Anne Goddard
Nunca tinham falado a Kantu sobre a importância de ser mulher.
Muito menos de como deveria ser uma Verdadeira Mulher.
Referiam-se sempre à mulher em termos de sexo fraco, de criatura inferior, de serva fiel do marido, de ser que deve sacrificar-se para o bem da família.
Por vezes, também falavam da mulher emancipada como se fosse uma rebelde, alguém que não está interessada no casamento; como se defender a igualdade entre os sexos ou afirmar a independência económica equivalesse a um capricho seu ou, pior ainda, a um ataque directo à supremacia masculina.
- Avó, como deve ser a vida de uma mulher verdadeira?
- A Verdadeira Mulher é uma Mestra de Vida: guia o seu companheiro, educa os seus filhos através da acção, e dos ensinamentos, com o seu exemplo. A mulher precisa de discípulos a quem ensinar e amar; o homem precisa de uma Mestra que lhe sugira ideias a concretizar.
Homem e Mulher têm papeis diferentes, mas precisam um do outro para se complementarem.
O homem sem a mulher não é nada, mas a mulher sem o homem também não é melhor.
Unidos são Força.
A Verdadeira Mulher não precisa de competir com o homem; é um ser dotado de qualidades específicas e é absurdo comparar com as masculinas. A mulher em comunhão, em cooperação absoluta com o seu homem, empreende o caminho do amor, da verdade, do respeito pelas Leis Universais.
Uma Verdadeira Mulher caminha para o futuro com muito amor, dedicação e aceitação.
Tem um olhar sereno e fala com doçura e respeito; tem ternura no seu coração.
A sua energia é constituída por vibrações muito subtis que a elevam a um nível mais espiritual.
É por isso que ainda hoje se diz:
" A mulher abre ao homem a porta da eternidade; a verdadeira mulher é uma semideusa, filha da Pachamama, da Grande Mãe Cósmica, fonte de vida eterna"
A mulher é o caminho para a eternidade, a estrada que permite a fusão com o infinito e que ensina a compreender a Vida e a realizar-se.
" A mulher abre ao homem a porta da eternidade; a verdadeira mulher é uma semideusa, filha da Pachamama, da Grande Mãe Cósmica, fonte de vida eterna"
A mulher é o caminho para a eternidade, a estrada que permite a fusão com o infinito e que ensina a compreender a Vida e a realizar-se.
- O que deve fazer o homem juntamente com a mulher? - Perguntou Kantu.
- O homem que vive com a verdadeira mulher diviniza-se.
Para descobrir os mistérios da divindade, o homem tem de penetrar no coração da mulher, porque a Pachamama quer apenas aquilo que a mulher deseja. Se a Pachamama é amor, a mulher também o é. O homem deve considerar a mulher como a versão da natureza criadora, cuja moral se baseia no respeito pela vida.
- No passado, em que consistia a educação da Mulher Verdadeira?
- Antigamente, a mulher, tinha de passar por um processo de iniciação.
Entrava sozinha no Templo do Puma, onde permanecia sete dias e sete noites, onde conhecia e saboreava a verdadeira solidão. Na escuridão mais absoluta enfrentava o medo do desconhecido e, mergulhada no silêncio mais impenetrável, procurava conhecer a sua verdadeira natureza.
A luta mais dura de suportar não é a que se trava contra um adversário, homem ou mulher que seja, mas a que se trava com nós mesmos. Ali, onde não se ouvia o mais pequeno ruído, a mulher começava a ouvir os sons emitidos pelo seu corpo: o bater do coração, os sons do intestino, do estômago, da respiração dos pulmões,...
Nesse retiro absoluto através da meditação, da reflexão, e da análise da própria vida, a mulher vencia os seus medos, os seus receios, até descobrir quem realmente era e qual a sua missão na Terra. A mulher que entrava no Templo do Puma saía de lá preparada, consciente do próprio poder e da própria força.
Nesse retiro absoluto através da meditação, da reflexão, e da análise da própria vida, a mulher vencia os seus medos, os seus receios, até descobrir quem realmente era e qual a sua missão na Terra. A mulher que entrava no Templo do Puma saía de lá preparada, consciente do próprio poder e da própria força.
No entanto, para começar a sua iniciação, a mulher tinha de superar previamente uma série de provas que moldassem o seu carácter de maneira a poder, depois, já no Templo, controlar a pouco e pouco o próprio corpo e a própria mente. Nesse percurso, a luta maior que tinha de travar era a que dizia respeito ao controlo da mente. Dentro do Templo era continuamente acossada por medos e dúvidas e tinha de acreditar nela própria. Concentrada em si própria, a mulher percorria com a memória tudo o que tinha feito desde que viera ao mundo, e pela primeira vez enfrentava e julgava a sua própria pessoa. e ali, aprendia a atravessar a porta da eternidade sem medo.
Se realmente queriam, conseguiam!
Todas as mulheres podem, é tudo uma questão de vontade.
Se tu queres uma coisa, podes obtê-la; basta que a desejes com todas as tuas forças.
Se, pelo contrário, a tua vontade é débil, frágil, nesse caso, não obterás nada.
Assim que compreenderes o poder que tens dentro de ti, poderás levantar a cabeça, olhar para os outros com amor e com doçura e, ao mesmo tempo, agir com serenidade e determinação.
in, A Profecia da Curandeira
Hernán Huarache Mamani
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