainda percorrem os círculos,
e ter de pensar no pequeno rosto
pálido que no tanque parecia afogar-se — :
oh infância, oh fugazes semelhanças.
Para onde? Para onde?



Rainer Maria Rilke
in,  "O Livro das Imagens"





Sacrificar-se pelos outros





Quando o seu corpo adoece, 
ou quando você se sente infeliz, 
a verdadeira causa está em 
como você vê a vida.


Acredita que sua felicidade depende dos outros e por esse motivo faz tudo para que eles fiquem bem, sacrifica-se julgando que seja sua obrigação, porque é assim que nossa sociedade tem ensinado.

Não que prestar ajuda ou fazer algo bom para os outros seja um erro, o problema é que ao fazer isso, você os coloca em primeiro lugar e se esquece de cuidar de si.
Como está se sacrificando pelos outros, espera que eles cuidem de você.


Você é uma pessoa maltratada, que carrega o mundo nas costas, sempre faz tudo para os outros, mas não tem responsabilidade consigo mesma. Coloca-se em ultimo lugar e se julga inferior aos outros. Não sabe que a nossa primeira obrigação como pessoa é cuidar do nosso bem-estar.
Não precisa ter dinheiro para fazer isso.
Basta prestar atenção ao que sente, valorizar suas necessidades em primeiro lugar.

Nosso destino é, na medida que tomamos conhecimento da realidade, trabalharmos a favor da vida, contribuindo para a melhoria das pessoas e da sociedade como um todo, nos tornando úteis e nos integrando aos propósitos divinos. Dessa forma é que alcançaremos uma vida melhor e poderemos desfrutar de todo o bem que Deus nos destinou.

Portanto, está na hora de você se esforçar para sair do negativismo e da inversão dos valores em que nossa sociedade vive. Ela plantou em sua cabeça convicções que não são verdadeiras e limitam seu desempenho – afinal, é de acordo com elas que você age.

Melhore seu senso de realidade, sentindo o que vai em seu mundo interior. Ele lhe revelará sua verdadeira vocação, posicionando-a no seu verdadeiro lugar.
Confie no que sente.
Não confunda as emoções, que refletem as falsas crenças aprendidas, com seus verdadeiros sentimentos.
Com treino e firmeza, logo saberá diferenciar uma coisa da outra.

Lembre-se de que é um espírito eterno e que dentro de você há um grande potencial (que é de sua responsabilidade desenvolver) que representa o preço para a conquista da sua paz e da sua felicidade. Informe-se sobre as modernas descobertas da ciência, busque o autoconhecimento, trabalhe a favor da vida, aprecie a beleza em todas as suas formas.

Dê a si mesma todo o bem que puder e sempre valorize o bem alheio, pois é nele que atraímos todas as coisas boas que desejamos, conquistar.




Zíbia Gasparetto





sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Diving into the Wreck


Nirav Patel




First having read the book of myths,
and loaded the camera,
and checked the edge of the knife-blade,
I put on
the body-armor of black rubber
the absurd flippers
the grave and awkward mask.
I am having to do this
not like Cousteau with his
assiduous team
aboard the sun-flooded schooner
but here alone.

There is a ladder.
The ladder is always there
hanging innocently
close to the side of the schooner.
We know what it is for,
we who have used it.
Otherwise
it is a piece of maritime floss
some sundry equipment.

I go down.
Rung after rung and still
the oxygen immerses me
the blue light
the clear atoms
of our human air.
I go down.
My flippers cripple me,
I crawl like an insect down the ladder
and there is no one
to tell me when the ocean
will begin.

First the air is blue and then
it is bluer and then green and then
black I am blacking out and yet
my mask is powerful
it pumps my blood with power
the sea is another story
the sea is not a question of power
I have to learn alone
to turn my body without force
in the deep element.

And now: it is easy to forget
what I came for
among so many who have always
lived here
swaying their crenellated fans
between the reefs
and besides
you breathe differently down here.

I came to explore the wreck.
The words are purposes.
The words are maps.
I came to see the damage that was done
and the treasures that prevail.
I stroke the beam of my lamp
slowly along the flank
of something more permanent
than fish or weed

the thing I came for:
the wreck and not the story of the wreck
the thing itself and not the myth
the drowned face always staring
toward the sun
the evidence of damage
worn by salt and sway into this threadbare beauty
the ribs of the disaster
curving their assertion
among the tentative haunters.

This is the place.
And I am here, the mermaid whose dark hair
streams black, the merman in his armored body.
We circle silently
about the wreck
we dive into the hold.
I am she: I am he

whose drowned face sleeps with open eyes
whose breasts still bear the stress
whose silver, copper, vermeil cargo lies
obscurely inside barrels
half-wedged and left to rot
we are the half-destroyed instruments
that once held to a course
the water-eaten log
the fouled compass

We are, I am, you are
by cowardice or courage
the one who find our way
back to this scene
carrying a knife, a camera
a book of myths
in which
our names do not appear.



Adrienne Rich







Staind - Outside (Official Video)

O Mundo Real não Existe para o Homem Prático





 

Há duas maneiras de olhar as coisas, como há duas maneiras de as não olhar.
Ou se olham pondo-nos de fora delas ou pondo-nos dentro delas.
Só no segundo caso as vemos bem, porque só então nos vemos mal ou simplesmente nos perdemos a nós de vista.
O primeiro ver é o do homem prático, o segundo, o do artista.
Um e outro também divergem no modo de não ver as coisas.
O primeiro porque simplesmente as não vê; o segundo porque não repara nelas.
Ao contrário do que se supõe, o mundo real não existe para o homem prático: o que existe é a sua instrumentalização. Uma flor só lhe existe se a puser na lapela ou mesmo num jarro; como um pássaro só lhe é real se o tiver numa gaiola ou o comer frito.



Vergílio Ferreira
in, Conta-Corrente 2




 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

A Plagued Journey








There is no warning rattle at the door   
nor heavy feet to stomp the foyer boards.   
Safe in the dark prison, I know that   
light slides over
the fingered work of a toothless   
woman in Pakistan.
Happy prints of
an invisible time are illumined.   
My mouth agape
rejects the solid air and
lungs hold. The invader takes   
direction and
seeps through the plaster walls.   
It is at my chamber, entering   
the keyhole, pushing
through the padding of the door.   
I cannot scream. A bone
of fear clogs my throat.
It is upon me. It is
sunrise, with Hope
its arrogant rider.
My mind, formerly quiescent
in its snug encasement, is strained
to look upon their rapturous visages,   
to let them enter even into me.   
I am forced
outside myself to
mount the light and ride joined with Hope.

Through all the bright hours   
I cling to expectation, until   
darkness comes to reclaim me
as its own. Hope fades, day is gone   
into its irredeemable place
and I am thrown back into the familiar   
bonds of disconsolation.
Gloom crawls around
lapping lasciviously
between my toes, at my ankles,   
and it sucks the strands of my   
hair. It forgives my heady   
fling with Hope. I am
joined again into its
greedy arms.


Maya Angelou
in,  Shaker, Why Don't You Sing?





O Medo


Stephen Clough





Na cama, Kantu pôs-se a pensar na existência dura e solitária de Mama Maru, que, assim à primeira vista, parecia não temer a solidão
Pensou também em si mesma, no medo que se apoderava dela de todas as vezes que tinha de enfrentar situações especiais. O medo que a acompanhara desde pequena: medo de perguntar, medo de saber, de olhar na cara das pessoas, medo de errar. 
Sempre o maldito medo. 
Mas já começava a controlá-lo, a contrariá-lo.

Condori certo dia explicou-lhe:
- O medo é uma forma de energia. É como o amor, como o ódio, como a ira: é simplesmente energia orientada numa determinada direcção. Desafia o medo e modificarás a sua direcção.
Até nos sonhos a mulher deve permanecer vigilante, atenta, deve enfrentar os seus medos. O sonho é uma actividade sagrada, a oportunidade que temos de entrar em contacto com o mundo espiritual, para recebermos conselho, para sermos guiados.

Os nossos antepassados eram grandes sonhadores. 
Através dos sonhos, transformavam a realidade em vida, numa vida verdadeira que não esta. 
Antes de mais, é necessário seguir a visão, e a visão apenas surge nos sonhos; sonha-se sempre, mesmo quando estamos acordados. O sonhador, por força das coisas, é um criador e, se é capaz de criar, também deve ser capaz de curar, de dar saúde.
A mulher sonha muito mais do que o homem; é uma das suas características, e é precisamente através dos sonhos que a mulher entra em contacto com o infinito, com o além. O sonho guia, ensina-a como deve comportar-se durante a vigília, ensina a realizar determinadas acções. No sonho, as fantasias e os ideais da mulher tornam-se reais, precisamente porque é através do sonho que ela pode aceder a um espaço mais vasto no qual adquire maior sabedoria.
Para sonhar bem, deve reforçar a própria capacidade de recordar os sonhos e de os modificar enquanto dorme.

As pessoas que vivem na cidade não sonham, por causa do stress a que estão submetidas e se, por acaso sonham, não se lembram do que sonham e, porventura se recordam, não sabem o que fazer com o sonho. Durante o sonho, até as situações mais difíceis se tornam fáceis. 
O sonho é o meio através do qual uma pessoa pode entrar em contacto consigo mesma. - disse-lhe Condori.

(...)

- Avó, não tens medo de viver aqui sozinha?
- Medo de quê?
- Da escuridão, dos animais selvagens, dos ladrões, dos delinquentes, dos homens.
- A escuridão não é uma inimiga, mas sim uma aliada. Aqui não há animais selvagens perigosos. E no que respeita a ladrões por vezes aparecem alguns, mas sei como mantê-los à distância; foi o que sempre fiz desde a juventude.
- Como conseguiste vencer o medo?
- Durante muito tempo fui escrava do medo, mas libertei-me dele por completo. 
O medo é uma armadilha que amarra as mulheres, impedindo-as de se exprimirem livremente. Tive de aprender à minha custa, de um modo brutal e após uma experiência bastante dolorosa, porque quem consegue derrotar o medo torna-se senhora da sua própria vida.
- Certamente, quando eras nova, deves ter sido assediada por muitos homens. Como fazias para te defenderes?
- Demonstrando-lhes que não era uma mulher qualquer, mas uma Verdadeira Mulher.
- Avó, dizes que consegues mantê-los à distância e que é coisa que fazes desde os teus verdes anos. Contudo, por algum lado deves ter começado a controlar o teu medo em relação aos homens e às pessoas?
- Como é natural, encontrei ao longo do caminho homens violentos que queriam possuir-me à força; no entanto, nunca o conseguiram, pelo simples facto de que eu não queria. Se não tivesse oposto toda a minha vontade, teriam facilmente conseguido. Mas eu entregava-me a um homem só por amor, nunca por temor.
Quando tinha dezasseis anos, um homem violentou-me na casa onde eu era empregada doméstica.
(...)Tentei opor resistência mas ele era muito mais forte do que eu, e conseguiu entrar dentro de mim pela força. (...) Com o passar dos meses descobri que estava grávida. Dei à luz um rapaz. Tiraram-me o meu filho e puseram-me fora de casa. (...) Uma vendedora de fruta socorreu-me. Vivi com aquela vendedora de fruta até um dia conhecer uma senhora de idade que me convidou a ir viver com ela e eu aceitei. Contei-lhe a minha história e a mulher foi exigir que me devolvessem o meu filho. (...) Mas, nunca consegui ter o meu filho comigo. Essa senhora acabou por morrer e entretanto, fiz-me uma mulher. Mas, mais uma vez fui levada ao engano pelo pai do meu filho e violentou-me de novo contra minha vontade. Ameaçou-me que eu seria dele até à morte, e que se eu fugisse ele me encontraria. 
Ao ouvir estas ameaças fiquei cheia de medo, contei à minha patroa e ela levou-me a uma senhora, Jacinta Qoyllur, uma curandeira que escutou atentamente a minha história. A velha entregou-me um saco pequeno e disse-me para o esconder na roupa que tivesse vestida e para trazê-lo sempre comigo. Disse-me que aquele homem, fizesse o que fizesse, nunca mais teria poder sobre mim. Disse-me para me deixar levar, para eu não resistir nem recorrer à força, para não lhe resistir e nada de mal me aconteceria. Quando o pai do meu filho tentou violar-me novamente, eu não opus resistência e deixei-me levar, mas ele não conseguiu ter erecção e por isso não conseguiu penetrar-me. Sentiu-se impotente humilhado mas, como eu não opus resistência, não me bateu e mandou-me embora. 
Depois disso, tentou mais vezes mas, como nunca conseguia ter erecção, nunca mais me procurou. (...) Voltei mais tarde à Jacinta para lhe contar o que acontecera e pedi-lhe ajuda para reaver o meu filho. Ela disse que se eu quisesse poderia tornar-me numa curandeira como ela e poderia reaver o meu filho, e foi assim que a Jacinta me começou a instruir. Durante a instrução a Jacinta sujeitou-me a vários rituais para eu enfrentar o meu medo, e dizia-me: " Luta com todas as tuas forças, enfrenta o medo e procura uma solução". Ao ouvir estas palavras, algo dentro de mim se moveu e começou a impelir-me para o exterior. Não sei de onde vinha toda aquela energia que começava a dominar-me, mas lutei com todas as minhas forças; sentia-me a esbracejar no meio do oceano. Depois, comecei a nadar, de uma forma consciente, em direcção a um ponto luminoso. Deixei de ter medo, percebes? Comecei a flutuar num oceano de paz e tranquilidade. 
Senti-me forte, poderosa, segura, e comecei a ter consciência de que era capaz!
Depois a Jacinta disse-me:
"Tem calma, estou aqui para te proteger. Neste momento estás a encontrar-te a ti mesma, para lá das recordações, para lá do mundo material. Chegaste ao centro de ti mesma e isso dar-te-á força para sempre. Nunca mais terás medo do mundo exterior, porque, a partir deste momento, sabes que o mundo interior é extremamente poderoso. A partir de hoje poderás avançar até ao centro de ti mesma e aí conhecer cada vez melhor a tua alma e entrar em contacto com o espírito de luz que vive dentro de ti. E eu ajudar-te-ei quando estiveres pronta.

Vou revelar-te dois segredos:
Cada pessoa tem a sua estrada, a sua meta, o seu objectivo. 
Assim que identificares o teu caminho, deverás dedicar-te a servir os outros, porque só quando vives para os outros é que vives para ti mesma. 
Entre o teu caminho e o serviço que prestas aos outros tem de haver equilíbrio, caso contrário corres o risco de te transformares num ser mergulhado no caos, ou acabarás escrava de alguém. 
Eu ajudo-te a manteres o teu equilíbrio e a não deitares tudo a perder. 
Terás de ser tu própria , sempre e em todas as circunstâncias; aceita o que és, e depois começa a caminhar. 

O segundo segredo consiste em reconhecer que todas as pessoas têm medo:
todas, absolutamente todas, compreendes? Nenhuma pessoa é alheia a este sentimento, porque o medo faz parte da natureza humana. Mas tu tens de o enfrentar e dominar, porque só assim conseguirás superá-lo e utilizá-lo segundo os teus desejos. 

Lembra-te: se te deixares subjugar pelo medo, estás perdida, vencida, irremediavelmente derrotada. Se, pelo contrário, o enfrentares, se decidires vencê-lo, corres perigo, é verdade, mas demonstras a enorme força que possuis. Sabes que podes vencer ou perder, não há outra alternativa. Quando uma pessoa enfrenta o próprio medo, do centro do seu ser liberta-se uma energia poderosa que a transforma."
E depois adormeci.
E foi assim que começou a minha aprendizagem como curandeira.
(...)

Kantu, tomava consciência de que se encontrava sob orientação dos curandeiros andinos para aprender a controlar a própria força interior, da qual tinha plena consciência. 
Tinha aprendido a conhecer o próprio corpo, a compreendê-lo, a conhecer as suas capacidades e potencialidades. Até há pouco tempo, o corpo, para ela, era apenas a parte material, a parte física do seu eu; agora, pelo contrário, transformara-se num instrumento maravilhoso capaz de lhe transmitir toda uma série de informações: sentimentos, desejos, sensações, emoções, pensamentos, sonhos; um instrumento capaz de resolver várias situações no seu dia-a-dia. Podia dar-lhe prazer, aquele prazer que tantas vezes lhe fora negado e que agora experimentava com todos os poros da sua pele. Uma alegria intensa que, agora, adorava sentir, um consolo que lhe dava uma grande satisfação e que não tinha nada a ver com aquela sensação de pecado que, antes, sentia de todas as vezes que tocava em determinadas partes do seu corpo. 
Agora podia tocar-se livremente, sem remorsos nem culpa.
(...)

Mama Maru disse a Kantu:
- Muitas vezes, a cidade deforma os pensamentos, e a mulher acaba por se tornar artificial, quase masculina. A cidade oferece comodidade, mas também te enche de coisas que não servem para nada, coisas que enganam e que acabam por mudar a tua verdadeira natureza.
Lembra-te que Saber é Poder!
Agora entrarás num círculo em que aprenderás os segredos das Mulheres Serpente.
Perceberás que aquilo que até agora te foi ensinado não é a vida autêntica; a verdadeira vida é outra. Aqui aprenderás a ser Mulher!
Também deves ter presente que o Saber não serve de nada se o conservarmos escondido dentro de nós. O Saber tem de ser transmitido, caso contrário, acontece-lhe o mesmo que às jóias: servem para embelezar, mas a maior parte do tempo ficam guardadas em segurança. Ou então, como o dinheiro escondido com espírito mesquinho e que, se fosse posto a circular livremente, teria mais utilidade.
Saber é Poder: um poder que resulta da acção.

Poderás utilizar esse poder quando quiseres, uma vez que só através da acção e da experiência poderás saber e compreender se o que fazes é bom ou é mau, se estás a caminhar na direcção certa ou na direcção errada.
Os pensamentos dos seres humanos são frequentemente confusos porque não têm meta nem finalidade; a direcção do próprio caminho só pode ser encontrada quando se age.





in, A Profecia da Curandeira
Hernán Huarache Mamani

 


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Testar o nosso grau de iluminação




 A maluquice de notícias que correm nos dias de hoje na internet mostra o quanto ainda somos imaturos ou melhor inconscientes de como as energias funcionam. 

Principalmente no que toca aos processos mentais, ao nosso foco, à consciência interior, à disciplina mental, à necessidade de observar em silêncio e deixar a nossa alma trazer ao de cima a sua própria sabedoria sobre a experiência do momento. 

Embora o pânico se tenha generalizado pela maioria, hoje em dia já temos acessíveis ferramentas capazes de nos ajudar a lidar positivamente com tudo o que está a acontecer. 


Não é quando tudo nos corre bem 
que provamos o nosso trabalho interno, é precisamente quando o medo se instala que testamos o nosso grau de iluminação. 


Deixo algumas como lembrete;

1. O Livre arbítrio não é só um pobre conceito que se traduz como livre escolha. É um dos maiores poderes que o ser humano carrega consigo e que determina que podemos / devemos escolher a cada momento o que nos garanta o nosso equilíbrio, saúde e bem estar a todos os níveis. É o livre arbítrio que activa a Lei do karma, a lei da atração ou seja, o que escolhemos dita a qualidade da nossa realidade. Há então que usá-lo inteligentemente de forma a criarmos algo positivo e não negativo. 
Estás positivamente presente e disciplinada nas escolhas que fazes?

2. PNL - Linguagem - Tem mais depressa sucesso a pessoa que afirma: 
"Quero viver uma vida saudável" 
do que a pessoa que afirma: 
"Preciso deixar de fumar". 
Dá para perceber o que é obviamente diferente de uma frase para a outra? 
O nosso inconsciente não percebe o Não. Ele regista ingenuamente o que ouve e por isso é tão importante que mantenhamos o nosso discurso interno e externo positivo.

3. SAR - Sistema de activação recticular. 
É o fenómeno mental que, perante a quantidade absurda de informação a que estamos sujeitos a todos os momentos, escolhe focar na que interessa de acordo com o que temos como prioridades internas. 
Por exemplo, só vermos carrinhos de bebé quando esperamos um filho ou que todos os carros têm a cor do nosso. Aprendemos no Coaching que focando no nosso objectivo, naquilo que mais desejamos manifestar, influencia o nosso sistema interno a filtrar no exterior, apenas o que nos serve para a conquista desse objectivo e a ignorar o que não está em sintonia com ele.
Qual é o teu maior objectivo positivo futuro a longo prazo?

4. PNL - Valores - O que é realmente importante para nós. 
Evitar o que não queremos? 
Ou procurar o que queremos? 
A nossa acção tem duas fontes internas de energia; o medo ou o amor. 
Em linguagem PNL chamamos os movimentos "away from (fuga/medo/negativo)" ou "towards to (foco/amor/positivo). 
Até que sejam observados e trazidos à consciência, usamo-los sem consciência de qual é o dominante em nós e são normalmente herdados pelos pais. 
Por exemplo uma pessoa que está a defender o valor da segurança, dificilmente perceberá as escolhas e discurso da pessoa que está a defender o valor da liberdade. 
Olhando para o teu dia, as tuas escolhas, o tipo de informação que lês, as respostas que dás, em que fonte dominante dirias que está sustentada a tua energia, o teu foco e as tuas escolhas?

5. Lei da Atração - Este princípio Hermético diz que atraímos energias em vibração idêntica à nossa. Uma das formas de percebermos mais sobre quem somos, é precisamente observar sem julgamento tanto as pessoas mais negativas como as mais positivas que atraímos. 
Mudar a nossa vibração elevando-a para vibrações mais leves e amorosas, é o que nos garante sermos capazes de atrair pessoas com vibrações também mais leves e deixar de atrair tanta densidade. 
Por isso observa as pessoas mais densas e negativas à tua volta e procura manifestar o lado positivo e mais leve. Ou seja, aprende a ser a Luz no meio da escuridão.
Já aprendeste a "ler" as pessoas à tua volta?

6. Projecção. A tendência que temos de ver no outro ou no exterior o que ainda vive inconsciente em nós. Explica o fenómeno de vermos o arrogante a acusar o outro de arrogante. O autoritário a gritar para o outro que ele é autoritário. O irresponsável a acusar o mundo de irresponsabilidade. Todos sem excepção o fazemos nalgum grau pela simples razão de que nem tudo o que somos e carregamos em nós está consciente. 
Por isso a próxima vez que deres por ti a acusar alguém de algo; questiona esse mesmo aspecto em ti mesmo, pois se a lei da atração o fez presente na tua realidade, algo em ti ressoa com ele.

7. Dizia um ditado antigo que a mente é oficina do diabo. A mente é umas das nossas partes que deve estar integrada no todo que somos e ao serviço do equilíbrio global que implica o lado emocional, fisico e espiritual. É a partir deste equilíbrio que então rejeitamos o que nos é tóxico e que buscamos o que é essencial à saúde da nossa essência. Neste momento, a quadratura do Neptuno ao eixo da comunicação é o que está a gerar a loucura mental dos meios de comunicação. Mas é o momento ideal para percebermos que, a informação mental sem integração interna nas outras partes, é capaz de levar à loucura e ser a origem de desequilíbrios profundos. Tempo perfeito para focar a mente em algo positivo, como por exemplo, descobrires o teu mapa astral e as mensagens que ele tem para ti.

8. Quando não podemos mudar o que está fora, a vida está a propor-nos mudar dentro. A rendição, a aceitação, a vivência sem apego ao desfecho, a capacidade de fluir, a contemplação, a resistência à reactividade, são termos desafiantes para qualquer um de nós, mas são estágios conquistados por quase todos os grandes Mestres que passaram pela terra. Qualquer um deles requer um enorme foco e disciplina mental, são difíceis de atingir, mas não impossíveis. Experimenta! Fecha os olhos, respira fundo e mantém na tua mente o Mantra: 
"Tudo está a acontecer da maneira certa, no tempo certo."

 

A relatividade do certo e errado, da verdade pessoal e das verdade absolutas, o que faz sentido e o que não faz, as opiniões / visões pessoais, a verdade, a mentira, as omissões e distorções serão sempre temas sensíveis, e como disse acima, devem ser filtrados pelo próprio para sua própria proteção e equilíbrio.

 

Porque os próximos meses serão desafiantes, mantenhamos estas dicas à mão!


Vera Luz



Asma


Simon Horsch




Uma asma espiritual, um traço infame
que se cruza com a tua biografia
a horas impróprias, sem reserva,
interpelando-te.

És, serias uma máquina,
o funcionário vaticina o teu futuro,
desenha-te a número, cifra, percentagem,
prognostica-te objectivos, soma-te e subtrai-te.

Amanhã, o seu corpo-teorema
atropelar-te-á, morrerás na margem,
estuprado, defenestrado
pela arruaça tecnocrática.

E se viesse uma bomba que o incluísse,
um kamikaze, um messias
de espanto e morte, atómico e total.
Seria ao menos de companhia, esse director.


 LUÍS QUINTAIS






........................................ fractal codes





“There are fractal codes containing the laws of creation and the more we understand these laws the more we can apply the harmony that is apparent in nature as a more powerful force in our own lives. There is truth and purity in natural things and our contact with them nourishes the soul and illumines the mind”. 
Jonathan Quintin





sábado, 16 de janeiro de 2021

Stepping Backward


Abdulrahman Abu Shaer




Good-by to you whom I shall see tomorrow,
Next year and when I'm fifty; still good-by.
This is the leave we never really take.
If you were dead or gone to live in China
The event might draw your stature in my mind.
I should be forced to look upon you whole
The way we look upon the things we lose.
We see each other daily and in segments;
Parting might make us meet anew, entire.

 
You asked me once, and I could give no answer,
How far dare we throw off the daily ruse,
Official treacheries of face and name,
Have out our true identity? I could hazard
An answer now, if you are asking still.
We are a small and lonely human race
Showing no sign of mastering solitude
Out on this stony planet that we farm.
The most that we can do for one another
Is let our blunders and our blind mischances
Argue a certain brusque abrupt compassion.
We might as well be truthful. I should say
They're luckiest who know they're not unique;
But only art or common interchange
Can teach that kindest truth. And even art
Can only hint at what disturbed a Melville
Or calmed a Mahler's frenzy; you and I
Still look from separate windows every morning
Upon the same white daylight in the square.

 
And when we come into each other's rooms
Once in awhile, encumbered and self-conscious,
We hover awkwardly about the threshold
And usually regret the visit later.
Perhaps the harshest fact is, only lovers--
And once in a while two with the grace of lovers--
Unlearn that clumsiness of rare intrusion
And let each other freely come and go.
Most of us shut too quickly into cupboards
The margin-scribbled books, the dried geranium,
The penny horoscope, letters never mailed.
The door may open, but the room is altered;
Not the same room we look from night and day.

 
It takes a late and slowly blooming wisdom
To learn that those we marked infallible
Are tragi-comic stumblers like ourselves.
The knowledge breeds reserve. We walk on tiptoe,
Demanding more than we know how to render.
Two-edged discovery hunts us finally down;
The human act will make us real again,
And then perhaps we come to know each other.
 

Let us return to imperfection's school.
No longer wandering after Plato's ghost,
Seeking the garden where all fruit is flawless,
We must at last renounce that ultimate blue
And take a walk in other kinds of weather.
The sourest apple makes its wry announcement
That imperfection has a certain tang.
Maybe we shouldn't turn our pockets out
To the last crumb or lingering bit of fluff,
But all we can confess of what we are
Has in it the defeat of isolation--
If not our own, then someone's, anyway.

 
So I come back to saying this good-by,
A sort of ceremony of my own,
This stepping backward for another glance.
Perhaps you'll say we need no ceremony,
Because we know each other, crack and flaw,
Like two irregular stones that fit together.
Yet still good-by, because we live by inches
And only sometimes see the full dimension.
Your stature's one I want to memorize--
Your whole level of being, to impose
On any other comers, man or woman.
I'd ask them that they carry what they are
With your particular bearing, as you wear
The flaws that make you both yourself and human.



Adrienne Rich






O nosso trabalho é:





O nosso trabalho não é procurar a luz pois nós já somos a luz. 
O nosso trabalho é retirar o que a esconde, o que nos impede que ela brilhe dentro de nós.

O nosso trabalho não é descobrir o amor pois nós já somos amor puro. 
O nosso trabalho é aprender a expressar o amor que já somos.

O nosso trabalho não é procurar a nossa missão. A nossa vida já é a nossa missão. 
O nosso trabalho é recordar como iremos colocar os nossos dons e talentos ao serviço do mundo.

O nosso trabalho não é criar um mundo perfeito. 
O nosso trabalho é perceber que o mundo já é perfeito quando estudadas e percebidas as leis universais.

O nosso trabalho não é criar uma sociedade equilibrada baseada em valores superiores. 
O nosso trabalho é encontrar equilíbrio dentro de nós e vivermos à altura do nosso potencial individual. O social será sempre um espelho do individual.

O nosso trabalho não é encontrar uma profissão. 
O nosso trabalho é seguir a nossa paixão e integrá-la numa profissão.

O nosso trabalho não é sair da cama em busca de materializar a vida perfeita. 
O nosso trabalho é sair da cama e sermos capazes de expressar a mais bela versão de nós mesmos.

O nosso trabalho não é procurarmos um bom emprego e um bom salário. 
O nosso trabalho é confiarmos que o que de melhor e com amor dermos ao mundo, iremos ser bem pagos por isso.

O nosso trabalho não é criar a vida que queremos. 
O nosso trabalho é fazermos as pazes com a vida que temos.

O nosso trabalho não é exigir o melhor dos outros. 
O nosso trabalho é conseguirmos o melhor de nós mesmos.

O nosso trabalho não é julgar o outro. 
O nosso trabalho é perceber porque o outro está na nossa realidade.

O nosso trabalho não é resolver problemas e evitar desafios. 
O nosso trabalho é aprender e evoluir com os problemas e desafios.

O nosso trabalho não é atingir a felicidade. 
O nosso trabalho é ser feliz aqui e agora.


Vera Luz