sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Amor Livre








Existem relacionamentos que tiram o melhor de nós, que nos ensinam o que é um encontro de almas, que nos ensinam a amar mais e melhor, que nos trazem grandes conquistas, grandes momentos de felicidade a dois.
Mas, mesmo sem sabermos, e muito satisfeitos com o que já se tem, não se conhece o amor puro e genuíno.

Vive-se então, um amor vestido com roupas sociais, amarras, tabus, géneros, preconceitos, sexo, medidas, imposições, obrigações, expectativas, que o impede de ser puro, cru, ser só o amor na sua essência.


Até que chega o dia em que, através da bioenergética, me vejo a refletir sobre o Amor Livre.
As pessoas confundem sempre Amor Aberto, com Amor Livre!
Confundem Libertinagem com Liberdade!
A Liberdade exige sempre Responsabilidade, coisa que na generalidade ninguém sabe lidar.

O Amor Livre é a clareza de que esse sentimento genuíno não deveria existir somente como opositor ao amor romântico, mas sim como algo infinitamente maior. 
Além disso, a certeza de que todos nós viemos a este mundo com o coração cheio desse amor puro; ele sempre foi meu, era só uma questão de sacudir o pó acumulado durante a vida e redescobrir esse tesouro.  É uma caminhada a dois, que se faz de mãos dadas, rumo à liberdade que nos foi negada pela crueldade dos tabus sociais e do Sistema em que vivemos.

Não foi, e ainda não é 100% fácil de me despir de algo em que acreditei a minha vida inteira, mesmo que por falta de opção. Mas, o Velho já não me serve mais, e ainda estou a aprender a viver com o Novo.
Mas, é a forma mais verdadeira de viver para mim neste momento.
A mais intensa, mais profunda, mais real e mais necessária.

O mais difícil no início foi, entender toda a imensidão do desapego, descobrir que ele anda de mãos dadas com a confiança no amor que se constrói diariamente; entender que a felicidade do outro não mora única e exclusivamente em mim e na relação que se tem, e nem a minha felicidade reside exclusivamente na relação que tenho com o outro!

Foi um balde de água fria deixar o Velho EU ir embora, permitir-me ir também sem me deixar vencer pelo medo de ninguém voltar. Foi dolorosamente libertador entender que, se eu realmente amo alguém, respeito a liberdade dessa Alma, e amo tudo o que o faz feliz, mesmo que não seja ou não venha de mim. Mesmo que não seja ao meu lado. 

O Amor dura o tempo que tem de durar!
Mas o tempo que durar, que seja intenso, verdadeiro e leal.

E tudo fica mais claro, quando tiro o meu umbigo do centro do mundo.
Libertar o outro só é genuíno, quando eu me permito essa liberdade também.
A liberdade de partir e voltar, ou de nunca mais regressar.

Mas só funciona quando é positivo para ambas as partes.
Se não estiverem os dois na mesma onda de vibração, pode ser uma experiência bem dolorosa.
E quando isso acontece, damos por nós de novo num relacionamento fechado, com ciúmes, controlo, apego, a fidelidade prometida e não cumprida, o medo, a insegurança, o contrato do casamento, a possessão...


Tudo isto esconde a pureza do amor.
Acredita-se que é Amor mas, com o passar dos anos, ao olhar para trás, vemos que afinal não foi.

A única forma de aprendermos a viver um Amor Livre, é a dois.
Temos de ter um Espelho, para reflectir a nossa essência.

Senão, a ideia que fazemos de nós próprias não passa de uma mera ilusão.

No entanto, para isso acontecer, temos de estar preparadas.
Não vamos conseguir amar de uma forma livre, se não nos amarmos a nós próprias de uma forma livre.
A mudança tem de ser primeiro interior, e só depois mudaremos de vibração e começamos a atrair outro tipo de homens, que estejam na mesma onda vibratória que nós.
É um processo demorado, não acontece de um dia para o outro.

E quando se vive a dois, continuam a acontecer alguns tropeções, insatisfações, dúvidas...mas, é uma caminhada a dois, que se faz passo a passo, diariamente.
A evoluir e a crescer juntos, a conectarmos-nos como almas que somos e, a conectarmos-nos com o Cosmos, com a Fonte.
Estamos tão próximos, que nos vemos por dentro, mas sempre a sentir a respiração individual de cada um e, a criar espaço para a individualidade de cada um.

Respeitamos mais os nossos desejos, e os do outro, sem nenhum receio de mágoas ou proibições.
Vivemos e entregamos-nos por inteiro, sempre certos de que assim será pelo tempo infinito que durar, e que será sempre puro, intenso e verdadeiro.
Oferecemos um ao outro, bilhetes de avião para uma pessoa, para destinos desconhecidos, sempre com a certeza de que voltaremos mais fortes, mais seguros e mais firmes.

Passaremos a ser completos, um com o outro.
Em que um vem complementar o outro.
Sem sermos apenas um apêndice.
Sem sermos uma metade, à procura da sua outra metade.

A liberdade é a maior prova de amor que qualquer relação pode ter.
A consciência do amor genuíno, é indescritivelmente libertadora.
Permitir o questionamento é caminhar rumo à transformação, principalmente quando é possível fazê-lo sem o peso do julgamento precipitado.

Atenção que, não falo de Relação Aberta, mas sim de Relação Livre!
Livre de ir embora quando bem entender, livre de fazer as suas próprias escolhas, LIVRE DE SER QUEM É, sem precisar de condescender nem de se anular.
É ser Livre, e não Libertino!

Não é apenas Desejo, Atração Física, Química e Prazer.
É tudo isso mas, num mergulho profundo a dois.

Uma pessoa que é controlada pelas suas hormonas, sem autodomínio, não é livre; 
Usa os outros como um calmante para as suas “necessidades” e dependências sexuais.
Usa os outros como uma droga. 
Fica-se cego, desconectado, escravizado, dependente e vazio, já a pensar na próxima dose. 


O AMOR LIVRE, LIBERTA!


Que possamos respeitar mais 
a Liberdade de Ser.
Ninguém é amor pela metade, e 
ninguém é verdadeiramente livre 
sozinho!



O AMOR LIVRE,
É LIVRE, 
ATÉ PARA SER 
MONOGÂMICO.    







AMOR LIVRE

Que seja livre o nosso amor,
Que nos liberte para voar,
Que seja ausente de qualquer dor,
Que não necessite de amarras para amar.

Que sermos quem somos, seja divino,
Longe de qualquer julgo ou condenação,
Que o amor seja livre indo e vindo,
Que não nos condene a nenhuma prisão.

Que você vá e venha quando quiser,
Fazendo de mim o teu perfeito cais,
Que sejas meu homem e eu tua mulher
Sem nos sentirmos em cárcere, jamais.

Que estejamos juntos ainda que separados,
Que tua ausência não signifique tormento,
Pois quando se ama, se está lado a lado,
Ainda que a saudade se torne um lamento.

Busquemos do amor sua intenção pura e simples,
Entendendo que com ele vem a liberdade,
Pois quem aprisiona e ama com posse,
Ainda não sabe na vida o que é amar de verdade.


Gil Façanha






    

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