quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mosteiros



"Existe uma história zen:
havia dois mosteiros vizinhos, lado a lado.
Ambos os mestres serviam-se de alguns meninos pequenos para resolver pequenos assuntos.
Os meninos iam ao mercado buscar coisas para seus mestres, às vezes legumes, às vezes outras coisas. Os mosteiros eram antagónicos entre si, mas as vezes os meninos agiam apenas como meninos: eles esqueciam das doutrinas e se encontravam no caminho, conversavam e divertiam-se. Isto era proibido: eles não deveriam conversar, porque o outro mosteiro era o inimigo.

Um dia, o menino que pertencia ao primeiro mosteiro veio e disse:
"Eu estou confuso. Quando ia para o mercado, eu vi o menino de outro mosteiro e perguntei:
"Aonde você vai?", e ele respondeu:
"Para onde quer que o vento sopre"; e eu fiquei perdido, sem saber o que dizer.
Ele criou um quebra-cabeça para mim".

O mestre disse: "Isso não é bom.
Ninguém do nosso mosteiro jamais foi derrotado por alguém do outro mosteiro, nem mesmo um criado.
Você tem que pegar aquele menino. Amanhã pergunte novamente:
"Aonde você vai?, e ele responderá: "Para aonde quer que o vento
sopre"
Então você diz: "E se não houver nenhum vento, então ...?".

O menino não conseguiu dormir a noite inteira. Tentou e tentou conceber o que aconteceria no dia seguinte; ele ensaiou muitas vezes.
Ele perguntaria e o outro menino responderia, e ele daria a sua nova resposta.

No dia seguinte, ele esperou no caminho. O menino do mosteiro vizinho
chegou, e ele perguntou-lhe: "Aonde você vai?"

O menino respondeu: "Para onde quer que os meus pés me levem".

E lá estava ele perdido sobre o que fazer.
A resposta era categórica, e a realidade era imprevisível. Ele voltou muito tristee disse ao mestre:
"Aquele menino não é confiável. Ele mudou e eu fiquei perdido sobre o que fazer".

Então o mestre disse:
"Amanhã, quando ele disser: "Aonde quer que os meus pés me levem", você diz:
"E se você for aleijado e não tiver pernas, então ...?".

Novamente ele não conseguiu dormir.
No dia seguinte, foi esperá-lo bem cedo na estrada, e quando menino chegou, ele perguntou:
"Aonde você vai?".
E o menino respondeu: "Vou buscar legumes no mercado".

Ele voltou muito transtornado e disse ao mestre:
"Aquele menino é impossível: ele continua mudando".

A vida é aquele menino. Continua mudando. A realidade não é um fenómeno fixo.
Você tem que estar presente, espontaneamente para ela, só então a resposta será real. Se sua resposta é definida previamente, então você já está morto, você já perdeu. O amanhã virá, mas você não estará lá; você estará preso dentro do ontem, aquilo que é o passado.

Lembre-se, a vida é sempre incerta.
Tudo o que é morto é certo, a vida é sempre incerta. Tudo que é morto é sólido, rígido; sua natureza não pode ser mudada.
Tudo que é vivo está mudando, movendo-se; é um fluxo, uma coisa líquida, flexível; pode voltar-se para qualquer direcção. Quanto mais você adquire certezas, mais você perderá vida. E esses que sabem, sabem que a vida é Deus. Se você perder vida, você perde a Deus".

Raízes e Asas -Osho fala sobre o Zen

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