
“Quando se fala de verdade para alguém, tal verdade abala os fundamentos de uma premissa, este momento se torna uma encruzilhada na estrada. Do mesmo modo, quando se perde a verdade, Hecate é a sabedoria interior que prepara a pessoa para ouvi-la. Às vezes, a pessoa pode encontrar-se inesperadamente no entroncamento de Hecate quando algo acontece que a coloca na berlinda. Pode ser uma exposição pública que exija uma declaração oficial. Ou sabendo que “calar é consentir”, a pessoa pode dar-se conta de que esse é o momento de se contar a verdade doa a quem doer. À parte o facto da influência que se possa ter sobre a situação, tais momentos de decisão são verdadeiros aparadores de arestas da alma.
Às vezes, quando se sabe o que se tem a fazer pode parecer meio herética, surge um medo irracional, uma reacção emocional que parece antecipar o grito de “Queimem a Bruxa”. Esse medo é transpessoal e parece estar alojada na psique feminina, bem próximo da superfície, onde ainda se esconde o pavor de ser rotulada e perseguida como feiticeira. Sentir o medo e fazer o que precisa ser feito, não obstante exige muita coragem. Com o efeito do campo mórfico, quanto mais mulheres confrontarem esse medo colectivo, mais fácil se tornará para outras fazerem o mesmo.
Quando Perséfone voltou do mundo subterrâneo, Hecate tornou-se a sua companheira constante. E assim funciona connosco. A sabedoria de Hecate se adquire com a experiência da vida – de se ter vivido uma longa vida. Com Hecate, a idade se torna sabedoria.
In, As Deusas e a Mulher Madura
Jean Shinoda Bolen
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