Macroworlds por Pixabay
Todas as pessoas têm necessidade
de pertencer a um grupo:
amigos, família, trabalho,
amar os outros e ser amados,
o que conhecemos como
necessidade de pertencimento.
Pertencer é uma forma de garantirmos
segurança, proteção, aceitação, amor,
principalmente quando
nos adaptamos e aceitamos
as regras e a hierarquia do grupo.
Pertencer não é só um estado natural onde vivemos logo desde a infância.
Pertencer remonta aos tempos tribais, às vidas em que vivemos em tribo e onde estar fora ou ser excluído era estar desprotegido, à mercê de perigos e elementos, ou seja, era quase uma sentença de morte.
Bert Hellinger, no seu trabalho, reforçou mesmo a Lei do Pertencimento como uma das três leis essenciais no processo de cura do indivíduo, tanto na relação de cura com os ancestrais e família, como para a sua necessidade de seguir o seu rumo leve e livre.
Por exemplo,
quem tem muitas dependências e uma exagerada relação com o grupo da família, acaba por imitar e adoptar um estilo de vida, forma de pensar e viver, que em tudo reflete a necessidade de pertencer e ser aceite pela família, mesmo que crie problemas a nível profissional, pessoal ou relacional.
Ou seja, o critério para as escolhas pessoais vai estar sempre condicionado pelas expectativas dos outros, suas ideias, crenças, religião, moral, comportamentos do grupo pois arriscar ser diferente vai por em risco também a necessidade de pertencer.
O mesmo pode acontecer dentro do grupo de uma empresa quando o grande objetivo de vida é o sucesso profissional, levando-nos a imitar e adoptar os estilos de vida, roupa, comunicação, hábitos, vícios, etc do patrão e dos colegas em busca da pertença e aceitação.
O mesmo sentimos quase todos na desafiante adolescência quando pertencer ao grupo de amigos é mais importante do que a própria família ou até o próprio futuro profissional.
Mas o que acontece
quando a vida nos lembra que não estamos cá para nos escondermos em grupo nenhum?
- Que é bom sentir a pertença no grupo mas, não cresceremos se não aprendermos a caminhar sozinhos?
- Como lidar com as emoções da rejeição, do julgamento, da solidão e abandono quando a vida nos tenta separar do grupo e lembrar que temos um caminho pessoal a cumprir?
- Ou, o que fazer quando não nos identificamos com grupo nenhum, incluindo o grupo da própria família?
A resposta leva-nos à metáfora da Ovelha Branca e da sua vida no rebanho onde pertence, é protegida, é aceite, é acolhida mas paga o preço da sua liberdade, da consciência de si mesma e de percorrer o seu próprio caminho. Um dia ela sente que esse preço é alto demais, que não aguenta mais viver sem sentido, que não quer mais seguir o rebanho, que tem uma imensa vontade de seguir o seu caminho e aceitar nascer como Ovelha Negra.No entanto, também a Ovelha Negra viverá a sua dualidade: vai perder a segurança, a pertença, a proteção, mas ganhará a liberdade, a consciência da sua essência, viver a vida com propósito.
Claro que não há a viagem ou escolha certa ou errada.
Todos temos dentro de nós a vontade de segurança da Ovelha Branca e, o anseio pela liberdade da Ovelha Negra.
A questão pertinente está na consciência com que vivemos e, na flexibilidade com que nos ajustamos a cada momento:
se o momento nos convida à integração com o grupo, às aprendizagens que temos com ele, ao factor “espelho” que ele nos permite quando aprendemos a nos rever no holograma que é a vida e pessoas à nossa volta ou,
se o momento convida à rotura do que se tornou tóxico, à libertação do que já não devolve Vida ou crescimento, ao desapego de quem nos serviu de muleta mas que hoje nos condiciona a caminhar sozinhos.
A ideia é permitir que ambas tenham um lugar dentro de nós.
Que sejam reconhecidas as enormes e diferentes necessidades de cada uma e, termos em nós o poder de decidir, qual das expressões se ajusta melhor a cada momento.
Joseph Murphy apresentou-nos a sua visão sobre esta viagem interna do ser humano na “Jornada do Herói”.
Não é raro observar que os grandes desajustes ou desconfortos tenham a sua origem precisamente na inconsciência desta polaridade.
Ou seja, vejo pessoas presas a outras, a viver a inconsciência total de si mesmas em prol de um qualquer rebanho, que esqueceram dentro de si a Ovelha Negra, ou seja, a sua enorme necessidade de liberdade e de criação de uma vida que lhes faça sentido.
A proposta é
recuperar e tornar saudável
esta estrutura interna,
este poder de decidir a cada momento,
esta paz e fé de saber que
tudo flui como tem que fluir,
esta aceitação de que
tanto a experiência da
integração e harmonia com o outro
como a libertação e harmonia pessoal,
fazem parte da viagem da vida.
- Deixo-te assim o convite para observares onde na tua vida tendes a ser Ovelha Branca, a cooperar, a entrar em empatia com o outro, a necessitar de aprovação e como te sentes quando o fazes e que preços pagas por fazeres isso?
- Observa também onde na tua vida tendes a ser Ovelha Negra, a precisar de espaço e liberdade, a querer fazer as coisas à tua maneira, a não considerar a opinião do outro, como te sentes e que preços pagas por fazeres isso?
Vera Luz
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