segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Cantando sobre os ossos




Ao ler a introdução de 'Mulheres que correm com lobos' da psicóloga junguiana e contadora de histórias Clarissa Pinkola Estés que nos apresenta neste livro, resultado de 20 anos de pesquisa sobre a psique feminina, e do arquétipo da mulher selvagem que busca o conhecimento da alma no seu mais puro estado que lemos nos contos de fadas e nos mitos, penso no lugar que escolhemos ocupar dentro da nossa pobre cultura ocidental que nos consome e é consumida por nós.
Onde estará a nossa Mulher Selvagem, intuitiva, protectora, valente...? 
É óbvio que a autora não agradará a gregos e romanos, mas parece-me interessante o que ela diz, mesmo que controverso para alguns.

É dessa Mulher Selvagem que Clarissa nos fala:

"A natureza selvagem não exige que a mulher tenha uma cor determinada, uma instrução determinada, estilo de vida ou classe econômica determinados. Na realidade, ela não consegue vicejar na atmosfera imposta do 'politicamente correto', ou quando é forçada a se amoldar a velhos paradigmas obsoletos. Ela viceja em visões novas e integridade individual. Ela viceja com sua própria natureza.
(...)
Ela se desenvolve com um olhar puro e uma honradez pessoal.
Se desenvolve com a sua própria maneira de ser.

Sendo assim, quer sejas introvertida ou extrovertida, uma mulher que ama a mulher, uma mulher que ama o homem, ou uma mulher que ama a Deus, ou as três coisas ao mesmo tempo, quer tenhas um coração sensível ou sejas ambiciosa como uma Amazona, quer queiras chegar lá bem a cima ou se te basta viver o dia-a-dia, quer sejas alegre ou se és de temperamento melancólico, quer sejas esplêndida ou se és desconsiderada, a MULHER SELVAGEM Pertence-te!
(...)
A Mulher Selvagem pertence a todas as Mulheres!
Para encontrar a Mulher Selvagem é necessário que as mulheres se voltem para suas vidas instintivas, sua sabedoria mais profunda. Portanto, vamos nos apressar agora e trazer nossas lembranças de volta ao espírito da Mulher Selvagem.
Vamos cantar sua carne de volta aos nossos ossos.
Despir quaisquer mantos falsos que tenhamos recebido.
Assumir o manto verdadeiro do poder do conhecimento e do instinto.
Invadir os terrenos psíquicos que nos pertenceram um dia.
Desfraldar as faixas, preparar a cura.
Voltemos agora, mulheres selvagens, a uivar, rir e cantar para Aquela que nos ama tanto.
Para nós, a questão é simples: sem nós, a Mulher Selvagem morre; sem a Mulher Selvagem, nós morremos."

'Mulheres que correm com lobos'
Clarissa Pinkola Estés


A nossa natureza de mulheres não exige nada!
Somos!
Simplesmente somos!
Não existem títulos, nem nomes...
Só energias integradas no SER, que nos levam ao Nada e ao Todo.


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