quarta-feira, 23 de março de 2011
O CASAMENTO COMO UM ACAMPAMENTO DE APOIO DE MONTANHISMO
Se se quer fazer montanhismo, tem que se ter um bom acampamento de apoio, um lugar onde haja abrigo e provisões, onde se recebem cuidados e se descansa antes de se aventurar a subir a outro pico. Os montanhistas de sucesso sabem que têm que passar tanto tempo, ou mais, a tratar do acampamento como a subir às montanhas, porque a sua sobrevivência depende do cuidado que têm em assegurar que o acampamento é bem montado e bem aprovisionado.
Um problema comum e tradicionalmente Masculino é o criado pelo marido que, depois de estar casado, dedica todo o tempo a subir às montanhas e nenhum a tratar do casamento, ou acampamento de apoio, esperando que ele esteja em perfeita ordem sempre que decidir voltar para ele, para o seu descanso e lazer, sem assumir nenhuma responsabilidade pela sua conservação. Mais cedo ou mais tarde, esta abordagem falha e ele regressa ao acampamento para o encontrar num caos, tendo a sua mulher, a quem deu tão pouca atenção, sido hospitalizada com um esgotamento nervoso, ou fugido com outro homem, ou renunciado de qualquer outra forma ao lugar de supervisora do acampamento.
Outro problema igualmente vulgar e tradicionalmente Feminino é criado pela mulher que, assim que se casa, acha que atingiu o seu objectivo de vida. Para ela, o acampamento de apoio é o pico. Não entende e não aceita a necessidade de o marido se realizar e ter outras experiências para além do casamento e reage com ciúme e exigências infindas para que ele dedique cada vez mais energia à casa. Esta abordagem cria uma relação sufocante e estagnadora em que o marido, sentindo-se preso e limitado, pode bem fugir numa altura de “crise de meia idade”.
O movimento de libertação da mulher tem sido útil em mostrar o Caminho que é obviamente a solução ideal: O Casamento como uma instituição realmente cooperante, que exige grandes contribuições e cuidados mútuos, tempo e energia, mas que existe principalmente com o objectivo de apoiar cada um dos participantes na sua jornada individual em direcção ao seu pico individual de desenvolvimento espiritual. Tanto o homem como a mulher têm que cuidar do lar e ambos têm de se aventurar. Essa jornada solitária até aos picos onde só se pode ir sozinho. E essas jornadas significativas não podem ser empreendidas sem o apoio de um bom casamento, com amor genuíno, em que os “sacrifícios” pelo desenvolvimento do outro resultam num desenvolvimento igual ou superior de si próprio. É o regresso do indivíduo ao casamento, vindo dos picos para onde viajou sozinho, que serve para elevar esse casamento a novas alturas. Mas o cume do desenvolvimento é sempre e inevitavelmente solitário.
in, O Caminho Menos Percorrido
M. Scott Peck
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