Que planturosas são as mulheres na praia,
visões impressionistas, ao vivo, e em cores tão delicadas,
tão sábias no lento movimento
dos seus dedos,
no maternal prazer estendido sobre a toalha
de sombras.
Todo o sumo dos lábios profundamente oculto
dos olhares
traz a quem julga ver imagens
frágeis, descartáveis
a solidez duma prática de vida entrançada
em sonhos que resistem.
São elas que persistem,
com essa cal secreta e a minúcia do amor,
em inventar crianças verosímeis,
anjos tecidos na espuma,
e assim vencem o sol, o masculino ardor
no declinar da tarde,
embevecidas.
Armando Silva Carvalho
in, O Amante Japonês
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