domingo, 1 de julho de 2012
Cansado
Estou cansado, muito cansado.
Cansado de gente estúpida, ignorante, prepotente, que pensa que o mundo gira ao redor do seu próprio umbigo.
Cansado de gente vazia que não sabe o que diz, o que faz, de onde vem e pra onde vai (se é que vai). Cansado de gente falsa, de gente grossa, de grosserias, de gente hipócrita, que trata todo mundo como se fossem seus amigos – e são todos inimigos dentro de uma mesma trincheira.
Cansado de gente que sorri o dia todo e, durante a noite, dorme, deixando toda merda que fez pra que seja limpa pelos que tem insônia e passam madrugadas de angústia e depressão.
Cansado de gente que se diverte ás custas dos outros, que esquece os outros, que come pelos outros, que bebe pelos outros, que rouba o sonho dos outros, que não diz obrigado, que não dá licença, que não permite, que invade, que atrapalha. Gente que ofende, que humilha, que não sabe discordar sem acordar a fúria que dorme disfarçada de cobra venenosa que rasteja pronta para o bote.
Cansado de ver toda essa gente que caminha parada no mesmo lugar e ocupa espaço, mas não preenche nada e não anda, mas acha que manda e faz e desfaz o que bem quer sem saber o que significa o bem querer.
Cansado de gente que só sabe e conhece um único verbo e só faz uso dele em um único tempo, o presente, e passa o tempo todo do mundo "colhendo", "colhendo" e "colhendo", e desconhece toda e qualquer arte de semear, plantar, cuidar, respeitar e preservar a espécie.
Estou cansado dessa espécie que infelizmente não entra em extinção, ao contrário, prolifera a cada dia.
Estou cansado e cansado e cansado de gente fraca que não tem opinião e que muda de opinião sem ao menos ter opinião.
Cansado de gente que pensa, que pelo fato de "ler" 3 mil livros da estante armada no canto da sala para visita ver sabe mais da vida do que aquele que leva o lixo da calçada a cada novo dia e, a cada nova noite, chega em casa com as mãos, os pés e o coração estraçalhados de sentir na própria pele e na própria alma a dor e sofrimento de não fazer parte dessa gente que eu digo que estou cansado.
Cansado dessa gente que pensa que é melhor do que os outros porque desfilam seus brilhantes fajutos e sua Louis Vuiton falsificadas compradas nos shoppinzinhos baratos da Rua Augusta com a cara toda rebocada de maquilhagem da Elke Maravilha. Bem disse Cazuza um dia: Vamos pedir piedade, Senhor Piedade pra essa gente careta e covarde! Ou ainda. como ele mesmo escreveu: Não adianta desperdiçar sofrimento por quem não merece, é como escrever poemas no papel higiênico e limpar o cu com os sentimentos mais nobres.
Não sei nem porque me dou o trabalho de escrever sobre pessoas tão pequenas e que mesmo sendo tão menores do que eu, me incomodam tanto...
Eu quero acordar mais cedo, quero ver o sol, sentir calor, beijar meus amigos e meus irmãos (consanguineos ou não), dizer bom-dia e, ao som da mais bela canção, embalar meu sonho de criança de jamais estar cansado de gente como eu...
Texto de Marcio Rodrigues Marques e Everton Cunha
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