quinta-feira, 15 de novembro de 2012
O LAMBE-BOTAS É O VISCO DA SOCIEDADE
Há duas espécies de lambe-botas.
É tempo de – Deus nos livre – as conhecer melhor.
O lambe-botas pegajoso é o lambe-botas dos pequenos.
O lambe-botas que vai subindo a escadaria da sociedade de língua de fora. O lambe-botas que não se importa de perseguir, até à exaustão, quem tem as botas que ele, um dia, quer calçar. Nem que saiba, e está farto de o saber, que as botas não lhe servem. Mas até isso, um par de botas que não lhe servem, lhe serve. O lambe-botas pegajoso consegue o que quer por desistência alheia – tanto mói que conquista.
É um maratonista: um corredor de fundo. E é essa, no fundo, a sua única forma de sobrevivência.
O lambe-botas seboso, por seu turno, é bem diferente.
Sabe que não vale nada. E é isso o que, na verdade, lhe vale. Lambe sem olhar a quem, lambe por todo o lado e a toda a hora. E é capaz de, depois, colher dividendos disso mesmo. Como sebo na pele, conhece intimamente tudo o que vai acontecendo: sabe cada truque, cada artimanha, cada esquema daqueles a quem já, um dia, lambeu botas. E sabe, também, que eles sabem que ele sabe como pode rentabilizar isso a seu favor. O lambe-botas seboso sabe demais. E sabe demais de muitos mais. E é por isso que acaba por ter quase todos os demais na mão. O lambe-botas seboso cheira mal, toda a gente sabe que cheira mal. Ninguém gosta, na verdade, do lambe-botas seboso. Mas ninguém consegue, na verdade, parar de lhe arranjar botas para calçar.
Quem tem botas, já se sabe, tem medo.
E tu: que número calças?
Pedro Chagas Freitas
in "SÓ OS FEIOS É QUE SÃO FIÉIS"
p.s.- Gostaria de mostrar vários dedos do meio aos hipócritas. Aos mentirosos. A quem se leva demasiado a sério. A quem tira prazer do mal dos outros. A quem gosta de lixar a vida aos outros. Aos infelizes que tornam a vida dos outros miserável. Aos lambe-botas. Aos cínicos. Aos aproveitadores da desgraça alheia. Aos falsos defensores da moral e dos bons costumes. Aos ratos de sacristia. Aos graxistas. Aos gananciosos. Aos sem-escrúpulos. Aos abusadores. Aos falhados. Aos despeitados. Aos pobres de espírito. Aos degenerados. Aos estúpidos. Aos que se fazem cegos, surdos e mudos. Aos ignorantes.
A todos eles, ergo os meus dedos do meio.
E ergueria mais, se mais dedos do meio tivesse!
Esclarecimento: ergo os meus dedos do meio tanto a homens como a mulheres.
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