domingo, 29 de agosto de 2021
Extraordinary Life - Burgs Mt. Wolf
Um poema
Poeta afegã, Nadia Anjuman
Proibidos que estavam pelos talibãs quaisquer estudos superiores para as mulheres, Nadia e as suas amigas inscreveram-se num curso de costura, esse sim considerado próprio para mulheres.
Mas este pretenso curso de costura (com o nome pomposo de "Agulha Dourada") era na realidade a cobertura para um curso clandestino de literatura, que três vezes por semana era ministrado pelos professores da universidade de Herat.
As jovens levavam os seus irmãos mais novos, que ficavam a brincar fora, prontos para dar o alerta se alguém se aproximasse - nesse caso, escondiam-se os livros e mostravam-se agulhas e linhas.
"Amigos dizem que a sua família ficou furiosa, acreditando que a publicação de poesia de uma mulher sobre o amor e a beleza a envergonharam. Seus poemas, escritos na língua dari, um dialeto do farsi, eram perigosos, simplesmente porque uma mulher decidira falar o que pensava. Quando os Talibãs estavam no poder, as meninas não apenas se limitaram a estudar o Alcorão (Alcorão), mas também lhes foi negado o direito de rir em voz alta ou de usar sapatos que fizessem barulho. Mas quando os Talibãs foram expulsos do poder, Nadia Anjuman e outras mulheres ainda não estavam livres."
Durante cinco anos, Nadia continuou a estudar a poesia persa e começou a escrever os seus próprios poemas, orientada por aqueles professores, que corriam risco de morte com as suas lições. É assim que as palavras da poesia e as tarefas do conhecimento perduram, no meio da barbárie e do horror. Com a coragem de um grupo de professores e alunas lendo às escondidas os poemas clássicos de Hafiz e os modernos de Forough Farrokhzad, o melhor do que é humano conseguia sobreviver ao terror.
Em 2001, com a queda do regime talibã, Nadia, com 21 anos, foi autorizada a inscrever-se oficialmente na universidade e terminou o curso logo um ano depois, com toda a formação que adquirira na clandestinidade.
Casou-se com um colega de faculdade, Farid Ahmad Majid Neia, e teve um filho, que tinha 6 meses quando nadia morreu.
O marido, licenciado em Literatura, professor de filologia e administrador do corpo docente da Universidade Herat, assim como a mãe de Farid, acreditavam que, por ela ser uma mulher, a escrita de Anjuman era inconveniente e prejudicial para a sua reputação. Não obstante, Nadia, contrariando a pressão familiar, continuava a escrever e a publicar poesia, pois as palavras continuavam a levá-la longe e ela não as podia trair.
Anjuman publicou o seu primeiro volume de poesia em 2005, intitulado Gule Dudi , ou "Dark Flower".Foi publicado depois da sua morte um segundo volume de poesia em 2006, intitulado Yek sàbad délhore ( “Uma abundância de preocupação” ), que incluía poemas expressando o seu isolamento e tristeza no seu casamento.
O seu segundo livro é uma poesia de um desespero manso, de uma desilusão que não grita para não estilhaçar as possibilidades de beleza que o mundo recusa, mas que nos interpela com mais força, pela violência do silêncio.
De acordo com o testemunho do marido, em 4 de novembro de 2005, o casal teve uma discussão violenta, por ele se recusar a deixar Nadia sair para visitar amigos e família, uma prática comum durante o Eid al-Fitr (o último dia do mês sagrado do Ramadão). Depois de sofrer violentas agressões, Nadia teria ingerido veneno, de sua livre vontade, segundo o marido agressor. Não acreditando nesta versão, as autoridades prenderam o marido e a sogra de Nadia e acusaram-nos de homicídio. Foram posteriormente condenados no tribunal de primeira instância.
“Uma das razões pelas quais suspeitamos do marido é que ele só a levou ao hospital quatro horas depois de espancá-la, e nessa altura já estava morta”, disse Maria Bashir, a promotora municipal de Herat.
A continuação do processo judicial veio a culminar, porém, numa sentença favorável ao marido: um tribunal superior considerou provado o suicídio de Nadia ( Neia e sua família proibiram os médicos de realizar uma autópsia, de modo que nenhuma evidência definitiva da verdadeira causa da morte foi encontrada.) e mandou libertar o marido agressor, que pôde assim continuar a trabalhar na Universidade e a educar o filho de seis meses nos bons preceitos morais da sua família, até aos dias de hoje.
A brutalidade sofrida pela poeta Nadia Anjuman (Afeganistão, 1980-2005) é um alerta, ao mesmo tempo que a prova de que estamos bem distantes do equilíbrio. Sua breve vida foi marcada por insurgências silenciosas, pelo secreto exercício de resistência, no meio da fúria fundamentalista do regime talibã. Contudo, seus cuidados estratégicos foram insuficientes, embora tenham deixado o registo de poemas marcados por uma forte sensibilidade, onde até mesmo a forçada leitura do Alcorão a seus olhos ocultavam algumas pedras valiosas. A sua percepção do mundo, como um milagre, sempre esteve além de toda violência sofrida.
Ao ler os poemas de Nadia ficamos a saber que até mesmo a violência pode gerar doçura.
Para Nadia Anjuman, pode ter havido um destino pior do que a morte:
Fui descartada em todos os lugares, o sussurro poético em minha alma morreu.Não busque o significado da alegria em mim, toda a alegria em meu coração morreu.Se procuras estrelas nos meus olhos, é um conto que não existe.—Nadia Anjuman
"Esta é uma perda trágica para o Afeganistão ... A violência contra as mulheres continua dramática no Afeganistão - em sua intensidade e abrangência ... A violência doméstica é uma preocupação. Este caso ilustra a gravidade desse problema e como se manifesta. As mulheres enfrentam desafios excepcionais."
Nesse caso, ele poderia ter dito: "Mulheres excepcionais enfrentam desafios excepcionais". Pois ela não era uma heroína além de poetisa? Durante os anos em que os Talibãns estiveram no poder no Afeganistão, anos em que as mulheres não só foram proibidas de trabalhar e estudar, mas de rir alto, uma das poucas coisas que as mulheres podiam fazer era costurar. E então Anjuman e outras escritoras dos "Círculos de Costura de Herat" reuniam-se três vezes por semana na "Golden Needle Sewing School". Lá, em vez de costurar vestidos, eles estudaram escritores proibidos como Shakespeare, Joyce, Nabokov, Tolstoi, Dickens, Balzac e Dostoiévski. Ao fazer isso, arriscavam-se a ser executados: pois, sob o regime Talibãn, era um crime capital ensinar até mesmo a própria filha a ler. Como foram aqueles anos para mulheres alfabetizadas e mulheres que sonhavam com a alfabetização? De acordo com Leyla, membro dos Círculos de Costura de Herat, "A vida das mulheres sob o regime Talibã não passavam de vacas em galpões".
sábado, 28 de agosto de 2021
queria poder sufocar-me
You can't be authentic if you are not free
Most religions put a premium on obedience and conformity.And most of them frown on any deviation from the established rules and doctrines.If you have read the Old Testament carefully, you will find that absolute obedience is presented as the primary virtue that pleases God.But if one's spirituality consists only of piety and obedience, then there is no room for mindfulness, which is the essence of spiritual life.Real Zen people are wild, not pious or tamed.You can't be authentic if you are not free.Ken Leong
terça-feira, 24 de agosto de 2021
Your Emocional Freedom
O sofrimento resulta da incapacidade de aceitar a vida tal como ela é. Não são tanto os eventos mas sim a nossa resistência aos mesmos que nos fazem sofrer.
-Mas como consigo eu aceitar a perda, a mudança inesperada, a doença, a traição, o abandono, a violência que me rodeia?
-Porque te focas na perda e não no ganho. Porque insistes no velho e não te abres para o novo. Porque te afogas na dor e deixas escapar a lição. Porque chamas de inferno ao que na verdade é oportunidade. Porque insistes em ser vítima quando na verdade és Herói. Porque a culpa sempre foi mais confortável do que a responsabilidade pessoal. Porque em vez de reagires violentamente, precisas aprender a responder amorosamente.
Como ninguém te ensinou que a vida é inteligente e sagrada, é natural que leves algum tempo a aprender a fluir e a ver a magia em tudo e em todos que nos rodeiam.
Vera Luz
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
TESTAMENTO
Fear is the virus
This is the spiritual warrior YOU are called to be in service to the Divine in whatever way HE manifests through you in alignment with the unique gifts you have to offer to the world [and still may discover] and soul lessons to learn along the way.
You are needed during this Time of Transition. No one said this was going to be easy but you were made for these times. Make peace with death for this is the only way to conquer any fear; accept the mission and rejoice.
It is impossible to truly love life as long as one fears death. This can be constantly corroborated when observing human reactions. The more a person lives with gusto and joy, the less he or she fears death. The more people shrink in fear from death, the more they cling to life, not because they enjoy life or because they are dynamically related to it, but in order to avoid death. Such people really do not live at all. Every aspect of living follows this principle. If you desire health in a spirit of fearing sickness, you prevent health. If you fear the aging process, you prevent eternal youth. If you fear poverty, you prevent abundance. If you fear loneliness, you prevent real companionship. If you fear companionship, you prevent self-containment. So it goes on and on…– Eva Pierrakos
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Enlightenment At Home
Many spiritual seekers feel called to far-flung places across the globe in the interest of pursuing the path of their enlightenment. This may indeed be the right course of action for certain people, but it is by no means necessary to attaining an enlightened consciousness. Enlightenment can take root anywhere on earth, as long as the seeker is an open and ready vessel for higher consciousness. All we need is a powerful intention, and a willingness to do the work necessary to moving forward on our path.
In terms of spiritual practice, at this moment, there are more tools available to more people than at any other time in history. We have access to so much wisdom through the vehicles of books, magazines, the Internet, television, and film. In addition, the time-honored practice of meditation is free, and sitting quietly everyday, listening to the universe, is a great way to start the journey within. There is further inspiration in the fact that the greatest teachers we have are our own life experiences, and they come to us every day with new lessons and new opportunities to learn. If we look at the people around us, we may realize that we have a spiritual community already intact, and if we don't, we can find one, if not in our own neighborhood, then on-line.
Meanwhile, if we feel called to travel in search of teachers and experiences, then by all means, we should. But if we can't go to India, or Burma, or Indonesia, or if we don't have the desire, this is not an obstacle in terms of our spiritual development. In fact, we may simply be aware that our time and energy is best spent in our own homes, with our meditation practice and all the complications and joys of our own lives.
We can confidently stay in one place, knowing that everything that we need to attain enlightenment is always available right where we are.
MADISYN TAYLOR
terça-feira, 17 de agosto de 2021
Tens sangue, tens fôlego.
Os Tempos de Ser Deus
Mas os tempos virão, os tempos de ser Deus; virão talvez por linhas tortas, como é costume; virão pela colaboração de todos, mesmo dos que são contra, porque é o mundo máquina muito bem montada em que todas as rodinhas trabalham em conjunto e nenhuma, mesmo que o pretenda, foge a seu eixo e à sua função; um dia os homens, quando forem deuses, ou, pelo menos, mais deuses do que são hoje, entenderão isto e deixarão de escrever História que absolva ou condene: descreverão apenas, explicarão e justificarão; como nenhum relojoeiro é a favor do escape contra a corda: tudo é peça do relógio, e indispensável como peça. Pois serão deuses: sem uma política que os force a ser manhosos como escravos; sem religiões que se estabeleçam sobre o medo; e sem escolas que logo de princípio, pela carteira, a cópia e o ditado, nos modelam para as facilidades do trânsito e nos abortam para o infinito de Deus.
Agostinho da Silvain, TEXTOS E ENSAIOS FILOSÓFICOS
domingo, 15 de agosto de 2021
MÚSICAS
Sensualidade
Uma pessoa sensual é líquida, fluente, fluida. A cada experiência, ela torna-se essa experiência.. Ao contemplar o pôr-do-sol, se torna o pôr-do-sol. Ao contemplar uma noite sem lua, de uma escuridão silenciosa e bela, ela se torna a escuridão.
Pela manhã, se torna a luz. Ao ouvir uma música, ela é a música; ao ouvir o barulho da água, ela se torna esse barulho. E, quando o vento passa pelo bambuzal, estalando os bambus... ela não está longe deles. Está entre eles, em cada um deles — ela é o bambu.
Ela é tudo o que a vida é. Saboreia a vida em todos os seus meandros. Isso a torna uma pessoa rica: essa é a verdadeira riqueza.
Ser sensual é estar aberto aos mistérios da vida. Seja cada vez mais sensual e deixe de lado todas as condenações. Deixe que o seu corpo se torne uma porta.
Osho
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
ENCENAÇÕES E QUASE VOOS
Tempo de Férias
Perguntar-se porque estamos aqui e para quê.Se nos sentimos capazes de abraçar ou de recuperar o sentido original do caminho.Se nos descobrimos apenas utentes e consumidores ou testemunhas credíveis e multiplicadores de um dom.Se olhamos para a vida como um parto incessante ou uma contagem decrescente para o crepúsculo.
É fácil não se dar conta daquilo que a esquadria utilitária dos nossos dias deixa de fora.As verdadeiras viagens transformam o nosso olhar.
terça-feira, 10 de agosto de 2021
E então nós, covardes
Um anjo atirou-se do céu e morreu
a notícia abriu ontem os telejornais :' um anjo atirou-se do céu e morreu, estão ainda por esclarecer os motivos '
- porquê estatelar-se no meio de uma praia mortal, se ao seu dispor tinha as extensões imortais do azul?
- por que razão escolher um destino perene e humano, se ao seu alcance estavam os cumes do céu, as benesses de deus, os esplendores perpétuos da luz?
com jeito, endireito-lhe as asas, sacudo-lhe a areia do manto, pego-lhe ao colo e levo-o para casa.afinal, foi do meu coração, e não dos abismos do céu, foi do meu coração que se atirou ontem à noite, quandofora de mimlhe disse que tinha deixado de acreditar em anjos da guarda.
a seguir, perguntei-lheporquê?porque queria sentir, como tu sentes, a humanidade a escorregar-me dos dedos e perceber o porquê das paisagens e das metáforas que criadisse ele.
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
Tudo se foi
ATÉ A RAPA
Olhe para um lugar onde tenha muita gente: uma praia num domingo de 40 graus, uma estação de metro, a rua principal do centro da cidade. Pois metade deste povaréu sofre de dor-de-cotovelo.
Alguns trazem dores recentes, outros trazem uma dor de estimação, mas o certo é que grande parte desses rostos anónimos têm um amor mal resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação.
Por que isso acontece?
Eu tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, menos teórica no assunto.
Acho que as pessoas não gastam seu amor. Isso mesmo. Os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim.
Você sabe, o amor acaba.
É mentira dizer que não.
Uns acabam cedo, outros levam 10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais. Mas um dia acaba e se transforma em outra coisa: amizade, parceria, parentesco, e essa transição não é dolorida se o amor foi devorado até a rapa.
Dor-de-cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote.
O amor tem que ser vivenciado. Platonismo funciona em novela, mas na vida real demanda muita energia, sem falar do tempo que ninguém tem para esperar. E tem que ser vivido em sua totalidade. É preciso passar por todas as etapas: atração-paixão-amor-convivência-amizade-tédio-fim.
Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estar aberto para novos amores.
Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez.
Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para ser feliz de novo.
Martha Medeiros
domingo, 1 de agosto de 2021
CONSTELAÇÕES
Sebastien Del Grosso